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secao 4!

Morte e Vida dos Espaços Urbanos:

reutilização de áreas abandonadas - reurbanização do Pátio do Pari

Alex Kleberson Honório

Alexandre Delijaicov

How can architecture act in the terrain vague without becoming an aggressive instrument of power and abstract reason?
Undoubtedly, through attentive concern with continuity. Not, however, the continuity of the planned, efficient and legitimated city, but by listening attentively to the flows, the energies, the rhythms which the passing of time and the loss of limits have established.
Our culture detests the monument when the monument is the representation of public memory, of the presence of the one and the same.
Only an architecture of dualism, of the difference of discontinuity installed within the continuity of time can stand up to the anguished aggression of technological reason, of telematic univrsalism, cybernetic totalitarianism, of the egalitarian and homogenizing terror.
No intention of exemplifying the new city. No hypothesis that would signify discontinuity with the existing city. Action; production of an event in a strange territory; casual unfolding of a particular proposal which is superimposed on the already existing; repeated void on the void of the city; silent artificial landscape touching the historical time of the city yet neither canceling it nor imitating it. Flow, force, incorporation, independence of the forms, expression of the lines that cross it. Beyond the art that unveils new freedoms. From nomadism to eroticism.


Ignasi de Solà-Morales

Em seu texto Terrain Vague escrito para a XIX Conferência da UIA em Barcelona, de 1996, e publicado na revista Quaderns d?Arquitectura i Urbanisme, Ignasi de Sola-Morales faz uma reflexão sobre o papel da arquitetura nos espaços urbanos que ele denomina terrains vagues. Esse termo é emprestado do Surrealismo, fazendo uso de seu campo semântico para ilustrar conceitualmente a carga poética e o espaço psicológico desses lugares. A expressão em francês é formada pelos termos terrain, que em português tem aproximadamente o mesmo campo semântico de terreno, tanto em seu significado concreto como abstrato. Já a palavra vague tem duas raízes, uma germânica significando onda ? daí o surrealismo do termo: terreno onda ? e outra latina, vago, que se desdobra em dois significados, também aproximadamente semelhantes em português, desocupado, vazio, bem como indeterminado, indefinido.

Essa emocionante polissemia serve de imagem para um pensamento ainda mais perturbador. A idéia de que esses espaços, além de se situarem fisicamente à margem do funcionamento da cidade, significam ou pelo menos simbolizam a continuidade de um espaço de resistência às forças homogeneizantes da sociedade. Daí o interesse dos fotógrafos em apresentar esses lugares como resquícios de liberdade numa sociedade onde o controle já tomou contornos ditatoriais. Bombardeio de imagens globalizadas de apelo consumista, concentração monetária, exclusão social, câmeras de vigilância, etc.

Os terrains vagues, esses espaços esvaziados de função, de eficiência, de lucro, de identidade dão margem a um certo sentimento de promessa de caráter quase oceânico justamente pela sua falta de determinação. Sua vaguidez sugere ao espírito um sentimento saturado de potencialidade.

Essa promessa de resistência a um mundo opressivamente determinante é uma qualidade a ser preservada e sua continuidade cultivada. Como então permitir que aconteça arquitetura nesses lugares, sem determinar excessivamente e manter esse potencial de resistência e liberdade.

É com esse dilema que se desenvolveu esse trabalho. Não tranqüilamente, claro, pois a tomada de consciência desse dilema é de difícil solução, e a trajetória do projeto inicialmente partiu de uma visão já viciada pela cultura de higienização e exemplaridade do desenho arquitetônico.

Essa proposta inicial foi totalmente rejeitada em favor de uma busca por um novo caminho, pela busca de outros paradigmas para a atuação do arquiteto nesse tipo de espaço, dando lugar à indeterminação, à vaguidez, à potencial contínua refundação.

O resultado final ainda apresenta contradições, com um desenho total com grande carga autoral (autoritária, portanto, de certa forma), mas se buscou ao menos minimizar as definições, introduzndo, ao invés de programas específicos, verdadeiras plataformas de ação de uso público, precárias e efêmeras por natureza. Uma reafirmação do espaço público como campo de expressão do individuo e dos grupos sociais, e não da expressão unitária do poder centralizador, seja ele real ou mascaradamente estatal ou privado.

 

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