O Trabalho Final de Graduação proposto aborda os conceitos de mobilidade, densidade e qualidade ambiental aplicadas em um projeto urbano.
Estas três diretrizes estão aplicadas através da busca pelo desenho universal, o conforto ambiental, a eficiência energética, a acessibilidade e a melhoria da qualidade de vida nos grandes centros urbanos.
O objetivo deste trabalho é propor uma forma de ocupação urbana, diferente dos padrões existentes no mercado imobiliário e dos padrões que a própria sociedade tem.
O local escolhido está situado no Alto de Pinheiros, em frente ao Parque Villa Lobos. A escolha da área de atuação baseou-se na procura de uma região que oferecesse o maior potencial para um aumento na qualidade de vida nos centros urbanos.
A concepção inicial do trabalho foi projetar uma quadra de uso misto mais sustentável, se comparada aos padrões atuais, que oferecesse qualidade urbana aos seus usuários, diminuindo o impacto ambiental e criando uma relação que beneficiasse o entorno.
Através da análise da região, a proposta do trabalho tornou-se mais clara e o objetivo principal passou a ser a integração de três conceitos: mobilidade, densidade e qualidade ambiental em um projeto urbano de uma quadra de Uso Misto.
O público previsto para esse projeto será composto por estudantes (devido à proximidade da USP), por pessoas da terceira idade (representa 20% da população local) e por famílias com número pequeno de integrantes.
A mobilidade, como um princípio norteador, teve grande importância no desenvolvimento do projeto na sua relação com o entorno e dentro da própria quadra.
A área de intervenção possui a estação mais próxima a 1000m (Estação Jaguaré) e as demais estão entre os raios de 2000m a 4000m, pensando na escala do pedestre, são distâncias consideráveis e para pessoas portadoras de necessidades especiais, tornam-se impraticáveis.
O objetivo foi desenvolver uma proposta que integrasse esses meios de transporte, sem a necessidade do automóvel através de uma ciclovia, adotando a bicicleta e outras formas de transporte não poluentes. Para viabilizar a proposta foram propostos estacionamentos para as bicicletas e pontos de táxi bicicleta nas estações Jaguaré, Cidade Universitária, Pinheiros e Faria Lima, além de um ponto de táxi bicicleta na área de intervenção.
A região da área de intervenção possui um desnível máximo de 13m, para garantir a mobilidade dentro da quadra foi elaborado um sistema de passarelas, elevadores e escadas interligados, possibilitando o acesso a todos.
A busca pelo desenho universal foi um dos objetivos do trabalho, garantindo o acesso de todos independentemente de suas condições físicas e mentais.
O trabalho usa a densidade com o objetivo de utilizar ao máximo a infra-estrutura urbana evitando o espalhamento urbano que tende a ser altamente ineficiente energeticamente e diminuir o impacto ambiental, evitando que novas áreas sejam urbanizadas.
A proposta inicial era atingir uma densidade de 1000habitantes/ha, mas para garantir a qualidade ambiental esse valor diminui para 420 habitantes/ha.
Essa diminuição da densidade foi necessária, devido à orientação do terreno, que se auto-sombreia, pela direção dos ventos, para não destoar das regiões do entorno e pelo partido do projeto que prevê áreas se uso comum como poderá ser visto mais detalhadamente.
Os conceitos que envolveram o projeto se apoiaram em princípios que buscaram a racionalização da gestão dos recursos naturais, do método construtivo; o uso de matérias-primas, energias renováveis e a redução da quantidade de materiais, água e energia utilizados.
A implantação foi resultado de um estudo da orientação solar, da ventilação, das fontes de ruído, das visuais, do menor movimento de terra possível no terreno, da localização das atividades comerciais, de serviço e da habitação.
A preocupação com a qualidade ambiental teve grande importância entre as medidas adotadas podem ser citadas: cuidado com a orientação solar, ventilação cruzada, uso de placas de aquecimento solar e fotovoltaicas, reaproveitamento de águas pluviais e cinzas, uso de teto verde.
O projeto tentou ser o mais flexível possível prevendo a desmontagem da edificação ou possíveis modificações futuras, prolongando assim, a vida útil da edificação, evitando a utilização de novos recursos da natureza.
As tipologias das residências buscaram atender camadas diferentes da população, diversificando de certa forma a região, garantindo, assim, qualidade de vida a todos. As tipologias iniciais propostas foram:
Quitinete com 30 m²
Apartamento com 1dormitório com 40 m²
Apartamento com 2 dormitórios com 60 m²
Apartamento com 3 dormitórios com 80 m²
O número de moradores previsto para a quadra será entorno de 800 pessoas. Buscando uma proposta mais ousada, as áreas foram dimensionadas, baseadas inicialmente no valor de 15m² por pessoa, valor utilizado para HIS e os resultados finais são:
100 apartamentos com 1dormitório de 15 m² para uma pessoa;
344 apartamentos com 1 dormitórios de 20 m² para até duas pessoas;
144 apartamentos com 2 dormitórios de 30 m² para até três pessoas;
216 apartamentos com 3 dormitórios de 45m² para até quatro pessoas.
Os andares térreos dos edifícios habitacionais foram ocupados por atividades comuns aos moradores e por atividades comerciais. Em todos os edifícios foram projetados espaços reservados em cada andar, criando unidades de trabalho não territorial para os moradores dos edifícios. Esses espaços terão toda a estrutura necessária como internet wireless, telefone, salas de reunião que poderão ser reservadas.
Este trabalho não propôs apenas um projeto mas uma maneira de pensar a cidade e as atividades que se relacionam a ela. Ele faz um questionamento sobro o modo de vida e os padrões que sustentamos hoje.
Dimensões: 250m,90m,170m e 180m
Área do terreno: 1900m²
Área construída: 26900m²
