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secao 4!

A Casa Do Cinema De São Paulo

 

Francisco Massucci Silveira

Fabio Mariz Gonçalves

PREMISSAS

Este projeto visa a consolidação da região do Bexiga como pólo de cultura na cidade de São Paulo; a busca pela preservação, restauração, difusão e mostra do patrimônio artístico-cinematográfico Brasileiro, bem como a requalificação do espaço público da área do projeto e de suas adjacências, tendo em vista a importância do uso de espaços públicos na conformação da própria cidade.

O terreno, localizado na esquina das ruas Jaceguai e Abolição com acessos previsto também pelas ruas Santo Amaro e Japurá, é um lote sem edificações onde atualmente funciona um estacionamento privado de veículos, no bairro do Bexiga. Conforme o novo plano diretor estratégico da cidade de São Paulo o lote encontra-se em uma Zona Especial de Preservação Cultural (ZEPEC), o que reitera a possibilidade de execução do projeto neste local. Mas para além das qualificações de características urbanísticas, tem-se ali o palco de uma grande disputa de poderes entre o diretor e mentor do grupo teatro oficina, José Celso Martinez Correa, e o grupo Sílvio Santos que possuem ambições distintas para o então citado terreno.

O grupo oficina, formado em 1958, por estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a partir de premiações de teatro amador, angariou fundos para instalar-se na rua Jaceguai onde funcionava o Teatro Novos Comediantes. O arquiteto Joaquim Guedes foi o responsável pela primeira adaptação no edifício na década de 1960, onde grupos inovadores e experimentais apresentaram suas peças transfigurando a relação entre palco e platéia. Em 1966, após um incêndio um novo projeto foi elaborado pelos arquitetos Flávio Império e Rodrigo Lefévre, até que em 1986, a arquiteta Lina Bo Bardi projetou a renovação do espaço do teatro, que consiste numa enorme caixa cênica limitada apenas por suas paredes pesadas, numa síntese entre atores e platéia, ruínas e novo, construído e demolido, em busca do conceito do teat(r)o como arte que abraça o espectador.

A partir da década de 80 surgem propostas comerciais de compra dos terrenos vizinhos por parte do grupo Sílvio Santos para a construção de um shopping . Desde então, a disputa pelo local vem se acirrando e gerando propostas de projeto para o terreno vindo de ambas as partes. O projeto com previsão para ter as obras iniciadas no segundo semestre de 2006, de autoria de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, é um shopping center, custeado pelo grupo Sílvio Santos, mas que prevê, ao contrário dos projetos anteriores, uma espécie de integração com o teatro oficina. Apesar disto, José Celso mantém-se contrário à construção do shopping e pretende ir a justiça impedir que a obra se realize.

A CASA DO CINEMA DE SÃO PAULO

O projeto consiste de um grupo de 3 edifícios que se conectam através de uma praça, responsável pela ligação também com o teatro oficina, os edifícios estão implantados de forma a manter uma distância do teatro oficina bem como dos demais lotes vizinhos. Tem-se então um conjunto de edifícios que emolduram um objeto, coloca em destaque outro edifício em detrimento de si mesmo. O teatro oficina vem à tona agora sob uma praça seca, é o foco do terreno, o monumento vivo de um espaço público.

O desenvolvimento do projeto deu-se somente após a consolidação da conformação dos espaços livres que são, de fato, a base deste projeto. Posto isto, é conveniente notar que este lote possui acesso por todas as ruas adjacentes, sendo que cada um encontra-se em cotas distintas. O acesso mais elevado, à rua santo Amaro, se liga ao nível mais baixo através do sistema de circulação vertical que é parte do edifício que concentra em si as funções educacionais do projeto, tais como salas de aula e estúdios. Este mesmo edifício, enterrado em meio ao beco que se abre para rua Santo Amaro, conecta-se ao edifício sede através de um edifício longelíneo que abriga o pavilhão de exposição permanente do acervo. Este edifício-ponte, por sua vez, uma treliça dupla de 125 metros de comprimento bi-apoiada, passa por quase toda a extensão do lote, unindo o edifício educacional ao edifício sede - aonde encontram-se as demais funções programáticas. Os demais acessos, pela rua Jacegaui, Japura (até então fechado por um muro) e Abolição dão todos acesso à mesma praça de conexão com o teatro oficina, porém, em níveis distinto. O acesso de automóveis se dá pela rua abolição no canto do lote, deixando o movimento de entrada e saída de automóveis, um processo afastado da praça de convívio.

"Acho que subsiste na conversa uma idéia de que São Paulo esta prejudicada pelo fator de conter uma orientação predominantemente produtiva 'São Paulo é uma fábrica' já se diz. Mas eu não vejo porque um arquiteto não possa transformar uma fábrica numa coisa digna, na expressão de sua cultura" - Transcrição do trecho da conversa entre Luís Saia e Vilanova Artigas.

A idéia proposta por Luis Saia em uma conversa com Artigas reflete-se em grande medida no intuito formal básico deste projeto, apesar de São Paulo tornar-se a capital financeira do país, esta visão industrial está ainda muito presente na imagem que São Paulo passa aos seus habitantes. Neste projeto, esta idéia encontra-se articulada dos métodos construtivos e de revestimentos, aos aspectos formais do edifício. A faceta industrial de São Paulo está gora associada a um edifício que abrigará um museu da mais industrial de todas as artes. Um projeto que visa a consolidação de um bairro como pólo de cultura e, em outra escala, propõe uma discussão sobre as inúmeras possibilidades de uso deste lote, reiterando a importância dos espaços públicos na conformação da cidade, na criação de um lugar que possa ser apropriado pelo cidadão e que possa contribuir para aspectos primordiais de sua formação cultural.

 

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