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secao 4!

Museu no Largo São Bento

 

Cristiano Lins Bezerra

Silvio Soares Macedo

Contexto e localização

Este trabalho é uma reflexão sobre a possibilidade da inserção de um espaço expositivo, ou museu, não necessariamente com acervo fixo, mas destinado a exposições de arte.

O local escolhido foi o Largo de São Bento em São Paulo pela presença do metrô, pela localização no centro histórico da cidade e pelo desafio de locar um novo equipamento em um espaço cheio de significados para a cidade.

O largo em si é delimitado basicamente pelo Mosteiro de São Bento ao norte, um casario do século XIX (atualmente com uso comercial) a leste, a empena cega de um edifício no sul (com um tratamento visual, em escala monumental, pelo artista Maurício de Nogueira Lima), o desnível com o Vale do Anhangabaú a oeste e uma das extremidades do Viaduto Santa Ifigênia a noroeste (posições geográficas por aproximações!).

Também são importantes para compreender o Largo: a praça rebaixada criada pelas obras do Metrô, um lote sem uso determinado faceando a empena utilizada no painel do artista Maurício de Nogueira Lima e uma galeria que, além de abrigar a saída do Metrô para a Rua São Bento, possui uma estrutura dimensionada para uma torre de 10 andares (além do piso térreo e da sobreloja) que não teve sua construção concluída.

Serão tratadas questões sobre a ocupação de alguns dos espaços e as cotas existentes neste local. A intenção do projeto não é "corrigir" a cidade, mas revelar uma nova disposição espacial na história deste lugar.

Neste caso a história é vista como algo dinâmico que, ora associa desejo e realização, ora os contrapõe.

A arquitetura não é apenas interpretar fluxos: é inventar novos fluxos.

Programa

A proposta abordará cinco aspectos principais:

A mudança de uso do subsolo do Largo São Bento: com área climatizada para exposições, jardim do museu, acessos e restaurante do museu;
O redesenho do desnível entre o Largo e o Vale do Anhangabaú (incluindo parte da área sob o Viaduto Santa Ifigênia);
A inclusão do lote faceado pelo painel do artista Maurício na empena cega do "edifício sul", incluindo ali uma loja/livraria para o Museu;
O aproveitamento da estrutura ociosa na galeria existente (São Bento X Boa Vista) para a construção de uma torre de 10 andares com a função de atender as demandas do corpo administrativo e de apoio;
Integração de diferentes ambientes para exposições de arte;

A ocupação das áreas teve como objetivo não encerrar o projeto em um artefato isolado, mas, valendo-se da estrutura proporcionada pela estação São Bento, explorar e integrar formas distintas de pensar a cidade.

Seguindo este raciocínio foi reavaliado o uso atual da praça rebaixada como "praça de alimentação" (nos moldes dos Shoppings Centers da cidade) utilizando-a em parte como área do "museu" e reorganizando o restante do seu espaço. Também foi revisto a ocupação sob o viaduto Santa Ifigênia atualmente utilizado como "fundos" de um restaurante. Quanto ao lote situado ao sul da praça: foi rebaixado para que se estabeleça o acesso pelo subsolo; a ligação com a superfície será pela Rua Libero Badaró (onde temos a cota mais baixa). Finalmente a área administrativa e de apoio foi situada na "futura" torre entre a Rua Boa Vista e a Rua São Bento.

A implantação geral buscará fugir dos padrões convencionais de ocupação do lote de acordo com as exigências legais do código de obra vigente. Dessa maneira será feita uma revisão crítica sobre o local, a arquitetura em prática corrente e os conhecimentos produzidos pela FAU-USP.

Desenvolvimento

Neste momento busquei um desenho que dialogasse de uma forma menos impactante com o Largo. Que ajudasse a configurar o espaço e não simplesmente o negasse. A integração com o metrô e o acesso à sala de exposições continuavam a configurar dois importantes desafios.

E mais: era necessário pensar em espaços diferenciados (que fugissem da monotonia de uma único ambiente), nos programas diversos que um local voltado a exposições artísticas requer e espaços para administração, gestão, apoio, sanitários; tudo em uma nova escala.

Aos poucos a sala para exposições suspensa foi sendo desenhada mais à periferia. Para não comprometer a configuração do Largo.

Desenvolvimento (Parte 2)

Uma observação mais detalhada do uso vigente do local resultou nas seguintes considerações:

Toda a área do subsolo do Largo foi transformada em um tipo de "praça de alimentação", apresentando uma ocupação que apenas atende aos interesses do capital, restringindo seu uso a poucas horas do dia (das 11h00min às 13h00min e no final da tarde, principalmente na sexta-feira) com a proposta de "revitalização".

Entretanto este modelo revitalização foi baseado em um processo de exclusão. A área em questão foi, durante a década de 1990, famosa por reunir membros do movimento Hip-Hop aos sábados para demonstrações de dança (B-Boys), troca de informações sobre o que havia de novo em questão de grafite e skatismo e até apresentações musicais (Dj's e MC's) (antes de transformarem o palco do projeto original em uma "floreira").

Desenvolvimento (Parte 3)

Finalmente, em pesquisas junto ao departamento de arquitetura do Metrô, foi constatada a existência de uma estrutura para uma torre de 10 pavimentos sobre a galeria existente na esquina da Rua São Bento e Rua Boa Vista, que abriga uma das saídas do Metrô. Este edifício, que ficaria sob a administração da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, nunca foi construído. Provavelmente por falta de recursos ou mudanças de planos com a construção já em andamento. O que certamente podemos concluir é a existência de mais uma estrutura subutilizada na cidade.

Nesta torre estariam concentradas a administração, a área de apoio, arquivos, eventual depósito de acervo, área para pesquisas, auditório, entre outros.

O Projeto

O projeto começa a ganhar suas configurações principais:

Um jardim do "Museu" que ocuparia a área entre o edifício principal e desnível com o Vale do Anhangabaú;
Uma estrutura reticulada e vazada que configuraria o espaço do jardim e serviria de marco de referência para quem estivesse no Anhangabaú;
Um edifício principal transparente que fosse o centro de todo espaço;
A sala de exposições elevada com dimensões mais adequadas: 6,5m de largura por 7,5m de altura;
O nivelamento do terreno ao sul do Largo com o Subsolo e a instalação de uma loja/livraria do Museu.
Um edifício para fins administrativos com varandas ajardinadas que poderiam ser apreciadas pelos usuários do edifício e da cidade;

Entretanto novas questões surgem nesta fase projeto:

A sala para exposições suspensa ainda não dialogava com o Largo de maneira a reforçar suas virtudes;
Seria coerente que a laje de cobertura pudesse ser acessada pelos usuários para exposições ao ar livre;
A torre não deveria ignorar o recuo com o edifício ao lado (pela Rua São Bento;

As novas edificações do projeto serão em estrutura metálica pintadas de branco para o edifício central, seu anexo sob o viaduto Santa Ifigênia e o acesso sul ao salão elevado.

A torre para os setores administrativos e de apoio será em estrutura metálica pintada de branco e com painéis de fechamento em concreto armado na fachada. O salão elevado em estrutura metálica revestida externamente por chapas de alumínio.

 

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