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secao 4!

Causos Urbanos

 

Roberto Massayoshi Uechi

Vicente Gil Filho

São Paulo... Como é possível sentir-se solitário em meio a tanta gente?

A mesma cidade que fascina também é capaz de deprimir. O medo da violência, a insegurança e a própria rotina faz com que as pessoas se tornem completamente indiferentes ao próximo: as mulheres devem andar com a expressão fechada e às crianças, recomenda-se não falar com estranhos. A todos resta o caminhar apressado de quem está sempre atrasado ou o semblante exausto de um dia inteiro de trabalho.

No entanto, nas ruas e sobretudo no transporte público, ocorre um fenômeno interessante. É um momento em que não há nenhum escudo para nos protegermos e nos encontramos mais frágeis. Não existe, na realidade, nenhuma carcaça de automóvel separando as pessoas. A convivência é inevitável. O ônibus - ou metrô - é o ponto de interseção da rotina de quem queira se locomover de um ponto a outro da cidade. Lá não existe divisão de classes sociais ou econômicas. Executivos, office-boys, senhoras, secretárias, camelôs, estudantes de todo tipo, experimentam uma amostra do dia-a-dia e das dificuldades do outro, mesmo que por poucos minutos. O contato com a diversidade, com o universo que não faz parte do seu cotidiano, se traduz, na maioria das vezes, em olhares discretos, gentilezas e gestos contidos que, apesar de bastante expressivos, são muitas vezes ignorados.

Entretanto, em alguns momentos, ocorrem lapsos em que o relacionamento ultrapassa as regras da etiqueta de convivência social da grande metrópole. A frieza pode ceder espaço à conversa despreocupada, à troca de idéias ou simplesmente à observação mais atenta de um acontecimento curioso que, mesmo disfarçado de banalidade, nos leva à reflexão. Momentos muitas vezes poéticos, engraçados e às vezes trágicos, mas todos surpreendentes.

Causos Urbanos é uma tentativa de resgatar e registrar alguns desses momentos em uma seqüência de animação. Pela própria natureza da linguagem, não tem compromisso com o fisicamente possível utilizando-se do absurdo e do exagero para narrar fatos do cotidiano que, por vezes, já contém em si mesmos uma alta dose de fantástico.

Os roteiros foram baseados em minhas experiências pessoais combinadas com depoimentos de amigos ao longo do trabalho. Apesar de sofrerem algumas mudanças para melhor adaptação ao conjunto as histórias tiveram suas essências rigorosamente mantidas.

A matéria-prima disponível para uma proposta como essa é infinita. Por esse motivo, optou-se por formatar as melhores cenas de cada história em uma seqüência de 3 min 50s. O resultado desse trabalho pode ser considerado um 'trailer' diante do leque de possibilidades e caminhos a serem seguidos.

Cada história mereceu tratamentos distintos de desenho de acordo com o tema, levando em conta também a viabilidade de seu uso em quadros seqüenciais. A diversidade presente nas histórias escolhidas fez com que houvesse uma considerável expansão no repertório ilustrativo, que era, tecnicamente, um dos objetivos iniciais.

Causos Urbanos não é um trabalho fechado. Pelo contrário, ainda há um amplo horizonte a ser explorado. Trata-se de um início de conversa. É um meio de registrar essas histórias que, em alguns casos, são reflexos da dura realidade urbana e, em outros, fazem com que a cidade relembre a velha tradição de contar 'causos': Causos Urbanos.

site: http://www.betouechi.com/causosurbanos

 

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