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secao 4!

CENTRO DE REFERÊNCIAS RUÍNAS DA LAGOINHA

 

Gustavo Otsuka da Castro

Antonio Carlos Barossi

O estudo das Ruínas da Lagoinha é o tema norteador deste Trabalho Final de Graduação. Situadas na cidade de Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo e mais precisamente na Praia da Lagoinha, as ruínas do engenho encontram-se a um kilômetro do mar, mata adentro. A Praia da Lagoinha mais a Praia do Sapé e a Praia da Maranduba compõem a Baía do Mar Virado, limitada a oeste pela foz do Rio Maranduba e do Rio Arariba e a leste pelo Córrego da Lagoinha. Esta Baía faz parte da porção sul do município onde se localizava o antigo e importante Porto da Maranduba.

A área onde se localizam as ruínas tem referência bibliográfica no Cadastro de Terras de 1817 de Ubatuba, conservado no Arquivo Público do Estado de São Paulo e com transcrição no livro Caiçara: terra e população de Maria Luiza Marcílio, porém sua construção pode datar do final do século XVIII. Além das ruínas do antigo engenho, e separado destas pela estrada BR-101 (Rodovia Rio-Santos), permanecem de pé três pilares em pedra e cal. Situados a 200 metros do mar, são conhecidos e divulgados pela população como "ruínas da primeira fábrica de vidro do Brasil", o que ainda não se pode confirmar. Os dois conjuntos, ruínas do antigo engenho e os pilares da "primeira fábrica de vidro" interligam-se através da Avenida do Engenho Velho, via ortogonal à BR-101 responsável pela conexão entre praia e sertão.

Entre tantas pesquisas, visitas, encontros, levantamentos, investigações, pontuo aqui alguns trabalhos que me acompanharam ao longo deste percurso, fontes sem as quais dificultariam ou até comprometeriam o desenvolvimento e a concretização deste.

O Engenho da Lagoinha em Ubatuba: Notícias do Litoral Norte e uma Hipótese de Identificação, artigo escrito por Carlos Augusto Mattei Faggin, é o principal documento elaborado após o tombamento das ruínas realizado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico e Arqueológico do Estado de São Paulo) em 1985, em conseqüência do processo n0 00554/75, iniciado pelo então professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Usp Carlos Lemos. O artigo me aproximou dos principais documentos referentes às ruínas e orientou-me a outros elaborados posteriormente, como relatos orais sobre a história das ruínas, atividades desenvolvidas junto ao patrimônio, levantamentos arquitetônicos e planialtimétrico, projetos de revitalização, plano de urbanização. Assim, possibilitou-se um estudo mais aproximado acerca deste patrimônio arquitetônico e sua área de ambientação, que se encontram novamente abandonados junto à Mata Atlântica.

O projeto Sítio Arqueológico Mar Virado - projeto arqueológico, ecológico, antropológico, histórico, museológico e turístico do município de Ubatuba, proposto e desenvolvido sob coordenação da Professora Doutora Dorath Pinto Uchôa. Localizado na Ilha do Mar Virado (pertencente à mesma Baía onde se encontram as ruínas), o projeto é parte integrante de um Programa de Pesquisa para o Litoral do Estado de São Paulo. As pesquisas têm como objetivo o resgate histórico do município de Ubatuba que, tanto pela sua importância, quanto pela sua abrangência, proporcionaram uma visão mais ampla das relações existentes entre o município e seus patrimônios cultural e ambiental.

Por fim, a Tese de Doutorado de Maria Tereza Duarte Paes Luchiari, O Lugar no Mundo Contemporâneo - Turismo e Urbanização em Ubatuba-SP, foi imprescindível para a compreensão das transformações e redefinições sócio-espaciais do município de Ubatuba. Os espaços sociais produzidos contemporaneamente pela atividade turística, processo chamado pela autora de urbanização turística, trouxe à cena novos sujeitos sociais, marginalizando outros, redesenhando as formas da configuração territorial, substituindo ou eliminando antigos usos. As ruínas representam claramente estes contrastes e conflitos entre o velho e o novo, as antigas e as novas territorialidades e fronteiras sociais. Se o fenômeno do turismo evidencia e acelera estes conflitos, ele revela também, a produção de um novo espaço social, mais híbrido, onde o velho e o novo fundem-se e a coexistência de grupos, culturas, idades e atividades se tornam possíveis.

Se por um lado o estudo das Ruínas da Lagoinha norteou minhas investigações, por outro, os projetos relacionados à gestão e ao futuro das ruínas, elaborados pela Prefeitura municipal e Fundart (Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba), esboçaram o teor propositivo deste trabalho. O projeto "Centro de Referências Ruínas da Lagoinha" aqui proposto, conclui este trabalho final como uma resposta ao Plano de Urbanização das Ruínas da Lagoinha, elaborado pela Prefeitura Municipal, atualmente em processo de aprovação pelo Condephaat e com expectativas de realização para o ano de 2007.

Com o aumento significativo das pesquisas relacionadas aos patrimônios cultural e ambiental e com o objetivo urgente em ampliar a visão municipal dos chamados "pontos turísticos" o projeto pretende ser um importante instrumento de cultura e educação, mantendo uma relação viva, contínua e ativa entre as ruínas, o meio urbano e a sociedade. Entre as premissas do projeto estão:

1. Conservação da área de ambientação das ruínas e sua incorporação ao Parque Estadual da Serra do Mar;

2. Reestabelecer a conexão entre mar, praia e sertão, através da criação de um Píer no eixo da Avenida do Engenho Velho, e da recuperação desta em toda a sua extensão (ver Anexos 2 e 3);

3. Estabelecimento de uma base na região sul (pólo aglutinador, explicativo e emissor) compondo parte do futuro "museu da paisagem", previsto no Programa de Pesquisas para o Litoral do Estado de São Paulo;

4. Criação de um núcleo de pesquisas, servindo de apoio ao Programa de Pesquisas do Litoral do Estado de São Paulo, no qual está inserido o Sítio Arqueológico Mar Virado: projeto Arqueológico, Ecológico, Antropológico e Histórico do município de Ubatuba, entre outros (ver Anexo 1);

5. Preservar a situação de implantação e volumetria originais do edifício do antigo engenho da Lagoinha.

A área de implantação do Centro de Referências da Lagoinha corresponde a 17.000 m2, tendo como referência as ruas envoltórias (Avenida do Engenho Velho e Rua 22) e os limites do terreno, definidos pela Prefeitura. O edifício possui área de projeção de 860 m2. O programa ocupa uma área total de 1.830 m2 (+25% de circulação), dimensionado da seguinte forma:

COTA +14.80

Exposições ao ar livre: 285 m2
Belvedere: 360 m2

COTA +11.60

Acesso: 50 m2
Café | Leitura: 50 m2
Hall de acolhimento: 35 m2
Exposições temporárias: 50 m2
Informações | Bilheteria: 35 m2
WC Público: 15 m2
WC Restrito: 10 m2
Biblioteca: 90 m2
Sala de reuniões: 10 m2
Administração | Recepção: 70 m2

COTA +10.00

Exposição permanente: 150 m2

COTA +8.40

Exposições temporárias: 150 m2
Exposição permanente: 150 m2
Depósito museológico: 25 m2
WC Público: 15 m2
WC Restrito: 10 m2
Manutenção: 10 m2
Documentação: 25 m2
Auditório | Cabine: 50 m2
Hall | Informações: 35 m2
Núcleo de pesquisas: 130 m2
Depósito: 20 m2 1885

 

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