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secao 4!

A HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL E A INSERÇÃO DO MOBILIÁRIO POPULAR NO CONTEXTO ESTÉTICO-FUNCIONAL DA MORADIA

PROPOSTA DE EDIFÍCIO MODELO PARA O CENTRO DE SÃO PAULO

Gustavo Orlando Fudaba Curcio

Maria Cecilia Loschiavo dos Santos

A complexidade das relações que configuram a sociedade brasileira contemporânea coloca em evidência alguns fatores relevantes para uma análise do design e da arquitetura na atualidade. As tradições culturais sofrem uma metamorfose concomitante ao processo de modernização das técnicas construtivas e à industrialização cada vez mais acelerada em busca de edifícios inteligentes e informatizados. Paralelamente a esta revolução tecnológica da construção civil presente nas grandes metrópoles brasileiras, agrava-se ainda mais a problemática referente às moradias de interesse social cada vez mais precárias em qualidade e racionalidade espacial. Neste sentido, a análise dos objetos que configuram o espaço interno da habitação proletária no Brasil se faz necessária e indispensável para o entendimento do sistema estético-funcional da moradia de baixa renda num contexto metropolitano.

O presente trabalho expõe os resultados de uma pesquisa iniciada no ano de 2002, sob a orientação da Professora Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos, financiada durante três anos pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. A etapa final deste levantamento acadêmico constitui este Trabalho Final de Graduação, uma compilação dos dados referentes à pesquisa bibliográfica, entrevistas e visitas a campo, seguida de pré-projeto de edifício-modelo adaptado à realidade do mobiliário popular brasileiro disponível no mercado.

Apresenta-se um estudo do perfil do arquiteto/designer dedicado à criação de projetos comprometidos com a demanda social por habitação de qualidade (incluindo os equipamentos que a integram), seguido de estudo referente à habitação proletária propriamente dita, análise de entrevistas com acadêmicos da arquitetura e do design, estudo do mobiliário popular brasileiro disponível no mercado, estudo das possibilidades de um comprometimento com uma produção sustentável de edifícios e equipamentos e análises conclusivas referentes ao pré-projeto de edifício-modelo para o centro de São Paulo.

Cada vez mais os problemas relativos ao crescimento urbano desenfreado surgem como algo complexo e de difícil compreensão. No campo do design, este fenômeno constitui um importante elemento de pesquisa e a necessidade de se propor soluções para alguns dos aspectos relativos a esta área se faz presente.

A partir da década de setenta, os valores modernos foram gradativamente suprimidos por uma política econômica inovadora, que submeteu a concepção do objeto às regras impostas pelo mercado global. A este fenômeno, o geógrafo David Harvey chama de pós-modernidade (post-modernity). A sociedade pós-moderna, moldada de acordo com as tendências do mercado, exige, mais do que nunca, uma grande preocupação com o lado social. A ocupação informal de terras impróprias para o estabelecimento de habitações gera edificações precárias e desprovidas de qualquer infra-estrutura. Analisando-se este tipo de imóvel, pode-se imaginar a baixíssima qualidade dos objetos que se encontram no interior destes espaços improvisados.

A discussão sobre o projeto de uma habitação e um mobiliário de boa qualidade a fim de atenderem às necessidades desta população alheia à sociedade, depende de estudos a serem realizados com o objetivo de desenvolver os objetos apropriados, de forma a solucionar o problema de forma econômica e prática.

Com esta pesquisa, pretende-se levantar as várias possibilidades de um arquiteto/designer atuar socialmente no campo do mobiliário e da arquitetura de baixa renda.

O projeto da habitação popular tem sido amplamente estudado e discutido no Brasil. As mais diversas tentativas de soluções têm sido projetadas e executadas. Dá-se, no entanto, pouca atenção aos objetos que ocuparão estes espaços depois de executado. A configuração do interior da habitação popular depende da organização proposta pelo morador através da disposição dos equipamentos por ele utilizados. Tão importante se faz, entretanto, a forma de ocupação interior quanto a forma exterior e a divisão das dependências internas à edificação. O principal objeto de análise a ser considerado neste trabalho se define pelo projeto de unidades habitacionais comprometidas com o resultado final da configuração interna das mesmas através de uma eficiente articulação entre edifício e equipamentos de mobiliário.

Os resultados analisados da ocupação não organizada dos espaços projetados com o objetivo de abrigar uma população de baixa renda evidenciam a real necessidade do projeto do móvel voltado para as classes mais baixas. A qualidade de vida desta população depende inclusive dos objetos com os quais se relacionam constantemente dentro de seus lares. A articulação dos espaços através da inserção do móvel no espaço construído determina de maneira direta a qualidade de aproveitamento do mesmo.

O papel do arquiteto (responsável pelo projeto da moradia em si) e do designer (responsável pelo projeto dos equipamentos) é o de organizar o ambiente a ser ocupado por tal população. As dificuldades com relação à falta de espaço físico e as verdadeiras necessidades a serem consideradas, constituem os principais desafios do profissional responsável pela configuração interna da habitação mínima.

Dada a ampla formação proporcionada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, atribuindo aos seus discentes a capacidade de projetar do macro ao micro, seja como urbanista, arquiteto ou desenhista industrial, apresenta-se o resultado de um trabalho que contempla todos estes campos. A fusão dos conhecimentos das distintas áreas que compõem a grade curricular do curso de Arquitetura e Urbanismo sintetizou-se neste conjunto de informações que foram subsídio para a elaborção de um único produto final, o pré-projeto de um edifício de unidades habitacionais de interesse social a ser implantado entre as ruas Tabatingüera e Conde Sarzedas, centro da cidade de São Paulo.

ficha técnica

Dimensões do terreno: 120m X 50m - Área do terreno: 6000 m2
Área total construída: 33200 m2

 

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