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secao 4!

Estação de Transição, projeto e programa para o setor de transportes

 

Andrei de Mesquita Almeida

Klara Ana Maria Kaiser Mori

O projeto imaginado é de uma estação intermodal de transporte, a se construir em Brasília, para servir à Ferrovia Nortesul.

A função da Estação será fazer a transição de modos de transporte (rodo e ferroviário) e de bitolas dos trilhos da Nortesul (1,60m para o Norte, 1m para o Sul).

Além do projeto básico dessa Estação, outro produto do trabalho é o Programa de reforma jurídica do setor de transportes, pelo qual o setor deve ser induzido a operar por multimodalidade. A própria Estação de Transição em Brasília ajudará nessa indução, bem como será o instrumento de medição de seu sucesso.

As condições dessa operação por multimodalidade deverão ser dadas pela reforma jurídica que acabe com os monopólios da infra-estrutura de transportes, levando o setor a transição para um futuro sistema nacional de transportes, operando por multimodalidade. Nesse cenário futuro já não existirão mais as "transportadoras rodoviárias", ou "companhias ferroviárias", ou "companhias aéreas", mas empresas de logística, habilitadas a usar a infra-estrutura instalada no território nacional, de propriedade pública e mantida por empresa estatal ou em concessão pública.

Por isso, enquanto durar o período de transição, deverão ser aplicadas versões subsetoriais do Programa que condicionem cada subsetor de transporte (rodoviário, ferroviário, aeroviário) a separar a função de empresa-ordenadora (que cuide da infra-estrutura instalada, como estradas de ferro e de rodagem, ou aeroportos) da função de empresa-transportadora (encarregada de prestar o serviço público de transporte, tanto de mercadorias como de pessoas), e da função de empresa-cliente, ou simplesmente cliente (que é quem tem interesse em pagar pelo serviço e é a fonte da captação financeira do setor).

Essa separação de funções, seguindo o princípio de "cada função com uma empresa, cada empresa com um interesse", é o que garantirá à empresa que presta o serviço de transporte a independência dos gravames próprios de cada modo de transporte, dando-lhe a opção de substituir o uso de um modo por outro. Somente essa liberdade de escolha da transportadora poderá incutir a concorrência intermodal entre as empresas-ordenadoras, concorrência a qual deverá pôr à prova a suposta superioridade do modo rodoviário em relação aos outros.

Não só isso. Essa operação multimodal possibilitará que, através das opções da empresa-transportadora por qual modo de transporte usar a cada vez, --opção garantida a partir dessa concorrência entre empresas-ordenadoras--, se faça a transição de capitais entre subsetores, notadamente do rodoviário para o ferroviário, para o que a empresa-transportadora será a causa eficiente.

Por outro lado, essa transição intersetorial de capitais é importante para eliminar as capacidades ociosas de cada setor econômico, cuja manutenção vem causando a inflação crônica, inimiga nº 1 da economia planificada. Mais do que isso, essa transição de capitais causará a retração da hegemonia do modo rodoviário na infra-estrutura de transportes, o que possibilitará a remoção da indústria automobilística do posto privilegiado de "indústria de ponta" e razão de ser de nossa industrialização, abrindo nova vaga para o desenvolvimento das forças produtivas em outras indústrias.

Todas essas alterações são fundamentais para direcionar a economia nacional ao desenvolvimento, desenvolvimento das forças produtivas em outras indústrias e com queda da inflação, desta vez desenvolvimento com distribuição de renda, pelo aumento da demanda por produtos industrializados e conseqüente aumento do mercado consumidor interno. Isso implicará em aumento de salários individuais e da massa salarial como um todo, para que se estabeleça plena economia de mercado entre os cidadãos, condição necessária para a integração continental e eliminação das fronteiras entre Estados.

Ficha técnica da Estação:

área do terreno: 900000m²
área construída inicial: 450000m²
área edificada inicial: 42000m²
programa de necessidades iniciais:
8 hangares arrendados dos Correios por empresas-transportadoras, em módulos de 21,3 x 10m, cada um em dois níveis, com no mínimo um conjunto sanitário e 3 salas de escritório, e uma ponte rolante 40t h=3,5m no nível superior, com acesso ao nível inferior para:
6 linhas férreas de bitola mista espaçadas 10m entre eixos largos, paralelas à faixa de rolamento para caminhões, e com área de estoque com capacidade de empilhamento de 2 contêineres.

Essa estrutura funcional será acessada pelos trabalhadores por passarela elevada 15m do nível térreo, partindo da cota 10 do topo da atual estação rodo-ferroviária.

A transferência de nível da cota 10 para a cota 15 será feita pela circulação vertical do edifício dos Correios, situado a distância média entre a atual estação e os novos hangares. Nesse edifício dos Correios estarão alojados também os recursos necessários para a supervisão e controle da operação da Estação (o Centro de Controle Operacional, CCO). Os Correios serão, por isso, responsáveis por direcionar a transição, em todos os sentidos em que essa se aplica, sendo inclusive a locomotiva dos trens compostos na Estação.

Outra função dos Correios a ser executada no mesmo edifício do CCO será a conteinerização de cargas chegadas por caminhão de baú simples, em uma Oficina de Conteinerização dos Correios, OCC. Esse serviço necessário ao Programa de multimodalidade do setor será uma função acessória da Estação, ao que as cargas de diversas pequenas transportadoras passarão à responsabilidade dos Correios, que lhes garantirá um seguro no valor das mercadorias, lastreado pelo Banco Postal, que deverá, portanto, associar-se ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal.

Além da carga dessas transportadoras, os contêineres de 20 ou 40t serão lotados com encomendas próprias dos Correios, que atingirão a Estação por modo rodoviário (peruas e motocicletas), logrando a introdução da carga geral de alto valor agregado no modo ferroviário, a solução para o redirecionamento dos traçados das ferrovias da atual vocação de exportação primária para nova vocação de circulação interna, do mercado nacional.

 

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