Estacionamento para Bicicleta Com Estrutura Modular Em Madeira Laminada e Integração Ciclo-Metroviária
Pedro Puglia Schneider
Julio Maia de Andrade
A cidade de São Paulo apresenta hoje uma situação crítica em relação à circulação. O tempo perdido nos percursos é cada vez maior, aumentando os gastos com o deslocamento propriamente dito e diminuindo os períodos de trabalho, descanso e lazer do indivíduo.
Como uma alternativa viável e de custo relativamente baixo para melhorar essas condições e as de habitabilidade e qualidade de vida na cidade, a implantação de ciclovias ao longo da malha urbana e a integração destas com os meios de transporte públicos, já disponíveis à população, se mostrou muito eficiente em diversos países do mundo.
Esta implantação consiste em: recuperar trechos de ciclovias já existentes; executar uma malha de ciclovias e ciclofaixas que permita a utilização da bicicleta como veículo de transporte diário; instalar, por toda a cidade, estacionamentos de bicicleta, paraciclos e postos de suporte ao ciclista (informação e manutenção) e promover a integração deste sistema com os demais (ônibus, metrô e trem) para aumentar ainda mais o raio de deslocamento do ciclista.
Os resultados beneficiam direta e indiretamente toda população.
O propósito deste trabalho é desenvolver um estacionamento para bicicletas, com estrutura modular, em madeira laminada, para produção industrial e inserção na cidade.
Este projeto tem como ponto de partida a circulação urbana e a integração ciclo-metroviária, e como área de implantação, no bairro Sumaré, Zona Oeste de São Paulo, o cruzamento da ciclovia no canteiro central da Av. Sumaré/Av. Paulo VI, na cota de nível 786, e a Estação Sumaré de Metrô, na cota de nível 812.
O estacionamento de bicicleta foi desenvolvido visando a atender as necessidades do mobiliário urbano, o desenho procurou explorar as qualidades físico-químicas da madeira e as propriedades da laminação, buscando um resultado plástico leve, aliado à funcionalidade e ao não desperdício de material.
Parque linear, Ciclovia e Integração Ciclo-metroviária.
Como proposta de intervenção na cidade, com objetivo geral de melhoria da qualidade de vida na metrópole e melhoria da circulação urbana, o projeto buscou preservar, ampliar e incentivar as qualidades de utilização do canteiro central da av. Sumaré/av. Paulo VI, no bairro Sumaré, Zona Oeste de São Paulo.
Atualmente a ciclovia no canteiro central é utilizada basicamente para a prática de exercícios. Em virtude do percurso curto e sem atrativos nas extremidades a bicicleta quase não é usada neste trecho.
Em diversos horários do dia e da noite, pode-se observar pessoas treinando e caminhando pelo canteiro central. Essa apropriação dos espaços pelos cidadãos é muito interessante e não podia ser deixada de lado no projeto.
Em entrevista com vários usuários do local foi possível constatar a existência de diversos pontos de demanda e a necessidade de elaborar intervenções simples para configurar o espaço em uma espécie de parque linear para a prática esportiva. Deslocando-se a ciclovia para as laterais, onde hoje está instalada uma faixa exclusiva para motos, pode-se tratar o canteiro central com iluminação adequada e equipamentos de suporte à prática esportiva (barras de alongamento, flexão, bebedouros e até bancos) sem prejudicar o uso da bicicleta. A integração ciclo-metroviária (metrô Sumaré) e a extensão da ciclovia se encarregam de estimular esse uso.
Estacionamento para bicicleta.
Como elemento fundamental do sistema cicloviário e peça de destaque para estímulo ao uso da bicicleta como veículo de transporte diário, buscou-se neste trabalho a elaboração de um estacionamento para bicicletas com características marcantes.
Baseado nos princípios da produção industrial desenvolveu-se um sistema estrutural modular em madeira laminada colada, com cobertura de lona tensionada.
Após um estudo geral sobre materiais possíveis para o desenvolvimento do projeto, optou-se pela madeira como matéria prima.
As razões para essa escolha foram principalmente, a grande economia energética no manejo e beneficiamento (quando comparada a outros materiais da construção civil como o aço, o alumínio e o concreto), a trabalhabilidade e plasticidade do material e a questão da cultura no Brasil que, apesar da imensa biodiversidade e variedade de madeiras, não valoriza o desenvolvimento da tecnologia nesta área.
O desenho final foi resultado de um exaustivo processo de estudo e pesquisa da forma e função estrutural, das ligações e da busca pela modularidade.
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