A área escolhida para o projeto se localiza na região da luz, local que vem sendo cenário há alguns anos de políticas públicas de revitalização e ainda hoje se destaca como alvo de intervenções.
O local se caracteriza por ser um importante pólo cultural e educacional, pela intersecção intermodal de transporte público (trem-metrô-ônibus), assim como pela profunda segregação urbana no local, cortada pela linha de trem.
O projeto se baseia na conexão de dois lados da cidade (Bom Retiro e Santa Efigênia) separados pela linha férrea e por um desnível que varia até doze metros, através do percurso pela arquitetura do programa.
Busca-se a ligação em nível entre estes bairros, atravessando momentos do projeto, alternando espaços públicos e restritos, abertos e fechados.
Criou-se na Santa Efigênia uma "praça Bom Retiro", assim como um "acesso Santa Efigênia" no Bom Retiro. Os distintos níveis da região afloram em diversos momentos fazendo com que a percepção do local mude. Procura-se assim uma intervenção que, ao integrar-se à cidade, expõe sua geografia, proporcionando um percurso contínuo.
A compreensão e definição do lugar levaram à concepção de um pólo cultural de cinema. A escolha deste programa deve-se pela iniciativa de se tomar partido da vocação educacional e cultural do local, pela busca de um programa com forte apelo popular e gerador de renda e emprego próximo a um local focal de transporte público, além de resgatar uma parte da história cinematográfica brasileira que se protagonizou na região.
A fim de proporcionar um caráter multiuso ao local, atendendo diferentes públicos, usos e horários, buscou-se compor o programa atendendo a três diretrizes de funções: Produção, Educação e Difusão (exibição e acervo).
Como já foi dito, o projeto se baseia em 3 diretrizes: Produção, Educação e Difusão (exibição e acervo).
São programas independentes, mas que se integram, possibilitando a formação de mão de obra, produção e exibição, além de um local de acervo da memória cinematográfica.
Educação / Produção -Este núcleo, localizado na praça Júlio Prestes, compõe a “nova praça”. Este equipamento é composto no nível 734.00 por oficinas (cenografia, figurino, maquiagem) que dependem de amplos espaços e de locais para cargas e descargas.
Neste nível encontram-se também, isolados num bloco anexo, os estúdios de gravação, uma sala de controle de luz e som e uma sala de vídeo. Ao afastá-los das oficinas se organizam os acessos da praça além de melhorar o isolamento acústico.
No nível 738.00 encontram-se as salas de aula (edição, produção, áudio, roteiro, computação gráfica, criatividade / expressão, projetos, repertório e comunicação), além de uma produtora que marca o início do percurso que leva ao Bom Retiro.
Difusão / Exibição - Localiza-se na gare, devido à sua escala, o programa que atenderá ao maior público, composto por 8 salas de exibição. A intervenção se caracteriza por transformar a gare em uma continuação da cidade, dando-lhe um aspecto de rua coberta. Optou-se por manter a configuração espacial atual, livre e ampla, possibilitando exibições externas ou exposições. Os programas surgem, desta maneira nos níveis inferiores.
No nível 734.00 localiza-se o núcleo de comércio. Nele se distribuem bilheterias, cafés, bombonieres, lojas, livrarias e caixas eletrônicos que atendem tanto ao público das salas de exibição quanto aos transeuntes. Neste nível estão também os acessos às salas de cinema (738.00).
No trecho oposto a Concourse implanta-se um restaurante que cria uma interface com o trecho mais reservado do conjunto. Ele se articula com o eixo voltado a equipamentos como o Sesc e o terminal Princesa Isabel.
Difusão / Acervo -A instalação do programa de acervo, documentação, digitalização e biblioteca se dá no novo edifício que se conecta ao Bom Retiro. Este prédio marca a ligação entre o bairro e a praça Júlio Prestes e expõe o programa ao longo do trajeto.
O percurso público neste edifício se dá por cima dele no nível 742.00 e por baixo no nível 734.00, enquanto o programa em si se dá no nível 738.00.
Pela necessidade de proteção e climatização deste edifício e também como uma maneira de indicar a intervenção, optou-se por um edifício protegido por duas empenas que acompanham toda a extensão do edifício criando um jogo de luz e sombra.
O programa deste edifício busca, como uma cinemateca, a preservação e disponibilização da produção cinematográfica, além de ter no seu aspecto educacional a criação de mão de obra especializada na conservação e restauro de filmes.
Ela é composta por salas de arquivamento, laboratórios de restauro, digitalização e recuperação, administração, copa e sanitários. Uma outra parte deste edifício é o de caráter público de difusão deste acervo. Ela é composta por nichos de pesquisa, pequenas salas de exibição e por uma biblioteca que disponibiliza roteiros, cartazes, trilhas sonoras e filmes.
Área do terreno: 25.700 m²
Área do projeto: 35.000 m²
