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secao 4!

Requalificação na área comercial do Brás

 

Cristina Kim

Heliana Comin Vargas

Através de um olhar de usuário optou-se pelo bairro do Brás pela vivência pessoal e pela complexidade de questões interessantes de serem abordadas, principalmente no que se refere à dinâmica urbana. A condição de pólo de compras gera uma atratividade que extrapola os limites da cidade de São Paulo, ou mesmo da região metropolitana, significando uma geração de receitas, emprego e renda para a cidade, chamado de "turismo de compras". É no entendimento desta questão, no sentido de uma intervenção urbana que o presente trabalho de graduação se direciona. A requalificação desta área não é decorrência de uma falta de vitalidade urbana. Muitos problemas de infra-estrutura merecem ser repensados. Pode-se propor tanto em nível urbano, como em nível de projeto; a proposta de trabalho se apresenta então em duas escalas: a urbana, através de um circuito de compras para a região (Circuito de Compras do Brás) e o projeto de um terminal de ônibus destinado aos compradores vindos de outras partes do estado e país (Terminal turístico de Compras do Brás).

A atividade comercial, a baixa densidade populacional e o grande público flutuante dão ao Brás um caráter de centro de atração de fluxos voltado à atividade comercial. Todas as atividades comerciais acabam por gerar um movimento intenso no Brás, pois ele foi se tornando um ponto de referência de preços baixos e variedade. Em busca desses produtos, principalmente para revenda, como no caso da 25 de Março, originou-se o chamado Turismo de Compras na região. Este turismo consiste na vinda de pessoas de outras regiões, por meio de transporte aéreo e principalmente rodoviário, exclusivamente para compras no atacado. A freqüência e intensidade com que chegam em dias mais movimentados da semana entram em conflito com a infra-estrutura pobre do bairro, já que pouco se alterou desde o início das atividades comerciais, há décadas atrás.

A deficiência de um serviço que facilitasse a locomoção de pedestres e veículos pelas vias, gerou a proposta do circuito de microônibus para o Brás, tendo pontos de parada nas ruas mais significativas e adequadas, definidas através da sobreposição dos mapas de fluxos de pedestres, veículos e ônibus. A proposta deste circuito baseia-se no Circuito de Compras hoje proposto pela SP Turismo / Prefeitura, que tem o objetivo de conduzir o comprador pelos principais centros comerciais: Brás, 25 de Março e Bom Retiro.

Apesar do Pátio do Pari ser uma área incomum em relação às demais, decidiu-se implantar ali o "Terminal Turístico de Compras do Brás", considerando-se o fato de hoje em dia já funcionar um estacionamento e também por ser uma área em evidência não só para o Brás, pois se situa no intermédio dos bairros de compras, ligando-se também ao mercado Municipal. O projeto retoma as deficiências enumeradas e é uma forma de propor soluções de circulação e serviços. O Pátio é cortado pela linha do trem, que está em uso ligando as estações Brás e Luz, a área trabalhada situa-se acima da linha férrea. O projeto de um terminal não impede de existirem outros menores em áreas atualmente sem uso, muito pelo contrário, pode ser uma forma de incentivar o uso dessas áreas capazes de abrigar bolsões e estacionamentos de ônibus e de carros, tendo como princípio a ligação entre estes estacionamentos e também a não interferência no fluxo interno ao bairro.

O projeto levou em consideração dois princípios: a capacidade de uma grande quantidade de ônibus estacionarem e a separação das circulações de pedestres e veículos. O estacionamento que existe hoje em dia não tem sinalização correta de acesso de pedestres e os fluxos entram em conflito, o que acaba gerando dificuldade de locomoção. Evitou-se ao máximo o conflito entre o acesso de pedestres e o de veículos fazendo-se um desnível de 2 metros, e partindo do pressuposto de que, com uma sinalização adequada, os pedestres respeitarão os acessos. A área localizada 2 metros abaixo em relação à calçada, destinou-se aos ônibus; os pedestres ficam impedidos de circular neste nível, a não ser pelas plataformas ou pela faixa de pedestres sinalizada. A entrada e saída dos ônibus se dão por rampas distintas ambas pela Avenida do Estado, evitando a entrada no bairro. Os pedestres acessam o terminal de diversas formas: pela Avenida do Estado, pela Rua São Caetano e pela Rua Monsenhor Andrade, onde se encontra a praça de entrada. Para descer no nível dos ônibus, somente pelas rampas, que acessam as plataformas diretamente. Para auxiliar os acessos, a definição dos pisos foi importante, em grande parte da área foi escolhido um piso permeável e forração.

Desde o início soube-se da importância de se ter uma cobertura, principalmente porque esta área poderá abrigar outros usos durante o fim de semana, como feiras de artesanato, de roupas, etc., ou mesmo desfiles. Foi escolhida uma cobertura metálica para a área, pois além de vencer grandes vãos, poderia trabalhar com transparência, evitando um aspecto pesado, por isso a viga vagão foi o ponto de partida, sendo de fácil execução e aparência leve. Optou-se por incliná-la, deixando a abertura pela inclinação na direção sul, possibilitando a ventilação e iluminação. Suas dimensões foram resultantes de cálculos reais, e foram usados perfis em "I", para vigas, pendurais e pilares. A telha trapezoidal, com isolamento termo-acústico foi utilizada, tendo suas terças como elementos de contraventamento das vigas.

Os serviços deficientes diagnosticados pelas pesquisas, foram agrupados em um único edifício, para que se facilitasse a localização. A implantação deixou os quartos voltados para leste e a circulação para oeste; considerando que foi dado um enfoque maior para o terminal, optou-se por uma edificação neutra, com um partido de estrutura mais econômica, que, diferentemente do terminal, é somente de concreto. É importante destacar que este hotel tem um caráter de albergue, com quartos coletivos e com preços bem menores de estadia.

Destacar a importância do Brás foi um dos objetivos neste trabalho, sem preconceitos de se trabalhar este tipo de arquitetura, que favoreça o crescimento comercial, porque é inegável que o comércio - economia - é indispensável para a vivacidade da cidade.

Ficha Técnica

Dimensões do terreno (metros): 200x333x288x441
Área do terreno (m²): 86400
Área terminal (m²): 29040
Área edifício (m²): 580

 

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