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ARQUITETURA DO MOVIMENTO

Uma leitura do projeto para o Hospital do Aparelho Locomotor Sarah Centro, em Brasília - DF, autoria do arquiteto João Filgueiras Lima, Lelé

Alda Regina Bueno Minioli

Luiz Américo de Souza Munari

Apresentação

Este trabalho é um estudo do projeto de arquitetura para o Hospital de Doenças do Aparelho Locomotor (HDAL), realizado pelo arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé) no ano de 1976, em uma gleba onde já havia um Centro de Reabilitação, construído na década de 1960.

O prédio passou, nesses 30 anos de existência, por mudanças internas e no conjunto do lote. Nosso objetivo é estudar especialmente o conjunto projetado à época por Lelé, seus conceitos (Anteprojeto), o que foi construído (Projeto Executivo) e sua forma atual, nos aspectos de configuração espacial, setorização, circulação e sistema construtivo, acompanhando o movimento de atualização do edifício.

As demais construções realizadas ao longo da existência do conjunto, tais como Centro de Reabilitação Infantil, Auditório, Passarela, Estacionamento Subterrâneo e reforma no conjunto edificado (Sarinha e demais blocos) serão mencionadas em linhas gerais, pois fazem parte do conjunto do hospital.

O estudo se inicia por uma seleção de fatos e obras anteriores do arquiteto que consideramos experiências relevantes para o estudo do Hospital Sarah Central.

Em seguida, reunios informações acerca do surgimento do hospital, como em que época ocorreu e quais foram os fatos que determinaram o seu surgimento. Também abordamos brevemente os conceitos de tratamento médico envolvidos na proposta de sua criação e as atividades que o novo hospital se propunha realizar além do tratamento direto ao paciente. Esses dados são importantes pois tanto a filosofia de tratamento quanto o escopo de serviços do hospital têm implicações no plano físico proposto, que enseja a movimentação de seus pacientes. Neste momento, indicamos o programa proposto e os princípios gerais que o arquiteto adota.

Seguimos então com o estudo do projeto arquitetônico propriamente dito. Começamos pela localização do projeto na cidade, em área central, próximo ao eixo monumental, constituindo o seu entorno uma área adensada, o que indica alguns condicionantes do projeto. Devido ao tombamento do plano piloto de Brasilia, a ocupação atual é a mesma existente à época.

O estudo da implantação faz uma relação entre a escala da cidade e do edifício, fazendo um estudo sobre os acessos ao lote e ao hospital, estudo da volumetria proposta em relação ao existente, o sítio, os usos propostos, os eixos de circulação principais e de crescimento previstos para o prédio.

Acompanhamos a partir da planta do executivo e atual as modificações do projeto. Atribuímos uma cor a cada uma das três etapas do projeto, de forma que possa ser marcada a diferença entre eles e seja possível identicar as partes do estudo que compõem uma mesma fase.

Continuamos com o estudo das propostas para os pavimentos térreo, subsolos 1, 2 e 3, pavimento-tipo e residência médica, dos seguintes aspectos: setorização e circulações, usos dos elementos padronizados (tais como lajes nervuradas, pilares duplos, sheds) para gerar os diversos espaços destinados a cada função, criando áreas circundadas de jardins e iluminação e ventilação naturais. Também comparamos as plantas dos andares em relação à proposta inicial, seu desenvolvimento no projeto executivo e sua configuração atual.

Em uma segunda parte do estudo abordamos o sistema construtivo proposto, que pretendia conter elementos padronizados e pré-fabricados. Tratamos especialmente do sistema estrutural e seus componentes, sua proposta original e sua posterior adaptação para moldagem in loco. Complementa esse item um tópico sobre as instalações prediais e sobre os sheds. Por fim, apresentamos indicadores de consumo dos sistemas estruturais, piso, parede e esquadrias.

Considerações finais

O Anteprojeto possui inovações nas propostas do espaço hospitalar, fruto de alguns conceitos inéditos de tratamento, a destacar o de progressive care, a criação da cama-maca e a internação em enfermarias coletivas, que além de não isolar os pacientes, oferece ambientes mais acolhedores. Lelé atendeu a essas premissas com elementos padronizados e pré-fabricados, de forma a contemplar mudanças internas e ampliações do edifício.

Destacamos um princípio que nos pareceu sintetizar tanto a construção quanto seu uso: o movimento. Como esse foi o primeiro de uma rede de hospitais, ainda em expansão, todos sob a coordenação de Lelé, o arquiteto teve a oportunidade de manter-se comprometido com as constantes atualizações deste edifício que é, ainda hoje, o centro de referência da rede.

Por fim, o projeto de arquitetura deste hospital atinge um grau de concretização dos conceitos que ele se torna em si próprio um equipamento terapêutico. Suas soluções concorrem para propiciar que os pacientes possam locomover-se com a maior autonomia possível, permitindo-lhes a reconquista do movimento.

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