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secao 4!

Novo Modelo de Inserção do Pátio do Pari na Cidade de São Paulo

 

Myriam Tschiptschin Francisco

Anália Maria Marinho de Carvalho Amorim

ANTECEDENTES

Este trabalho procura dar continuidade ao estudo sobre o Pátio do Pari, Área Central de São Paulo, iniciado na disciplina de Graduação da FAU-USP "Intervenções na Cidade Existente" e que, posteriormente, teve continuidade através do "Estudo Urbano e Urbanístico do Vetor Leste do Centro de São Paulo", coordenado pelo LUME/FAU/USP, do qual participei como estagiária de um dos escritórios envolvidos.

Por outro lado, este trabalho final de graduação expressa minha vontade de ter como objeto projetual um edifício histórico da cidade de São Paulo que apresentasse a necessidade de modificação de seu uso para atender à demanda de uma nova cidade, de uma nova sociedade. Sobretudo, expressa um desejo de contribuir para que se torne possível o resgate da memória urbana da cidade de São Paulo, que claramente se desfaz ao longo do tempo.

A partir da análise urbana realizada no Pátio do Pari, pude selecionar, dentro da complexidade do bairro, três principais desafios projetuais. O primeiro se relaciona à escala urbana e consiste na questão da micro e macro-acessibilidade, ou seja, respectivamente, a relação pedestre/ território e a inserção do Pátio na malha viária estrutural da cidade. O segundo consiste em entender quais são as atividades existentes, interessantes à dinâmica da área, para então potencializá-las; e o terceiro seria o de resgatar a memória do bairro, através da revitalização de edifícios históricos representativos.

PROGRAMA

Proponho neste Projeto, como resposta às dificuldades de micro e macro-acessibilidade, a criação de uma Estação Intermodal no Pátio do Pari, que servirá como forma de transposição da ferrovia pelos pedestres e estará conectada às redes metroviária, num prolongamento da Linha Amarela, e ferroviária da cidade. Além disso, essa Estação será o Terminal Remoto Aeroportuário (TRA) do novo serviço Expresso Aeroporto de trem de superfície.

O TRA Pari será um edifício multifuncional, composto por Plataformas de metrô no subsolo e de trêm na cota 0m, uma Praça Elevada, com Comércio e Bilheterias, na cota 6m e, a partir de então, iniciam-se dois diferentes volumes: um de Escritórios, com oito pavimentos, e o outro de Hotel, com três pavimentos de apartamentos. Na cota 12m encontra-se um pavimento comum entre os dois volumes, no qual se localizam respectivamente um Auditório e a Área de Lazer do Hotel, interligados por uma passarela.

Ao Norte do TRA Pari, ocupando uma área de aproximadamente 80.000m², o Projeto prevê um Parque, no qual deverá ser construída uma Marquise, que abrigará a Feira da Madrugada, citada anteriormente, além de uma infra-estrutura destinada ao esporte. Os ônibus atraídos pela Feira, oriundos das mais diferentes cidades da América do Sul, poderão ser estacionados nas 108 vagas do piso térreo do Edifício de Estacionamentos, que o Projeto também prevê, ao Norte do Pátio. Nos cinco pavimentos superiores, este edifício oferece, no total, 700 vagas para automóveis.

Com o objetivo de potencializar a existente atividade têxtil e agregar à ela um caráter cultural, proponho a reciclagem dos três edifícios que compõem hoje o antigo RSJ no Pátio do Pari, para a criação de Ateliês Abertos de Costura, Centro Cultural da Moda e Área Livre para Comércio de Ambulantes (1A, 1B e 1C respectivamente, nas Implantações).

RSJ COMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Pelo fato do RSJ não ter sido uma Estação de passageiros, e sim de mercadorias, é possível notar alguns "descuidos" arquitetônicos em sua composição, como a escassez de luz natural, caixilhos muito pesados e rampas excessivamente íngrimes. Entretanto, até mesmo sob o olhar de um leigo, o RSJ demonstra sua autenticidade, enquanto marco representativo de um tempo, de uma cultura e das influências da arquitetura inglesa, nação de importante papel no desenvolvimento do Brasil do final do século XIX. Por estas razões, ainda que tardiamente, o RSJ passa a ser visto pelo Poder Público como objeto a ser preservado.

COMO INTERVIR

No estudo a respeito das diferentes formas de intervenção, através do restauro ou da reciclagem em obras históricas, pude concluir que mesmo que o autor, responsável pela intervenção, cometa o erro de querer "copiar" as características originais do edifício, a perda da autenticidade se fará visível, porque a ação do homem carrega sempre a marca do seu próprio tempo.

O partido maior, orientador do Projeto, expressa minha busca em preservar a história deste edifício. Em seu funcionamento, até a década de 70, os trens desviavam da rota principal da ferrovia para entrar no volume central do RSJ de cota 0m, entre as duas plataformas de cota 1m, para então serem descarregados ou carregados de mercadoria. Como, posteriormente, o trem voltava de ré através dos trilhos, executando uma manobra para retornar ao seu percurso original, as plataformas se configuravam em forma de "U", não havendo a necessidade de delimitar uma passagem.

Em meu projeto, proponho a demolição somente da base do "U" da plataforma, com o objetivo do transformar o antigo leito do trem em uma longa rua de pedestres, que vem desde a passarela do TRA Pari, percorrendo todo o RSJ, até chegar a uma grande porta de vidro projetada que se abre para o centro da cidade.

Minha proposta de intervenção no RSJ apóia-se na idéia de uma das correntes dos teóricos da restauração, de que se deve fazer clara a distinção entre o Novo o e o Antigo. Procuro no desenho fazer com que esta composição proposto / existente seja feita de maneira harmônica, sem que o Novo prejudique as características originais relevantes à compreensão estética e histórica do edifício. Em contraposição, evito que elementos existentes sejam entraves para a qualidade e bom funcionamento do novo uso que o edifício assumirá.

O constante debate sobre o ato do restauro também trouxe um outro conceito que se encontra embutido em minha proposta: o de que as marcas do tempo são o mais belo atributo de um edifício e de que elas carregam uma intensa força emocional. Assim, proponho a manutenção das ruínas remanescentes, para servirem como palco de desfiles de moda, teatro ou shows).

Este trabalho, por ter tido como objeto um edifício pertencente ao Patrimônio Histórico da cidade de São Paulo, representou um grande desafio devido à quantidade de questões envolvidas na sua transformação. Esse desafio se tornou ainda maior pelo fato do edifício estar dentro do Pátio do Pari, gleba que atualmente representa grande interesse, tanto para o Poder Público, como para Empresas. Além, é claro, para Universidade, que vem continuamente estudando, debatendo e fazendo proposições diversas para a Área. A Universidade assume o Pátio do Pari como peça determinante nas relações da Área Central de São Paulo, do ponto de vista ecônomico e social, mas, principalmente, na melhoria das condições de nosso habitat.

 

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