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secao 4!

Intervenção na mooca

refazendo a margem ferroviaria da diagonal sul

Andre Augusto Pepato

Alvaro Luis Puntoni

O local

O trabalho compreende a região da Mooca, na cidade de São Paulo. Essa região está inserida no âmbito da Operação Urbana Diagonal Sul, região que forma um eixo industrial em obsolescência, a partir do centro para o ABC.

Sua localização, devido aos eixos estruturais de transporte que o circundam, oferece boas possibilidades de acesso, tornando-o um lugar metropolitano significativo; ou seja, é apto para receber habitantes distantes numa escala ampla, inclusive regional. Isto justificaria programas de interesse geral, sendo que um deles foi implantado.

O tema e objetivos

A obsolescência do uso industrial abre uma discussão sobre as formas de ocupação desse território, cuja problemática forma os objetivos dete trabalho. A resposta a essas questões levou a um conceito de quadras e edifício-pólo, de maneira a fomentar ou induzir o desenvolvimento de todo o eixo.

O desenvolvimento do trabalho está organizado em duas escalas: uma mais conceitual, que aborda o grande terreno e define uma tipologia de quadras, e outro onde o objeto arquitetônico do pólo universitário se define ao ponto de um estudo preliminar.

A primeira escala refere-se à grande área que hoje é o Centro de Distribuição da Cia. Antárctica de Bebidas S.A., cujo uso previsto nesse trabalho e por outros é o habitacional com térreo de atividades econômicas. A segunda área, a fábrica propriamente dita, seria ocupada por um pólo aglutinador, por representar um ponto nodal em seu contexto.

A intervenção: sistema de circulação

Pretende-se que o sistema viário não seja a forma definidora de todos os espaços de circulação, propondo-se para isso grandes passeios inter-quadras, formados pela configuração dos edifícios, que buscam acessos e escala humana adequados. Oferecem ainda espaços urbanos diversificados e definem, de maneira proporcional, quadras de diferentes perímetros para veículos e pedestres, que ora se encontram e ora se separam. Esses espaços contém áreas verdes e cumprem funções de circulação, lazer e são pontos pró-ativos do sistema de drenagem e permeabilidade.

O sistema articula a espécie de "ilha" identificada por meio de uma nova avenida longitudinal, extensão de uma via mais ao sul; também procura ligar a av. do Estado ao leste. O viaduto da Mooca dá lugar ao túnel equivalente, integrando as calçadas de dois edifícios de potencial tombamento ao conjunto. Um sistema de transversais à ferrovia complementa a formação das grandes quadras.

A intervenção: morfologia das quadras

A partir das premissas colocadas, a quadra é formada por um sistema generativo, por inferência de fatores, que levam à uma forma prototípica de ocupação desse lugar - uma regra, cujas exceções se fazem necessárias de acordo com o contexto. Isto fornece elementos conceituais que podem ser tomados como partida para projetos preliminares.

Parte-se de um coeficiente de aproveitamento 2,5, e dentre as características associadas, estão: diferenciação entre pátios de uso privado e público por diferença de cotas, formada pela caixa de garagem em subsolo; variação de alturas, que provoca variações tipológicas e trabalha as questões de insolação, gerando espaços livres proporcionalmente à verticalização; blocos térreos, que criam uma interface adequada com a cidade, formam terraços em sua cobertura e espaços condominiais para dentro; e a criação de espaços exteriores pedestrianizados.

O programa do pólo

Dentre as várias possibilidades com potencial aglutinador, um pólo universitário foi escolhido como forma de reverter a atual situação de ociosidade do lugar, com atividades de uso intenso, período de funcionamento ampliado, e capacidade de gerar interesse em nível metropolitano : ingredientes de uma vida urbana rica.

O programa deriva do proposto no concurso da UFABC, finalizado em 2006. Este foi complementado e ampliado, ao entender-se que o local teria capacidade de abrigar novos usos. Assim, propõe-se que o térreo tenha uso misto, com programas que não o tornem um edifício introvertido no ponto de contato com a cidade.

O cumprimento do programa poder-se-ia completar em duas fases pelo menos: a primeira delas no terreno da (hoje) fábrica Cia. Antárctica, em desativação, somada com um antigo galpão da RFFSA, que conteria em si os edifícios de apoio e um corpo de aulas; e a outra, em quadra adjacente do lado oposto da ferrovia, cuja baixa densidade permitiria sua implantação em médio prazo, expandindo o grupo de salas de aula e laboratórios.

Alguns elementos da fábrica foram preservados, apesar da inexistência de inventários de tombamento. A remoção dos outros elementos se deu porque não formavam um conjunto significativo, entre outros fatores.

O edifício

O desenvolvimento do partido e decorrente volumetria é uma interpretação do programa, que supõe uma gradação vertical de vários conceitos: vai do térreo de uso misto, aos volumes individuais especializados do alto; do compacto/monobloco ao fragmentado/seriado, de acordo com intenções de integração e isolamento; do longitudinal ao transversal, para lidar com o contexto próprio de cada situação; e dos espaços abertos aos fechados, pra questões de privacidade e introspecção e socialização. O volume central abriga o corpo de salas, uma rua acadêmica e outra rua interna, que dá continuidade ao grande eixo sentido sul; outro dois servem para aulas especiais e programas auxiliares.

Os pontos de acesso do edifício são sinalizados por "fendas", ou praças que indicam a penetração nos volumes. Além disso, o edifício promove a transposição da via férrea por passarelas, que também unem os dois blocos separados pela ferrovia, funcionando autonomamente como ruas elevadas.

Os antigos edifícios foram complementados por novos elementos, procurando estabelecer uma simbiose que pudesse deixá-los aptos para os novos usos propostos. Como conjunto, abrigam atividades extra-curriculares e espaços culturais e talvez museológicos; o mais afastado contém um pólo esportivo. Mais do que isso, formam entre si praças que valorizam sua contemplação e socialização.

 

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