A Bacia Hidrográfica do Rio Pirajussara apresenta 90% de sua área impermeabilizada. O resultado é uma série de problemas ambientais, principalmente com as águas dos rios e córregos, uma vez que suas margens estão praticamente impermeabilizadas. Para resolver o problema das enchentes, utilizam técnicas que podem até surtir algum efeito, mas aumenta a degradação ambiental e a distância da população de seus recursos naturais. Taboão da Serra, um município à sudoeste de São Paulo, determinou em seu Plano Diretor Participativo o desenvolvimento de um sistema de áreas verdes, com a finalidade de minimizar os efeitos da intensa urbanização promovida, principalmente, pela construção da Rodovia Régis Bittencourt na década de 1960.
O Sistema de Áreas Verdes torna-se realidade através da Diretoria de Meio Ambiente, a qual está empenhada na concepção e construção de inúmeros espaços livres na cidade. Apesar de alguns problemas de gestão desses projetos, a iniciativa da Prefeitura de Taboão da Serra é louvável, pois valoriza o cidadão requalificando o espaço livre público.
Uma das demandas da Prefeitura é um parque linear no bairro chamado Parque Laguna. Este bairro localiza-se em uma importante região da cidade: ali existe o um importante remanescente da Mata Atlântica, uma das poucas áreas verdes que ainda existem no município. Essa região faz divisa com São Paulo e Embu, e é uma conexão com o recém projetado Parque Tizo. Este parque é o resultado da mobilização da comunidade para a preservação da mata existente na Fazenda Tizo, abreviatura para 'Terras Institucionais da Zona Oeste'. Sua importância deve-se a sua localização, já que avança sobre terras dos municípios de São Paulo, Cotia e Osasco e ainda faz divisa com Taboão e Embu.
Para o Parque Laguna, foram feitos dois projetos. Um a partir das condições reais da prefeitura para a sua construção. O outro, produto deste trabalho, aproveita da liberdade de um projeto acadêmico para incorporar propriedades e renaturalizar o córrego. Por falta de dados técnicos, a descanalização e renaturalização fica como sugestão de desenho, uma vez que se faz necessária uma profunda análise hidrodinâmica para a reabertura do canal. O processo participativo garantiu o contato com as expectativas e necessidades dos moradores, e as oficinas foram importantes momentos de trocas. E foi de comum acordo que foi criado um mini sistema de lazer, utilizando as escolas próximas (EMI Piteco e EE Fernando Milano) para uso recreativo. Mas com a adição de dois terrenos, foi possível alocar algumas demandas como quadra e skatepark, situação esta que não ocorre no projeto "real".
Sentiu-se a necessidade da construção de uma sede social, portanto ao norte do conjunto habitacional tem-se o Centro Comunitário para atividades diversas como cursos, atividades para a terceira idade e reunião dos moradores, pois estes que irão gerir todo o espaço. Descendo, a entrada para o Recanto das Cachoeiras leva ao brinquedo aquático, desenhado para que as crianças possam usar sem que o córrego fique comprometido. Dali, uma trilha parte em direção à escola, onde um deck servirá para aulas ao ar livre. No parque, três praças pavimentadas recebem seus usuários, partindo deles vários caminhos que levam ao interior do parque. É importante ressaltar que ligações entre as ruas do entorno foram reestabelecidas, e a solução para o piso garante acessibilidade ao mesmo tempo que não impermeabiliza esta área de proteção permante. A arborização das áreas condominiais será realizada através do programa escolar Uma Fruta no Quintal, no parque e nas áreas públicas, árvores frutíferas e floríferas foram escolhidas para atração de pássaros e também por serem as mesmas espécies utilizadas no Parque Tizo, garantindo uma identificação paisagística entre os parques. Próximo da EMI Piteco, dá-se o início da ciclovia, que ultrapassa os limites do parque e chega até o Parque Linear Poá, fechando este mini sistema de áreas verdes do Parque Laguna.
