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secao 4!

Barreiras Contra Inundações Pelo Mar no Novo Canal - Holanda

 

Mariana Ohira Hashimoto

José Borelli Neto

O objetivo deste Trabalho Final de Graduação consiste em analisar a Barreira Móvel contra Tempestades de Maeslant, uma das barreiras encarregadas da proteção da região do Europort, situada no Novo Canal (também conhecido como Canal de Roterdã) dos Países Baixos e parte constituinte dos Trabalhos do Delta Holandês.

A escolha dos Países Baixos como locação para o estudo de barreiras móveis se justifica por possuírem um extenso histórico de lutas contra constantes inundações - seja pelo mar, seja pelos rios (Reno, Mosa, Waal e Ems) - devido ao fato de abrigarem grande parte de sua população e atividades sócio-econômicas concentradas no delta.

Os Países Baixos foram os pioneiros na reivindicação de terras aos pântanos através da redução do nível da água entre os diques. Não demorou para que o sistema de drenagem passasse a ser feito por moinhos, e, mais tarde, pelas estações de bombas. O fechamento de canais naturais por onde extravasava o mar e a união dos sistemas de proteção contra enchentes locais e os de drenagem permitiram que se aumentasse o número da população vivente no local. O uso intenso de estações de bombas e a contínua redução do nível dos lençóis de água resultaram na subsidência do solo em antigos locais de extração da turfa. A remoção da turfa, utilizada como combustível, e da argila, usada na construção de casas, agravava a subsidência do solo, o que requeria drenagens repetidas da região, o que, por conseguinte, gerava mais subsidência.

A partir do século 15, a subsidência do solo chegou a tais proporções que era impossível manter os campos secos. Para dispor de mais terra, medidas mais agressivas foram tomadas: os moinhos passaram a ser utilizados de forma sistemática na drenagem das terras. Com o uso generalizado dos moinhos, estes logo se tornaram indispensáveis para manter o delta a seco. Em 1800 havia cerca de 9 mil moinhos em funcionamento, permitindo que os pôlderes holandeses se multiplicassem em larga escala. Para proteger os pôlders, as barreiras deram lugar a diques, eclusas e represas.

O aumento da sedimentação dos leitos dos rios e as modificações em seu curso resultaram em uma freqüência maior de inundações pelos rios em meados do século 18. Devido às rivalidades entre as comunidades regionais, no entanto, a criação de uma medida de controle em âmbito nacional foi rejeitada.

Com a exploração antrópica das zonas costeiras, ou seja, a devastação das zonas de transição, a criação de pôlderes e a impermeabilização do solo, a resistência do ecossistema ao aumento do nível do mar é reduzida. Esses fatores, aliados à subsidência de terras e às mudanças climáticas trazidas à tona pelo aquecimento global, acabam por favorecer a aceleração da erosão pelos mares, agravando o problema das inundações.

O fato de os Países Baixos possuírem grande parte de suas terras abaixo do nível normal do mar faz com que sejam vulneráveis às mudanças climáticas, particularmente no que se refere a tempestades (storm surges) e precipitações atmosféricas extremas. O fator decisivo para que todo o sistema de proteção contra inundações fosse revisto foram as grandes inundações de 1953, quando a combinação de marés altas e de um furacão noroeste arrasou os diques do sudoeste do país. O desastre tomou cerca de 1840 vidas e inutilizou 165.000 ha de terra, o que instou as autoridades a empreenderem um projeto hidráulico de proporções titânicas. Essa proposta seria, mais tarde, conhecida como Plano Delta, uma das maiores obras mundiais de engenharia hidráulica, parte dos Trabalhos do Delta Holandês.

O Plano Delta consistia no fechamento de todas as entradas do mar, à exceção do Novo Canal (entrada do Porto de Roterdã) e do Scheldt (entrada do Porto de Antuérpia). Devido à sua importância econômica e estratégica, não poderiam ter seu fluxo interrompido por uma barreira. A solução encontrada foi a construção de barreiras móveis que pudessem ser fechadas apenas por ocasião de tempestades, ficando abertas durante o resto do tempo. As barreiras que fazem essa proteção são a Barreira contra Tempestades de Maeslant e a Barreira Contra Tempestades de Hartel, estudadas neste tomo.

A fim de facilitar a compreensão do tema, o trabalho apresentará, primeiramente, um panorama geral sobre os fatores responsáveis pela necessidade de medidas de proteção contra o mar. Desse modo, serão discorridos o aquecimento global, o aumento da população e as decorrentes atividades humanas em áreas deltaicas, causando a impermeabilização e a subsidência do solo.

Em seguida, serão abordados os tipos de gestão de risco empreendidos por diversos países, entre medidas de controle estruturais e não-estruturais para minimizar a ocorrência ou os efeitos das inundações.

Também será exposto um breve histórico dos Países Baixos e dos Trabalhos do Delta Holandês e, a seguir, alguns exemplos de costas deltaicas em outros países a fim de exemplificar os problemas que elas representam.

Posteriormente, será apresentada a área de estudo e a situação única em que ela se encontra por fornecer conexão direta ao maior porto do mundo, o de Roterdã. Então serão abordados os métodos de controle estruturais, com uma breve comparação entre barreiras fixas e móveis e os critérios a serem adotados.

Finalmente, a Barreira contra Tempestades de Maeslant será analisada quanto aos aspectos técnicos e tecnológicos, assim como paisagísticos, urbanísticos e de infra-estrutura e suas conseqüências ulteriores. Outras estruturas de controle de Roterdã serão abordadas brevemente.

 

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