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Cartazes para divulgação do Centenário da Imigração japonesa no Brasil

 

Rubem Ryoiti Hojo

Sylvio de Ulhôa Cintra Filho

Em 18 de junho de 2008 será comemorado o centenário da imigração japonesa no Brasil. Tendo em vista a importância da imigração japonesa na história brasileira e o grande porte da comemoração de seu centenário, este trabalho se propôs a desenvolver uma linguagem adequada para um conjunto de cartazes a fim de divulgar o evento, e que, de certa forma, pudesse posteriormente ser apreciado por sua linguagem gráfica e estética.

Cartazes foi o suporte escolhido por este ser de fácil circulação e afixado de locais públicos atingirem a uma grande massa. Além da sua importância como meio de publicidade e de informação visual, o cartaz possui um valor histórico como meio de divulgação em importantes movimentos artísticos.

Como partido gráfico, escolhi tomar como referencia o ukiyo-ê, técnica tradicional de xilogravura japonesa, por se adaptar perfeitamente ao tema. A herança do ukiyo-ê e a abordagem dos cartazes são similares. Ambos requerem um processo intrínseco de produção e ambos contemplam o apelo às massas por seu valor artístico e comunicativo.

A escolha do ukiyo-ê como referência também vale como um resgate das origens deste povo que em cem anos vem ajudando a construir o Brasil.

Ukiyo-ê

Um isolamento econômico e cultural auto-imposto por parte do Japão, que se estendeu por mais de dois séculos (período Edo - 1603-1867), fez com que as suas artes e artesanatos se desenvolvessem de uma forma tradicionalista e peculiar. Somente com a abertura comercial de seus portos no final do século XIX - que a arte japonesa pode ser realmente conhecida pelo ocidente e por este seu caráter único causou grande impacto na Europa e na América.

Um intenso movimento de urbanização que ocorreu principalmente no final do século XVI levou ao desenvolvimento de uma classe de ronins (comerciantes e artesões) que começaram a escrever histórias e pintar gravuras que eram compiladas juntas em livros chamados "ehon" (livros de ilustrações) ou em romances. Teve-se então neste momento o desenvolvimento da técnica do Ukiyo-ê, conhecido também por "retratos do mundo flutuante", que eram pinturas executadas com o auxilio de blocos de madeira (xilogravuras)

O ukiyo-ê foi amplamente difundido sendo usado nas ilustrações destes livros, mas se tornaram independentes como pinturas em folha única ou ainda como pôsteres do teatro kabuki.

A partir do meio do século XVIII as técnicas já eram desenvolvidas o bastante para suportar pinturas totalmente coloridas, chamadas nishiki-ê. Os ukiyo-ês que são reproduzidos atualmente em cartões postais e calendários, datam deste período. Utamaro, Hokusai, Hiroshige, e Sharaku foram os artistas proeminentes deste período.

O tema original do Ukiyo-ê era a vida urbana, especificamente atividades e cenas da área do entretenimento: belas cortesãs, lutadores de sumô e atores populares retratados quando ocupados em atividades interessantes. Mais tarde as paisagens também se tornaram populares. Os retratos de Katsushika Hokusai descreviam na maior parte paisagens e a natureza.

O trabalho "Trinta e Seis vistas do Monte Fuji" de Katsushika Hokusai começou a ser publicados por volta de 1831. Ando Hiroshige e Kunisada publicaram também muitos retratos inspirados na natureza.

Ironicamente, quando o ukiyo-ê saiu de moda no Japão durante movimento de ocidentalização do Japão, transformou-se numa fonte da inspiração na Europa, tanto para o cubismo quanto para muitos pintores impressionistas.

Este movimento foi chamado de Japonismo e tem Vincent van Gogh como o artista mais reconhecido influenciado pelas gravuras japonesas.

 

Marca comemorativa
No processo de desenvolvimento dos cartazes senti a necessidade de elaborar uma marca comemorativa para o centenário da imigração que estivesse de acordo com os objetivos desta celebração. A marca comemorativa desenvolvida teve como inspiração a coexistência e integração da cultura brasileira com a japonesa. Os elementos japoneses e brasileiros interagem em suas curvas que concordam entre si, formando um círculo passando uma idéia de unidade e coesão.

Cartazes
Os cartazes foram idealizados para serem expostos em locais internos e sua execução no formato A3, por uma questão prática e estética. Neste formato a disposição junto ao publico é mais próxima e sua distribuição facilitada comparado a formatos maiores.

Os cartazes dispõem de um layout comum a fim de identificar as peças como pertencentes a um conjunto. Basicamente, o layout foi estudado em busca da síntese das informações sendo ele dividido em três partes: uma ilustração de destaque, assinatura do cartaz (Centenário da Imigração Japonesa) e um bloco de texto com informações institucionais.

Cada ilustração tenta trazer um ícone japonês sob uma "perspectiva" brasileira. Os ícones japoneses foram escolhidos de maneira que cada um representasse alguma virtude dos primeiros imigrantes que aqui chegaram (como paciência, força, perseverança, etc), assim, homenageando-os. Em sua maioria, foi estudada uma interferência cromática de cada elemento da ilustração simbolizando o "abrasileiramento" da cultura japonesa, ou uma infiltração nipônica na cultura brasileira.

Para a assinatura dos cartazes foi necessário modificar a marca comemorativa desenvolvida a fim de torná-la bilíngue e de maneira que não prejudicasse ou destoasse a ilustração.

Dado a proposta deste trabalho, creio ter alcançado um resultado satisfatório quanto a realização de um conjunto de cartazes para o centenário da imigração japonesa.

O ukiyo-ê foi uma extensa fonte de inspiração para o desenvolvimento deste trabalho, mas justamente por sua riqueza como arte não pode ser explorada em todo o seu potencial.

Vale salientar que o partido tomado é apenas um caminho possível para a realização de trabalhos similares. Os resultados aqui alcançados não estão livres de crítica se comparados com abordagens diferentes.

 

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