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secao 4!

Intervenção na Várzea do Tietê

 

Laércio Monteiro Júnior

Klara Ana M. Kaiser Mori

O processo de expansão horizontal das periferias da RMSP avança sobre as áreas mais sensíveis do tecido urbano: os mananciais na Cantareira e nas represas Billings e Guarapiranga e na Várzea do Tietê.

A faixa de 18 km entre a Barragem da Penha e o Rio Três Pontes, que compreende objeto de estudo deste trabalho, funciona como uma máquina hidráulica, evitando que a água das cheias chegue até as avenidas marginais do Tietê. Este é o palco de uma ocupação recente, de cerca de vinte anos, e hoje a área está ocupada por mais de 100.00 pessoas, isoladas do restante da cidade por aqueles que deveriam ser o principal elemento articulador urbano: o rio e as infra-estruturas de transporte público.

A tríade especulação imobiliária- transporte rodoviário-Estado classista promoveu na ZL um crescimento horizontal, bastante adensado, pobre em infra-estruturas e com tecido urbano extremamente desarticulado. Moram na ZL 33% da população do município, mas temos apenas 3% das ofertas de emprego (dados: IBGE).

Propomos a modernização da rede da CPTM, com uma estação a cada quilômetro e uma rede de transporte de média capacidade, um sistema de VLT trafegando numa rede de parques lineares junto aos corpos d'água recuperados. São cinco eixos norte-sul, articulando os bairros da ZL e fazendo o percurso até os sistemas de alta capacidade - metrô e trem urbano. Ligamos assim as duas principais áreas de emprego - Guarulhos e o ABC.

Com a devida conexão de todos os domicílios à rede pública de esgotos e a separação total desta e da rede de drenagem urbana, teremos um canal relativamente limpo ao longo dos parques lineares. No encontro entre afluentes abre-se uma praça d'água, permitindo o controle das cheias, o tratamento primário das águas dos córregos e a retirada de material assoreado do fundo dos canais.

Uma rede de equipamentos públicos é estruturada ao longo dos parques, modulada de acordo com as modalidades de transporte: creches, comércio de freguesia dentro de um raio de 200m, distância percorrida em 5 minutos a pé ou de bicicleta; escolas e postos de saúde num raio de 1 km, percorridos em 5 minutos pelo VLT, ônibus ou bicicleta; casas de cultura, escolas de educação ambiental e de agricultura urbana a cada 2 km, por exemplo.

Uma rede de VLT na várzea do Tietê faz a "costura" entre as linhas norte-sul. Outras linhas transversais a elas são propostas junto aos parques lineares do Tiquatira, do Franquinho e na antiga linha variante da FEPASA, hoje desativada. A orla fluvial do Tietê é modulada com uma estação do VLT a cada 400m. Uma faixa de 100m para um mini-porto, onde teremos os mercado, centro de abastecimento e a feira-livre-flutuante. Os demais 300m são o parque fluvial, com quadras, campos, pistas, ciclovias e áreas de policulturas agrícolas.

Institui-se um conjunto de equipamentos ligados à Universidade da ZL, onde são feitas atividades de extensão universitária. São as escolas de educação ambiental, de agricultura urbana, estaleiros públicos, formação de profissionais para operação e manutenção do canal navegável. Na foz de cada afluente do Tietê uma praça d'água, de onde o material assoreado é bombeado até as fábricas de elementos pré-fabricados e de calçamento público. O material em suspensão na água, resultantes do tratamento primário retirado por barcos-aspiradores.

A transposição da via férrea se dá através de edifícios públicos de programas sociais: midiateca, teatro experimental, praça vertical de esportes, centro comunitário, rádio comunitária. Assim, nos equipamentos públicos que temos a integração entre a cidade alta e a cidade baixa.

Junto à Avenida Assis Ribeiro há um desnível de quase 30m entre cidade e várzea. Propomos ali a ampliação da calçada da avenida, criando um belvedere com vista para o rio. Abaixo do calçadão duas lajes de 700m de comprimento sobre a linha férrea, entre as novas estações do Jacu e do Cruzeiro.

Implanta-se ali o hospital-escola da ZL, com acesso pelas duas estações de trem.

Para permitir a constante navegação pelo Tietê, é cavado um canal submerso de 2,5m com 24m de calado desde a Barragem da Penha. A orientação da via navegável é feita por bóias e balizas, desde os lagos do parque até o estaleiro municipal e escola de engenharia naval da Universidade. A partir daí, aproveitamos o canal já retificado até a ETE São Miguel.

Na foz do Itaquera, a marina pública e escola de remo municipal. A montante da marina, nova barragem móvel e a eclusa de navegação. A partir deste ponto, o antigo canal meândrico é retificado, criando uma nova frente urbana. Remanejamos para lá a população hoje residente junto à Rodovia Ayrton Senna, via-não-urbana, deixando livre uma faixa de 100m ao longo da auto-estrada.

Na foz dos rios Lageado e Itaim redesenhamos os lagos, aterrando em forma de quadrado uma área central, na qual teremos um parque público. Outro parque é proposto na gleba ao sul da refinaria da Petrobrás. Assim, temos em cada cruzamento do trem e do VLT Pantanal com os eixos norte-sul um equipamento metropolitano: o Parque Ecológico, a Universidade da ZL, o hospital-escola, a marina pública e os parques públicos.

Neste projeto detalhamos a área da Favela União Vila Nova, entre os rios Jacu e Cruzeiro, onde hoje é desenvolvido projeto de urbanização pela CDHU. Propomos a construção de canais de derivação do Tietê, ao longo de esplanadas permeáveis, que são eixos estruturadores urbanos, ligando os canais e parques lineares. Sobre as esplanadas, as praças de comércio de freguesia, situados na cota do topo dos diques.

A partir das esplanadas temos os polderes habitacionais, retângulos de 120 x 180m, escavados até o limite da variação do lençol freático. A terra escavada é jogada para as bordas, fazendo diques de 20m de largura. Cada pôlder é uma unidade estanque com próprio sistema de micro-drenagem, lâminas d’água escavadas do lençol freático. Toda a rede de infra-estruturas prediais passa nas calçadas técnicas, túneis de 2,0 x 2,5m. Os 20m de largura do dique são ocupados por ciclovias, passeio público, áreas verdes permeáveis, faixas de rolamento e faixa de estacionamento.

 

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