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secao 4!

UM FLERTE TIPOGRÁFICO COM POLIA

 

MARIA LUIZA MIEKO OYADOMARI

SYLVIO DE ULHÔA CINTRA FILHO

Polia

Polia é uma família tipográfica serifada para uso em texto. As fontes para texto seguem rigidamente os padrões clássicos das formas dos caracteres, a fim de preservar intactas a sua legibilidade e a sua leiturabilidade. São utilizadas em tamanhos pequenos, entre 6 e 14 pontos. Também podem ser usadas em tamanhos maiores, como em títulos, sinalizações e logotipos.

Desde o início do trabalho, os elementos que guiaram a criação de Polia foram: a tentativa de conferir identidade própria à fonte, a legibilidade e a leiturabilidade.

Polia ainda tem uma personalidade emotiva bastante forte, da qual originou-se seu nome. Na obra impressa por Aldus Manutius "Hypnerotomachia Poliphili", de 1499, a personagem Polia materializa-se na arquitetura, no sonho de seu amante Poliphilo. O livro retrata o sonho de amor e erotismo de Poliphilo, que envolve temática neoplatônica e pagã e cuja autoria ainda não foi determinada precisamente.

notas

O trabalho teve início com a impressão das fontes que serviriam de referência ao trabalho: Aldus, Palatino, Garamond, Melior, Sabon, Minion, Mrs. Eaves, Zapf Renaissance Antiqua, Apollo, Meridien, Bembo, Jenson, Baskerville, entre outras, todas em seus pesos equivalentes ao regular. Mais tarde, as de características provenientes de pena larga caligráfica foram mais detalhadamente analisadas e suas proporções, eixos e particularidades melhor estudados. A Palatino, a Minion, a Aldus e a Zapf Renaissance Antiqua receberam maior atenção.

A versão itálica foi esboçada primeiro, pelas suas qualidades mais caligráficas. A versão romana teve seus croquis feitos posteriormente. Os primeiros esboços foram desenhados com pena de ponta larga e nanquim. Infelizmente, faltou-me habilidade e paciência para me enveredar pelos caminhos da caligrafia e este método me serviu apenas como alguma base para entender os princípios do desenho com pena, que foram empregados na concepção dos tipos com lápis em papel milimetrado.

A precisão do desenho dos caracteres só se iniciou a partir da vetorização dos rascunhos escaneados. O software utilizado foi o CorelDraw, pela minha familiaridade em trabalhar com o programa. Desta forma, era possível visualizar todos os caracteres lado a lado enquanto eram desenhados, o que não acontecia em softwares específicos para criação de fontes (FontLab e Fontographer).

A primeira versão de Polia era mais pictórica e grosseira. Foi criada com a ferramenta Bézier ou Pen, que forma polígonos vetoriais a partir de nós. O ajuste óptico dos traços foi aplicado nesta fase. Paralelamente, estudou-se também a proporção entre caixas baixa e alta, que ficou em aproximadamente 6:10. Evitou-se que a altura das caixas-altas ultrapassasse a altura das ascendentes, o que confere às fontes serifadas maior leiturabilidade em tamanho de texto.

Terminados os desenhos de todos os caracteres no CorelDraw, eles foram separados individualmente e exportados em formato EPS. Em seguida, foram abertos no FontLab 5, onde sofreram mais algumas leves modificações e foram montados sistematicamente.

Os estudos de espacejamento, kerning e hinting foram os últimos e mais exaustivos.

Por último, escolheu-se o formato TrueType Flavored OpenType Font (.ttf ou .otf) para a geração do arquivo. Funciona em ambiente Windows, Linux e Mac OS X. As fontes OpenType podem conter mais de 65 mil caracteres, ao contrário das Type 1 e TrueType, que não ultrapassam 256. É possível programar a substituição de conjuntos de caracteres por outros, tais como a substituição por ligaturas. Inclui ainda class kerning table, em substituição ao kerning pairs e disponibiliza o controle preciso do TrueType hinting.

Para melhor avaliação das qualidades da fonte, reuniu-se um pequeno conjunto de aplicações para Polia. São alguns exemplos de possíveis usos da tipografia, de objetos que representam o amor e o erotismo nos dias de hoje.

É a partir deste momento que Polia pulsa, respira e ganha vida. É quando deixa de ser um conjunto de caracteres dentro de um arquivo digital. É quando pode finalmente ser objeto de interesse do usuário comum.

 

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