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secao 4!

vídeo - aqui jazz canteiro

cooperativa de construção

Daniel Figueira de mello Paulino da Costa

Carlos Roberto Zibel Costa

O vídeo é baseado em entrevistas com pessoas que participaram da tentativa de montar esta cooperativa composta inicialmente por arquitetos, com o intuito de romper a barreira que existe entre projeto e execução. Durante o período de cerca de dois anos de atuação prática, o grupo desenvolveu trabalhos ligados à construção civil, marcenaria e cenografia, com uma ênfase maior na área de construção civil, projetando e/ou executando. Fiz parte deste grupo de agosto de 2005 até seu fim em outubro de 2006. Ao longo deste período houveram mudanças tanto na composição do grupo, que incorporou alguns não arquitetos (pedreiros, carpinteiros, marceneiros), quanto na sua forma de organização. Nem todos os entrevistados estiveram em todas as fases retratadas no vídeo.

O trabalho investiga as questões que levaram o grupo a se desfazer, e procura levantar todas as questões suscitadas pelas pessoas que passaram por esta experiência. A intenção foi ouvir o maior número de opiniões às vezes bastante divergentes sobre esta experiência, para obter uma maior compreensão das questões debatidas, evitando assim uma única visão, fechada, sobre o assunto.

Apesar da decepção pelo fim do projeto, achei que havia um conhecimento acumulado dos tempos vividos intensamente por todos seus integrantes e histórias a serem contadas, além de sentir uma necessidade de pesquisar quais teriam sido os motivos que fizeram o grupo se desfazer. Longe de querer tomar o caso como exemplo a ser seguido, o que mais me interessou foi o olhar crítico sobre a experiência.

As entrevistas

Intrigado em como fazer para estabelecer uma boa dinâmica com o entrevistado com a câmera ligada, fui assistir ao "Edifìcio Master", do Eduardo Coutinho. No DVD, além do filme, existe a opção de assisti-lo em uma versão comentada pelo diretor, onde ele fala justamente em como estabelecer este jogo com o entrevistado e conseguir extrair a espontaneidade e o lado intuitivo do entrevistado. Me dei conta da importância do olho no olho, da atenção total do entrevistador ao entrevistado e de colocar as perguntas no momento em que as questões são levantadas pelo entrevistado, estabelecendo um jogo de retroalimentação.

O roteiro estava ficando mais claro para mim neste momento, e tive a clareza da importância de uma terceira pessoa na entrevista que estaria ocupada em filmar e estar atento às questões de fotografia. Num primeiro instante imaginei que seria interessante que esta pessoa que filma não precisaria ser sempre a mesma. Tive a idéia de convidar pessoas do canteiro que já tivessem sido entrevistadas para filmar as entrevistas posteriores. Nesta época, um amigo meu me disponibilizou a filmadora VHS-C dele por tempo indeterminado para que eu pudesse realizar o trabalho.

O trabalho final junta também um segundo bloco de entrevistas realizadas em maio de 2007. Neste segundo bloco de entrevistas, acabei abrindo mão do operador de câmera ser um ex-integrante do canteiro. O Guilherme, amigo meu que está no último ano do curso de imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos se colocou à disposição para filmar as entrevistas que faltavam em uma semana que ele poderia passar aqui em São Paulo. Estabelecemos então uma dinâmica de fazer a entrevista, assisti-la juntos, comentando tanto as questões da dinâmica da entrevista como de fotografia e de questões técnicas. Fizemos de uma a duas entrevistas por dia, sempre assistindo e avaliando no final do dia como havia sido. Este segundo bloco de entrevistas foi feito com uma filmadora mini-DV, emprestada por uma amiga minha.

O roteiro de perguntas foi pensado como um roteiro aberto. Ele servia mais como base do que como regra para as entrevistas. O que mais me interessava era deixar o entrevistado à vontade para fazer críticas sobre a experiência e se possível levantar questões que eu não tinha levantado previamente.

Edição e montagem

Terminada esta fase das entrevistas, com 12 horas de material bruto mais diversas fotos e alguns trechos de filmes das diversas fases do canteiro, começava a fase de edição e montagem do vídeo.

O critério de edição era tentar conseguir selecionar o maior número possível de questões levantadas, comprimidas no menor espaço de tempo possível.

O trabalho em cima do material bruto teve então algumas fases. A primeira foi a minutagem de todas as entrevistas, anotando todas as questões levantadas e em quais trechos das entrevistas elas se localizavam.

Os temas podem ser classificados em dois grandes grupos: os trabalhos executados e assuntos que não se relacionam diretamente com algum trabalho específico. A partir destes grupos houve um longo processo de edição.

Ao final deste processo eu já tinha vários blocos com uma unidade entre os fragmentos selecionados. A partir disso, pude fazer alguns testes de ordenação dos blocos e pensar um formato que apresentasse as questões de um modo que me agradasse.

formato final do trabalho

O formato final é um DVD. Pensei três formas diferentes de se assistir ao material selecionado e sintetizado. Uma é no formato filme, assistido na ordem escolhida por mim.

Outra possibilidade é de se assistir aos blocos dos filmes divididos em capítulos. Cada bloco tem uma unidade entre si, mas o espectador escolhe quais capítulos quer assistir e em que ordem.

Por fim existe a possibilidade de se assistir aos capítulos em ordem aleatória (questões técnicas e o fator tempo impediram que eu pudesse possibilitar esta última opção). Estas duas últimas opções permitem numerosas combinações entre si, possibilitando diversas leituras do material selecionado por mim e colocado à disposição de quem assiste.

Vale aqui ressaltar que o formato digital influenciou profundamente o resultado final do trabalho. Ele permite uma manipulação muito mais intensa do material bruto e um número muito maior de experimentações. Desta forma, as fases de projeto e execução não precisam estar tão fechadas em si. Há um diálogo muito maior entre o que tinha sido inicialmente pensado e o resultado obtido momentaneamente.

 

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