Este Tfg busca dar continuidade a um processo que iniciou-se com uma Iniciação Científica onde buscava-se compreender a formação de uma vertente da produção de arquitetura em São Paulo, freqüentemente caracterizada como "escola paulista`. Dentre diversos encaminhamentos propostos para esta pesquisa, ficou a necessidade de se focar mais detidamente em alguns exemplares desta produção de forma a entrar um pouco mais na análise de projeto. Uma idéia se mostrou interessante para o tfg: intervenção em um edifício moderno paulista. Quais as questões que uma intervenção em um edifício deste período nos traria? Ao olharmos especificamente para a produção do movimento moderno percebemos que trata-se de uma problemática particular. (A-históricidade e ruptura com a tradição, pressupostos de reprodutibilidade técnica e a "aura" do objeto tombado, a adaptação dos espaços a novos usos e o racionalismo e funcionalismo de suas plantas, a distinção sutil entre reforma e restauro pela permanencia das técnicas)
O espectro de objetos passíveis de intervenção era amplo. De fato, se olharmos historicamente, seria nos anos 50 que a indústria atingiria uma predominância na renda interna brasileira. Nestes anos, quando São Paulo coloca-se na posição de pólo econômico e industrial do País, inicia-se uma nova etapa em sua organização físico-espacial alcançando de forma definitiva sua configuração atual. A metrópole que se formava, gerava uma nova cultura, um viver cosmopolita, onde se passava para novas forma de construir, de comprar, de morar, de circular e de divertir-se. O aumento da população e o início de uma cultura de massa, além de seu reflexo na política, aparece na criação de novos programas arquitetônicos e que permanecem na cidade até hoje.
A escolha pela intervenção no Museu de Arte de São Paulo – MASP, tem como principal motivo a vontade de posicionar-se frente a um debate atual da arquitetura brasileira e paulista. O edifício, projetado em 1958 pela arquiteta Lina Bo Bardi e finalizado em 1968, bem tombado e de inquestionável importância vem há algum tempo sendo alvo de diversas formas de sucateamento, amparado por um discurso de falência da instituição. Como qualquer museu ou edifício, o MASP precisa mudar e se adaptar aos novos tempos, pois trata-se de uma condição natural e por isso, não podemos encerrar a discussão entre a possibilidade de construção da torre do MASP ou sua total preservação estática.
Durante o século XX a idéia de museu se transformou enormemente. De um local empoeirado, depósito de memórias à centro cultural em permanente efervescência, dos amplos museus aos museus temáticos. Hoje a arte e o museu, são consumidos vorazmente e o local de lenta apreensão da arte é substituído pela passagem rápida do espectador. Vai-se a museus, como se vai a parques temáticos, como se vai às compras. Atualmente, um museu, quando atrai multidões, deve trata-las adequadamente e industrialmente para usufruir do grande jogo e do próspero negócio da cultura. A arte abandona as elites mas é transmitida às massas como objeto de consumo : museu-shopping.
Quais as possibilidades que o Masp teria na cidade de São Paulo, na formação e na transformação de sua sociedade? Quais os programas compatíveis com este museu, quais eram as idéias de Lina para a cultura e para a arte? Como poderíamos propor um edifício anexo de forma a respeitar sua integridade, ao contrário de sua ultima "revitalização" que propôs e consolidou alterações diametralmente opostas à concepção de lina?
O tfg percorre todo o histórico da fundação do masp, suas circuntâncias, sua primeira fase na rua sete de abril, o processo de projeto da nova sede na paulista, sua construção e inauguração, chegando a uma análise de sua situação atual. A pesquisa histórica nos faz perceber a amplidão de possibilidades de ações do Masp na cidade de São Paulo e como pouco a pouco esta importante intervenção foi perdendo espaço. Ainda que sob diversas criticas, é valorosa a idéia de um museu que se propõe a ser elemento ativo na cidade em que atua como em suas primeiras formulações na 7 de abril. Uma instituição que reconhece sua função social de formação e percebe a possibilidade de transformação que lhe pode ser atribuída.
Portanto o programa proposto para o anexo se estrutura em dois eixos: o primeiro, baseado na pesquisa histórica, é retomar o papel do MASP como museu ativo na formação da cultura em São Paulo, inserindo novos usos (salas de aula, ateliers ...) O segundo busca desafogar o corpo principal do MASP, valorizando sua função essencial, retirando todos os usos secundários e ampliando desta forma os espaços destinados a exposições.
Uma nova praça surge com uma alteração no desenho das ruas envoltórias. Desta forma, a parte posterior do MASP se transforma em um amplo espaço para o qual o museu se liga com a escadaria existente. Há uma inversão na circulação principal. Se por um lado desta praça pode-se entrar no hall cívico que se transforma em uma praça interna, destinada a exposições livres, por outro, ela estará no mesmo nível da praça de entrada do anexo, situado no terreno lateral ao MASP. O anexo é composto por dois corpos: o primeiro, visível da paulista, é uma lamina de concreto aparente que busca emoldurar o Masp e onde adota-se o partido do uso de um material semelhante mas que no seu tratamento contêm uma sutil diferença para evidenciar o novo do antigo. Um anexo que não agride o edifício principal, que não busca tornar-se um novo símbolo. Da avenida entra-se em uma grande praça através da qual por um plano inclinado se chega na entrada da lamina. A lamina composta por três empenas de concreto tem uma prumada de serviços. Entre as outras duas empenas consegue-se um espaço absolutamente livre, organizado pelas circulações verticais, onde as lajes ganham uma grande liberdade de disposição. O segundo volume é um edifício mais aberto e que se desenvolve nos níveis abaixo da paulista (815.00). O masp através de um túnel que se transforma em passarela na cota 805 se liga ao novo anexo.