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secao 4!

Centro de Cultura e Lazer no Eixo Tamandutehy:

Fábrica da Música

Carina Brejeiro de Almeida

Khaled Ghoubar

INTRODUÇÃO

Santo André e a região do ABC são conhecidos nacionalmente por seu destaque como pólo industrial. No entanto, a partir da década de 80, as mudanças no cenário econômico mundial provocaram impactos no modelo de produção tradicional, afetando diretamente a região do ABC. Muitas indústrias com instalações e meios produtivos obsoletos não conseguiram se reestruturar frente a essas mudanças e, em situação de baixa competitividade, muitas fecharam, faliram ou transferiram-se para outras regiões.

Em conseqüência desta evasão industrial, a região do ABC apresenta hoje grandes áreas subutilizadas e terrenos abandonados pelas antigas indústrias. Na necessidade de se repensar o destino desses espaços, a Prefeitura Municipal de Santo André lançou o Projeto Eixo Tamanduatehy, em 1998, que prevê uma “requalificação urbana com sustentabilidade econômica, social e ambiental (1) com predomínio de atividades institucionais, comerciais e de serviços, além da criação de novas áreas públicas.

Assim, este trabalho vem propor o projeto de um centro cultural voltado para atividades relacionadas à música e espetáculos e também à formação e aperfeiçoamento de músicos. Pretende ser um pólo irradiador de cultura, um ponto de encontro de pessoas, um espaço dedicado à música e ao lazer, e inclusão social através da música. O objetivo é propor um uso coletivo desse espaço, revertendo, assim, a situação de abandono e degradação em que se encontra a região.

DIAGNÓSTICO DO LOCAL

O terreno escolhido para o projeto localiza-se dentro do perímetro do projeto Eixo Tamanduatehy, em Santo André, ocupado anteriormente pela IAP/COPAS (Cia. Paulista de Fertlizantes). Trata-se de um local estratégico, bastante acessível, por sua proximidade com a estação de trem, o terminal urbano e com a rodoviária. Ainda situa-se na confluência de duas vias de caráter metropolitano: a Av. dos Estados e o Viaduto Pres. Castelo Branco, que faz ligação viária com São Bernardo do Campo (Via Anchieta). Portanto, a infra-estrutura disponível para o transporte cria condições para o acesso da população de diversos lugares e níveis sociais.

Novos empreendimentos vêm surgindo nesta região, por conta do Projeto Eixo Tamanduatehy: centros de comércio, serviços e o setor terciário avançado com ensino superior (UniABC, UFABC, FGV- Strong), ainda com a permanência de algumas indústrias. As transformações que vêm ocorrendo mostram o potencial de investimentos possíveis para essa área, com novos usos aliados à requalificação do espaço urbano.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

1.Demolir os antigos galpões e manter a edificação que anteriormente foi o refeitório da fábrica, por apresentar linhas modernas e presença marcante na paisagem da Av. Industrial, propondo o novo uso de restaurante.

2.Continuação das ruas nos fundos do terreno, com ciclovia e passeios arborizados, resgatando a ferrovia para a paisagem da cidade.

3.Criar passarela de pedestres para unir os dois lados da cidade separados pela ferrovia, transformar o campo de futebol em quatro quadras poliesportivas, possibilitando o uso deste espaço por um número maior de pessoas.

4. Redesenho da praça Galdino Ramos da Silva para integrar-se ao desenho da Fábrica da Música e manutenção das árvores existentes.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

As edificações propostas para compor esse centro musical são:
-Auditório
-Escola da Música
-Praça da Música
-Praça de chegada (elevada 1,5m)
-Estacionamento
-Restaurante (edificação existente)

Partiu-se da idéia de estabelecer uma 'praça de chegada', de acolhimento das pessoas vindas da estação de trem, da rodoviária, do terminal, do outro lado da passarela, sendo uma praça elevada 1,5m, que também dá acesso às edificações do complexo que 'pousam' sobre ela: a Escola da Música e o Auditório. Meio nível enterrado em relação à rua, embaixo da praça elevada, funciona o estacionamento coberto.

A Escola da Música é um edifício alongado, disposto perpendicularmente à praça elevada e paralelamente à ferrovia. As peças de variadas geometrias que dão idéia de movimento da fachada configuram um grande painel, que identifica o complexo musical na paisagem para quem está passando de trem. Abriga quatro lajes de largura alternada sobre pilotis para, assim como a música, fazer o espaço fluir em todas as direções. No primeiro pavimento, desenvolvem-se as atividades mais públicas, como uma extensão da cidade: área de exposições e de espera na entrada, área de convivência, lanchonete, espaço multimídia e biblioteca. O segundo pavimento abriga as atividades administrativas, já o terceiro e o quarto são dedicados ao ensino e ensaios das aulas de música.

O Auditório com capacidade para 618 lugares adquire na linha de inclinação da sua platéia a sua forma exterior. Externaliza sua função e cria espaço agradável coberto abaixo da platéia, na praça da música, onde rodinhas de amigos jogam conversa fora, crianças podem correr à vontade, grupos de encontro ensaiam com seus instrumentos e onde o som desconhecido da viola atrai um aglomerado de curiosos. Sua estrutura em quatro pilares de seção quadrada que se transformam em dois pares de vigas-parede dão o caráter de peso ao edifício, mas que ao chegar próximo ao chão, não encosta nele, apenas pousa sobre a praça. Nas vigas-parede de concreto se apóiam todas as lajes e o sistema de rampas, que vai mostrando, a cada meio nível, as funções no edifício. Circula-se por elas a partir do estacionamento, e vai descobrindo a praça da música e a praça elevada, em seguida a bilheteria, depois, a loja de souvenirs, o café no meio nível entre os dois foyers, depois do mezanino, os sanitários e, por fim, a administração. Todos abertos para as rampas e o espaço fluindo entre o interior e o exterior.

A música invade a praça quando o palco se abre para apresentações ao ar livre. E a cidade vira platéia deste espetáculo.

FICHA TÉCNICA

Dimensões do terreno: 202,60m x 202,30m
Área total do terreno: 45700 m2
Área total construída: 31861 m2


  1. Prefeitura Municipal de Santo André, Secretaria de Desenvolvimento Urbano. 'Projeto Eixo Tamanduatehy: urbanismo includente e participativo'. 2001.

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bibliografia

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