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secao 4!

Restauração na Vila Maria Zélia –

Projeto de Intervenção em Dois Edifícios do Conjunto

Amália Ferreira

Erica yukiko Yoshioka

Introdução:

O presente trabalho visa estudar e propor intervenções em dois edifícios do conjunto da Vila Maria Zélia: as construções que se encontram logo na entrada da Vila, dispostos simetricamente em relação às laterais da igreja.

O principal objetivo deste trabalho é verificar a importância dos edifícios supracitados bem como de seu entorno urbano, e a partir daí, propor uma intervenção que englobará a restauração dos prédios e implantação de novos usos, na tentativa de trazê-los novamente ao cotidiano dos moradores da vila, e ao conhecimento dos cidadãos de São Paulo, possibilitando a transmissão de conhecimentos e da história não somente através de palavras, mas também do patrimônio arquitetônico.

A Vila Maria Zélia:

A Vila Maria Zélia foi uma importante vila operária do início do século XX, quando esse tipo de habitação tornou-se comum na cidade e no estado de São Paulo.

Foi uma idealização de Jorge Street, proprietário da Cia. Nacional de Tecidos de Juta, que já possuía uma fábrica no Brás e, em 1912 iniciou a construção de uma nova fábrica de tecidos de algodão, no bairro do Belém. O complexo da Vila Maria Zélia se destacou das demais vilas operárias, constituindo um retrato de uma época e de uma forma de ocupação do espaço urbano.

A vila, inaugurada em 1917, abrigou 2.100 operários da Companhia Nacional de Tecidos de Juta. Além das casas para os operários, a vila contava com igreja, creche, farmácia, salão de baile, campo de futebol, armazém, sapataria, área de lazer e duas escolas – uma para meninos e outra para meninas. Graças as suas peculiaridades o conjunto urbano da vila foi tombado nas instâncias estadual (CONDEPHAAT) e municipal (CONPRESP).

Atualmente, o cenário se modificou bastante: os galpões da indústria foram comprados pela Goodyear, juntamente com um conjunto de casas; a creche foi demolida, a maioria das residências originais foi destruída ou descaracterizada com a construção de sobrados. Os edifícios do Grupo Escolar e os Edifícios Multiuso estão abandonados.

Os edifícios:

Os dois edifícios estudados abrigavam diversas atividades relacionadas com a Vila, que atendiam algumas necessidades dos moradores. São muito semelhantes externamente, e, internamente, possuem layout diferenciado, de acordo com a função que exerciam. Em um deles as principais atividades eram salão de festas, restaurante, mercearia, loja e fábrica de sapatos e chapéus. No outro funcionava um armazém, uma farmácia, consultório médico e dentário, e dormitório para solteiros.

O trabalho:

O trabalho consiste na proposta de intervenção e inserção de novos usos e atividades nesses dois edifícios visando à revitalização da vila como um todo.

Para que de fato a intervenção resultasse na renovação urbana da vila foi necessário o desenvolvimento de varias etapas, para então se chegar a uma proposta final coerente e racional.

As etapas incluem a pesquisa histórica, que serviu de embasamento para o desenvolvimento de todo o trabalho; o levantamento de documentos e fotos, o que nos mostrou a evolução da vila, e as intervenções mais significativas realizadas ao longo dos anos; levantamento métrico; levantamento de patologias; estudos da região, das necessidades e potenciais econômicos; e finalmente proposição da intervenção, através da análise e compreensão de todas as etapas anteriores.

Todas essas etapas foram desenvolvidas através de pesquisas em fontes diversas sobre o bairro e a formação da vila, de levantamentos no local e análises descritivas dos elementos arquitetônicos dos edifícios e da identificação das patologias e estado de conservação dos mesmos.

Após o estudo mais profundo do histórico da vila, o conhecimento de suas peculiaridades e de seus pontos positivos, conseguimos construir uma base sólida para o início do desenvolvimento da intervenção. A etapa de pesquisa serviu para nos tornar mais próximos da Vila, entender a dinâmica que a cerca. A partir daí, foi possível elaborar uma proposta concisa e funcional, que respeita a história da vila e seus moradores, e, ao mesmo tempo, traz uma nova possibilidade de uso, uma nova vida ao local.

O projeto tem como objetivo promover a renovação da área, gerando um maior fluxo de pessoas e explorando o potencial da Vila como ponto turístico e histórico da cidade de São Paulo.

Com o reconhecimento da Vila Maria Zélia como ponto cultural, pretendemos levar a ela um maior número de visitantes, e, assim, divulgar o conhecimento e a história da industrialização e imigração em São Paulo e da própria Vila à população, e postergá-lo para gerações futuras, preservando assim, não somente as características físicas dos edifícios, mas também a história que eles contam e os personagens que deles fizeram parte.

A maior dificuldade do processo foi a falta de desenhos da Vila. Os levantamentos tiveram que ser feitos a partir de plantas originais do DPH, as quais não puderam ser copiadas, e foram, portanto fotografadas. Com base nessas fotografias foram feitos os desenhos dos prédios, e, sobre esses desenhos, começamos a pensar as intervenções. Pensamos então no que consistiriam essas intervenções, analisando a situação tanto da Vila quanto do seu entorno, e definimos que determinados equipamentos confeririam muito valor cultural à região. Assim, optamos pela instalação de uma biblioteca, de um centro de memória, de um café-bar e de uma sala versátil, que tem infra-estrutura tanto para apresentações quanto para ensaios e oficinas. Como já foi dito, o objetivo, com essas instalações, é de atrair a população e criar um uso freqüente que leve à Vila uma nova rotina.

Esperamos que, a partir do momento em que os freqüentadores da Vila Maria Zélia a reconheçam como ponto de importância histórica e cultural, e se apropriem dela, usem-na como equipamento cultural, a conservação, tanto dos bens materiais quanto do patrimônio imaterial, aconteça naturalmente.

 

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