Este trabalho foi desenvolvido como parte de um estudo iniciado em 2004 com o recebimento de uma bolsa de iniciação científica por parte da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - para o desenvolvimento de pesquisa acerca do Artesanato e do Desenho Industrial denominado "Políticas de Incentivo ao Artesanato no Brasil - Leitura Crítica e Estudo de Caso: O Projeto Artesanato Solidário". Este projeto evoluiu, entre 2005 e 2006 para o estudo do ecodesign e da reciclagem, o que foi registrado em diversos papers publicados em congressos, em uma publicação em revista na Design em Foco, da UNEB - Universidade Federal da Bahia - e um capítulo de livro, o "Estudos em Design nas universidades estaduais UNESP e USP", publicado em 2006 e culminando com o atual trabalho de graduação.
Foi também elaborado um paper, publicado no SIICUSP de 2006, denominado "DESIGN E SUSTENTABILIDADE: Projetos Integrados", acerca do mesmo tema e tratando do desenvolvimento desta pesquisa. No trabalho, são discutidos design, sustentabilidade, parâmetros para o projeto do produto e eco-design, procurando estabelecer idéias para o desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis, pensando-os desde seu projeto inicial, desenvolvimento, transporte, venda e uso, culminando no descarte, na desmontagem e reciclagem de seus componentes, re-inserindo-os na cadeia produtiva.
Para o desenvolvimento deste projeto foram feitas parcerias de estudo com a POLIMI - Politecnica de Milano e com a LIMPURB - Secretaria de Limpeza Pública de São Paulo. Trabalhou-se com o livro "O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais", de Carlo Vezzoli e Ezio Manzini, que foi obra básica para o desenvolvimento dos parâmetros de projeto constantes neste TFG.
Foram também feitas entrevistas com professores e pesquisadores do tema. A primeira entrevistada foi a prof. Miwako Suzuki, da Osaka City University Graduate School of Creative City Doctoral Course, que veio ao Brasil estudar o modo pelo qual a atividade do design pode promover o desenvolvimento sustentável. Segundo ela, o design brasileiro se pauta não somente no seu aspecto econômico, mas também em sua cultura, sociedade e aspectos ambientais. Ela acredita que o design pode contribuir em diversas dimensões para com a sustentabilidade global, principalmente através de sua vertente criativa, e seu trabalho se procura mostrar a parcela de influência e de poder de decisão do design no campo da sustentabilidade.
O segundo entrevistado foi o prof. Carlo Vezzoli, da POLIMI e também pesquisador da área de sustentabilidade e design e coordenador de diversos projetos de pesquisa. Nesta segunda entrevista, pôde-se complementar o estudo já desenvolvido, aprofundando discussões a respeito do design, assim como formas e instrumentos para tornar o design sustentável uma realidade mais próxima.
Segundo ele, "o designer não é um político: o designer é um designer. Mas isso não significa que o designer deva projetar somente produtos, mas sim que suas capacidades devem englobar outras dimensões"... "acredito que o designer não deveria trabalhar com as atribuições originais de designer, somente projetando produtos ou sistemas de comunicação, mas também deveriam se voltar para o projeto de sistemas, em um nível de intervenção mais elevado."
A sociedade de consumo atual está pautada em valores ligados à obsolescência programada e à cultura do "use e jogue fora". Neste contexto, a busca por alternativas que se propõe sustentáveis e de menor impacto ambiental deve ser sempre e cada vez mais constante, para que possamos preservar o meio-ambiente para as gerações futuras.
Este trabalho se propõe a estudar os componentes básicos e necessários para o desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis. Ele é composto por propostas em dois campos: no contexto da cidade e no contexto do projeto de produto. Em cada um dos núcleos, propostas e projetos são discutidos de modo a levantar hipóteses de intervenções no contexto da reciclagem, tanto para a cidade de São Paulo quanto para os produtos nela existentes.
Tratamos também do projeto de um produto completo, que leva em conta todos os itens sustentáveis desde a escolha dos materiais a serem utilizados até o método de descarte e de reaproveitamento dos mesmos, que passa a ser um item fundamental no desenvolvimento de produtos no século XXI. Há diversas áreas nas quais projetos que visam a redução da poluição ambiental, a conservação dos recursos naturais e a diminuição nos custos de produção dos materiais podem ser inseridos.
Através da leitura do trabalho, pode-se ter uma visão da complexidade desta problemática que povoará a produção de materiais e serviços nos próximos anos. Muitos exemplos de casos bem sucedidos são citados, mostrando como é possível se desenvolver um projeto sem ser barrado pelas questões econômicas e ecológicas, mas integrando-as com o próprio processo de desenvolvimento do produto.
A habilidade de arquitetos e designers neste campo é, então, essencial para que se busque o projeto não somente destes produtos, mas sim de sistemas que os tornem viáveis no âmbito econômico, político e social. A criatividade é um dos grandes aliados dos projetistas, e deve ser através dela que estas inovações tecnológicas devem se dar, buscando sempre contribuir para a formação de um contexto menos agressivo ao meio-ambiente e mais voltado para a melhoria de vida de seus habitantes e das cidades.
O estudo comparativo de cidades como Londres, Curitiba e São Paulo descortina diversas possibilidades de intervenção tanto urbana quanto mais pontual, buscando a melhoria das condições vigentes e colaborando para com a manutenção do meio e dos recursos naturais.
A cidade sustentável não se faz somente através de regras e valores científicos, mas principalmente através da atuação conjunta de seus habitantes na busca por um ambiente com melhor qualidade de vida e através do qual a atitude cívica de cada cidadão se possa mostrar qualificadora do ambiente e do relacionamento interpessoal.
