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Requalificação ambiental e urbana na região da Rua 25 de Março, através da aplicação de vegetação em edifícios

 

Bruno Henrique Emmanuel Mendes

Denise Helena Silva Duarte

A proposta deste trabalho final é a aplicação em massa de vegetação nos edifícios de São Paulo, de modo a combater efeitos adversos da urbanização.

Novas tecnologias, como impermeabilização eficiente e solos leves, permitem a colocação de plantas nas mais diversas superfícies, sejam elas coberturas de edifícios, suas paredes, fachadas etc.

A falta dessa vegetação traz conseqüências graves à cidade, desde o agravamento das cheias, ao efeito de ilha de calor e poluição aérea. Assim, coberturas e paredes surgem como opções de incorporação da vegetação em uma cidade cada vez mais densa e cinza, abrindo amplas possibilidades paisagísticas e arquitetônicas, e, de quebra, contribuindo para o funcionamento ambiental desses edifícios.

Aplicação projetual

Como exemplo, foi tomada uma região intensamente ocupada e sem vegetação, para provar que é possível integrar o verde à cidade sem atrapalhar sua dinâmica; muito pelo contrário, tendo uma relação simbiótica com ela, caracterizando uma verdadeira "infra-estrutura vegetal".

A região da Rua 25 de Março é uma área comercial famosa por seus baixos preços, atraindo literalmente centenas de milhares de consumidores todos os dias, chegando a picos de um milhão de pessoas diárias perto de datas sazonais, como Natal ou Dia das Mães. Há ainda uma forte presença de comércio ambulante, fazendo com que as áreas de circulação fiquem ainda mais congestionadas. Carros, camelôs, e consumidores disputam o exíguo espaço das vias públicas.

A região chega a ser apelidada de shopping a céu aberto, mas, ao contrário de um shopping, não possui equipamento e estruturas auxiliares (banheiros, quiosque e espaços livres de descanso) para o grande número de consumidores que freqüentam o local. Além disso, a região carece de vegetação de qualquer tipo, não possuindo nem mesmo arborização viária, reforçando, por exemplo, problemas de ilha de calor, este agravado pela presença de grande número de pessoas, que chegam a elevar a temperatura local em 2 graus.

Ao estudar tetos verdes, enxerga-se que coberturas e fachadas também são áreas livres passíveis de serem aproveitadas, mesmo não havendo "terreno vazio". Isso possibilita a inserção de espaço público e verde em regiões densamente ocupadas, simplesmente sobrepondo uma camada adicional ao já existente.

Assim, é proposta a criação de um sistema local de áreas verdes, ao mesmo tempo inserindo vegetação em uma região completamente carente dela. Esse espaço se daria na forma de um sistema de praças suspensas sobre os edifícios, configurando percursos variados, oferecendo equipamentos e espaços de amenidades, e interligando pontos estratégicos na região.

Diretrizes de projeto

Uma praça suspensa, por definição, tem a desvantagem de não estar no nível da área circundante, isolando-a do contexto urbano. Isso foi amenizado de diversas maneiras:
- acesso facilitado ao nível da cobertura (por meio de acesso aos prédios subjacentes e adjacentes à praça; por meio de uma "praça elevatória", que ocupara o lugar de um estacionamento a céu aberto; por acessos em nível a partir das duas ladeiras da Constituição e Porto Geral);
- interligando pontos estratégicos de grande fluxo, como Metrô São Bento, ao sul, e a Galeria Pagé, ao norte;
- criando equipamentos e locais de amenidade na praça, tornando, ela mesma, um espaço de atração;
- sendo um caminho alternativo às ruas lotadas abaixo, e facilitando a subida até a cota mais alta das ladeiras, pouco adequadas a pessoas de idade e pessoas portadoras de deficiências.

Além disso, há dias que circulam cerca de um milhão de pessoas no local. Se 1% delas utilizasse a praça, já seriam 10 mil pessoas passando pelo local, em vez das ruas.

A estrutura

A três principais praças estão sobre edifícios construídos entre 1919 e 1921. Assim, propõe-se a construção de estruturas metálicas independentes, cujos pilares atravessariam os edifícios até o chão, ficando invisíveis por fora. As outras praças seriam apoiadas de maneira similar.

Integração entre vegetação e pedestres

Praças são ambientes essencialmente urbanos, pois dependem de fluxo de pedestres para sobreviver. Canteiros, forração e arbustos podem, se mal utilizados, obstruir esse fluxo, afetando o uso humano do espaço. Por outro lado, a vegetação, se bem aproveitada, pode funcionar simbioticamente com os pedestres, como sombreamento, por exemplo.

- uso de piso de grade metálica para a passagem de pedestres sobre a forração;uso de árvores, uso de pergolados e membranas verdes.
- criação de "bosques", núcleos verdes estrategicamente separados dos fluxos principais, para se evitar seu pisoteamento e degradação excessiva.

Referências de projeto

Roppongi Hills, Tóquio, Japão, 2003
Empreendimento no coração de Tóquio objetivando a revitalização e o esverdeamento da cidade, utilizando-se se tetos verdes e áreas abertas interconectados.

Kevin Roche e John Dinkeloo, Oakland Museum, California, EUA, 1961
Museu ocupando uma quadra inteira, sendo sua cobertura uma praça.

Promenade Plantée, Paris
Parque elevado construído sobre viaduto abandonado, passando por meio de edifícios.

The High Line, Nova York
Linha férrea elevada sendo reformada para abrigar um parque em plena Manhattan.

Legislação

Além disso, estudou-se a aplicação de políticas que incentivam a adoção de tetos e fachadas verdes no mundo tudo, almejando a criação de uma legislação similar em São Paulo. Incentivos utilizados incluem subsídios para a construção, consultoria técnica gratuita, desconto em impostos de águas pluviais, estabelecimento de percentual de cobertura verde em novos empreendimentos, entre outros.

Ficha técnica

Área verde pública criada: aproximadamente 11 000 m².

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