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secao 4!

Quadra multiuso:

Espaço livre corporativo

Marissol Yuka Sato

Fábio Mariz Gonçalves

Introdução

Grandes cidades como São Paulo vem sofrendo com a falta de espaços livres conforme crescem e se adensam. A falta de espaços de lazer e convívio da população agravam a tendência de abandono do espaço público. Essa tendência é facilmente observada nas cidades brasileira onde proliferam condomínios fechados e áreas comerciais distantes da rua, gerando uma paisagem urbana repleta de muros e carros.

Tradicionalmente, a criação e gestão de espaços livres nas cidades é incumbência do poder público. Entretanto, podemos observar no contexto das cidades contemporâneas a forte presença dos agentes privados na construção da paisagem urbana, cujos recursos as cidades não podem abrir mão.

Já na década de 60 podemos encontrar em Nova York espaços livres privados disponibilizados para a população em troca de benefícios no potencial construtivo dos edifícios, como é o caso do Paley Park ou do Greenacre Park, chamados pocket park, além de tantos outros pequenos espaços distribuídos de forma a criar um sistema de espaços livres na cidade.

No boom imobiliário de São Paulo na década de 50, surgiram diversas galerias de lojas comerciais. Essas áreas, apesar de privadas, funcionavam como uma extensão da rua, e a diversidade de usos que abrigava (habitação, comércio, escritórios), levou a expressão edifício-cidade. Edifícios integrados ao entorno urbano com diversos usos e atividades.

O Conjunto Nacional é um exemplo desses edifícios, conservando hoje uma vitalidade e intensidade de uso em seus amplos corredores.

Podemos encontrar casos mais recentes da atuação do agente privado nos espaços livres. O banco Itaú adquiriu em concorrência pública uma grande área anexa à estação Conceição do metrô e construiu lá seu complexo administrativo. Em contrapartida, implantou também praças e jardins de acesso público. Nesse caso houve uma preocupação do projeto com a integração dos espaços livres com o entorno e a estação de metrô.

Outro exemplo é o Brascan. Construído no bairro do Itaim, esse complexo de escritórios e flat abriga ainda em seu terreno uma praça arborizada cercada por usos comerciais, que atraem a população da região. A praça é intensamente utilizada, tanto pela população que trabalha na região como por moradores, configurando uma das únicas opções de espaço livre nessa área.

Área de projeto

Um dos principais fatores para a escolha do Ipiranga como área de projeto para a implantação de uma quadra multiuso é a recente extensão da linha do metrô para essa região. A implantação dos serviços de transporte do metrô tem um impacto profundo em seu entorno, movimentando o mercado imobiliário, alterando fluxos da população e transformando o caráter das regiões em que se inserem tais projetos. O Distrito do Ipiranga já vem experimentando os primeiros efeitos desse fenômeno. A expectativa da implantação da extensão da Linha Verde do Metrô valorizou os imóveis da região e colaborou para o surgimento de inúmeros empreendimentos imobiliários,principalmente residenciais.

A dinâmica que ocorre no entorno de estações de metrô e terminais de ônibus demanda um planejamento específico para a área, o que nem sempre acontece. Em menor escala, deve haver uma preocupação em integrar urbanisticamente as estações ao entorno, prevendo novos usos para acessos e mezaninos, permitindo que o usuário do metrô tenha possibilidade de contato imediato aos diversos tipos de atividades - cultura, serviço, comércio, lazer.

A área de intervenção escolhida abrange toda a quadra no encontro da Avenida Nazaré com a Rua Gentil de Moura. Atualmente essa quadra é ocupada por sobrados residenciais, galpões de concessionárias, além de um postode gasolina desativado.

A opção de ocupar toda uma quadra se justifica pela importância da localização do projeto. A Avenida Nazaré abriga importantes instituições do bairro, como hospitais e universidades, além de concentrar comércio e serviços. Seu intenso fluxo de veículos também ressalta sua importância no contexto urbano, ligando regiões da cidade.

A Rua Gentil de Moura, onde foi implantada a estação de metrô Alto do Ipiranga,também configura um eixo de centralidade polar, onde encontramos concentração de comércio e serviços da região. Pode-se observar ao longo dessa rua o processo de verticalização que ocorre no bairro, principalmente nas ruas adjacentes.

Praticamente todos os terrenos vagos da região já foram ocupados pelos empreendimentos imobiliários. Pouco a pouco, as casas geminadas e sobrados que configuram a paisagem do bairro serão substituídos por edifícios residenciais. Da mesma forma que se observa em outras áreas onde foram implantadas estações de metrô, deverá haver uma intensificação da concentração de comércios e serviços ao longo dos eixos de centralidade polar e a verticalização do entorno com a valorização dos terrenos.

O Projeto

O programa proposto incluí diversos usos distribuídos em torno de uma praça central, configurando uma praça multiuso de gestão privada e acesso público. O principal objetivo é criar um espaço livre integrado ao entorno, com diversos acessos e diferentes possibilidades de percursos, criando áreas de estar e convívio, A localização do projeto no encontro de dois eixos de centralidade importantes para a região presume uma intenso trânsito de pedestres, justificando o programa proposto.

O Plano Diretor Estratégico do Ipiranga estabelece a Rua Gentil de Moura como Zona de Centralidade Polar, possibilitado uma ocupação diferenciada ao longo desta.

Tratando-se de um projeto voltado para o mercado imobiliário, era requisito básico o aproveitamento máximo da área a ser construída. Isto, aliado à implantação de grandes áreas livres, levou a uma verticalização dos edifícios projetados. Para amenizar o impacto dessa verticalização sobre os usuários desses espaços, optou-se por criar blocos de edifício com gabarito mais baixo voltados para a praça interna. Na fachada da R. Gentil de Moura foi criado um balanço, de forma a se respeitar a escala do pedestre.

Espacialmente, a praça se desenvolve ao longo de um eixo imaginário que corre na diagonal da quadra, ligando a R. Gentil de Moura a Av.Nazaré, sinalizando um importante fluxo de pessoas. O comércio é uma atividade que depende da circulação de pessoas, dessa forma, ele foi distribuído ao redor da praça central e na fachada voltada para a R. Dr. Gentil de Moura.

FICHA TÉCNICA

terreno: 9.200 m²
CA máx (4): 36.800 m²
TO máx (0.7): 6.440 m²
A.P. mín (15%): 1.380 m²

Atividades / áreas

Auditório (245 pessoas)
Foyer / sanit / adm: 1.600 m²
Cinema / 3 salas (capacidade total 390 pessoas)
Foyer / sanit / administração: 1.200 m²
Área comercial: 4.300 m²
Escritórios (3 blocos)
Bloco norte: 10.800 m²
Bloco central: 3.600 m²
Bloco sul: 5.300 m²
Total Blocos: 29.700 m²
Total: 36.800 m²

 

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bibliografia

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