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secao 4!

Habitação na Zeis do Bixiga:

Sistema Combinatório de Habitação na Rua do Meio

Daniella Gorayeb Speziali

Alvaro Luis Puntoni

A cidade de São Paulo vive hoje o aprofundamento de suas contradições espaciais. O centro expandido da cidade, dotado de infra-estrutura urbana, vem perdendo habitantes enquanto a periferia do município recebe uma grande quantidade de novos moradores. Concomitantemente a vida urbana e a qualidade de vida de seus habitantes vêm se deteriorando. Esse trabalho de graduação tem como tema o projeto de habitação numa área do centro expandido da cidade, a grota do Bexiga, no bairro da Bela Vista, visando a valorização da infra-estrutura existente e buscando conciliar vida urbana com qualidade de vida.

Com o interesse pela questão habitacional no centro da cidade definido, um critério para adoção de uma área de estudo foi escolher uma das Zeis 3 definidas pelo Plano Diretor (áreas com predominância de terrenos ou edificações subutilizados, dotados de infra-estrutura, serviços urbanos e oferta de empregos, para a promoção do uso habitacional de interesse social ou de mercado popular, e para melhoria das condições habitacionais da população existente). Em muitas dessas áreas, a necessidade de intervenção é historicamente discutida.

É o caso da área de intervenção definida para esse projeto, a Zeis 3 coincidente com a Grota do Bexiga. Já em 1972, o arquiteto Paulo Mendes desenvolvia uma proposta para a área, através do COGEP, que não foi realizado. Os problemas levantados de sub utilização de uma área dotada de ampla infra-estrutura urbana, a existência de cortiços, etc, persistiram e se agravaram. O fato da área não ter sido alvo dos interesses do mercado imobiliário permitiu que se mantivessem características originais da formação do bairro, testemunhos de uma vida urbana que vem se perdendo na cidade de São Paulo.

Pessoas na calçada, conversando, que passam e se cumprimentam, crianças jogando bola na rua, famílias que estão na região há gerações, passando aos filhos suas profissões, tradições, etc. A força da cultura local, baseada em tradição, história, carinho pelas origens, consagrados por muita música e festas de rua, também é um fator fundamental para a manutenção desse sentimento de comunidade. Esses elementos contribuíram decisivamente para escolha dessa Zeis específica, e todo o modo de olhar a área e pensar o projeto está influenciado por esse sentimento de valorização dessas características locais.

Criação de dois pólos e um percurso

O partido para a Zeis foi criar dois pólos formados por equipamentos urbanos, conectados pela Rua do Meio, norteadora para a implantação dos edifícios habitacionais, e em relação a qual são propostas algumas ligações transversais para o pedestre que melhoram a conexão da área com o bairro.

A quadra da escola de Samba da Vai-Vai, no extremo esquerdo da Zeis, e toda a tradição musical do bairro, sugeriram o programa de um dos pólos. Um equipamento para a cidade, composto por uma praça para todos os tipos de manifestações, pela quadra da escola de samba Vai-Vai, e uma Escola de Musica. No outro extremo, as duas encostas cobertas por verde sugeriram o programa, o Parque da Bela Vista, aliado a um equipamento educacional inserido na área verde.

Rua do Meio

Como percurso entre os dois pólos, a Rua do Meio. O intuito é de que ela funcione como um espaço para manifestações culturais, além de propiciar a convivência cotidiana dos habitantes da região. Para isso foi proposto um desenho que evidenciasse o percurso entre os dois pólos e ao mesmo tempo criasse certas áreas de estar urbano onde pudessem acontecer encontros cotidianos, atividades culturais, de lazer, etc.

Transposições transversais

O intuito para os percursos transversais é de que conectassem as três vias principais da área, hoje muito isoladas. Na medida do possível as transposições são feitas através dos edifícios habitacionais, ou relacionados a eles. A idéia é que o percurso dos pedestres é bem vindo, de que a vida urbana faz parte da habitação. Trata-se de uma tentativa de não inibir as relações existentes com a rua atualmente no Bexiga, mas de possibilitar que estas aconteçam mais e de formas mais variadas.

Apesar de todas as ligações transversais e dos "pátios" criados pela posição das laminas habitacionais serem de livre acesso, buscou-se sugerir uma gradação de usos. As transposições relacionadas aos "estares urbanos" e ao conjunto do bairro da Bela Vista, seriam as mais movimentadas. As demais transposições provavelmente se dariam para trajetos mais específicos, de um lugar a outro dentro da própria área de intervenção.

A implantação dos edifícios habitacionais

Após uma série de estudos decidiu-se por implantar as habitações em edifícios lamina, independentes em principio, de modo a criar espaços internos à quadra para uso dos habitantes dos próprios edifícios e do bairro. Acredita-se também que essa implantação possa propiciar uma maior variedade de espaços que, com um projeto mais detalhado de paisagismo, sugiram diferentes usos.

Após uma série de estudos decidiu-se por implantar as habitações em edifícios lamina, independentes em principio, de modo a criar espaços internos à quadra para uso dos habitantes dos próprios edifícios e do bairro. Acredita-se também que essa implantação possa propiciar uma maior variedade de espaços que, com um projeto mais detalhado de paisagismo, sugiram diferentes usos.

È proposto que apesar das laminas estarem implantadas separadamente umas das outras, exista um sistema de conexão destas através de passarelas, que poderia proporcionar maior fluidez para a circulação de pessoas, possibilitar encontros e também maior acessibilidade para deficientes físicos, já que alguns dos edifícios seriam equipados com elevadores.

Edifício tipo

A proposta inicial é de 5 pavimentos, com térreo para uso comercial e de serviços, a circulação vertical através de escadas e o acesso aos apartamentos coletivo. A estrutura é em concreto armado e a varanda e circulação em estrutura metálica, em parte apoiada diretamente no chão, em parte engastada na estrutura de concreto. A técnica para a concretagem poderia ser a de sistema de fôrma túnel, onde paredes e lajes são concretadas integralmente. Esse sistema beneficiaria a flexibilidade interna da unidade.

O edifício tipo apresentado individualmente mostra de maneira geral como funcionariam todos os edifícios, mas considera-se que variações desse sistema para melhor adequação à situação de implantação são perfeitamente cabíveis. Trata-se de uma lógica, mas não uma regra.

Sistema Combinatório de Habitações

O partido para as unidades foi desenvolver mais de um tipo de apartamento, o que poderia caracterizar e diferenciar as unidades de HIS, HMP, ou de outro caráter de financiamento e público alvo, ainda que este em menor número já que a prioridade da área é habitação social. As unidades fazem parte de um sistema que permite uma liberdade muito grande de combinações das diferentes unidades habitacionais.

 

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