A proposta deste trabalho final é um projeto de reocupação e revitalização urbana, apoiada em diretrizes de mobilidade e qualidade ambiental. O novo espaço possui um parque e edifícios que levam em conta questões de conforto ambiental, acessibilidade e eficiência energética.
O local escolhido se situa na margem do rio Tamanduateí e do córrego dos Meninos, entre a Avenida do Estado e ferrovia situada na divisa entre São Paulo e São Caetano do Sul. O local abrigava as antigas instalações das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, que processavam grande variedade de produtos químicos. Devido ao processo produtivo e as deposições de resíduos ao longo do tempo, o terreno possui atualmente alto grau de contaminação do solo.
A proposta é criar um parque que permita a recuperação ambiental e urbana, mitigando o efeito "ilha de calor" em uma região altamente construída, e que também ofereça à população um espaço de lazer que diminua os efeitos de segregação física causados pela linha férrea, pelos cursos de água e pela Avenida do Estado e possua edifícios que aproveitem a potencialidades e que reduzam deficiências locais.
Pouco comum no Brasil, a recuperação de terrenos contaminados (brownfields) é de grande importância para a cidade, pois permite reocupar áreas geralmente bem localizadas em relação a infra-estrutura e acessibilidade, e evitar a ocupação de áreas verdes periféricas (greenfields) que oneraria cada vez mais os sistemas de infra-estrutura urbana com novos prolongamentos. Como uma referência para o projeto, foram analisadas técnicas modernas de remediação que buscam resolver a contaminação in-situ, evitando assim a transferência do problema para outro sítio.
Outro aspecto levado em consideração foi a característica de várzea do terreno. Assim, foram criadas depressões inundáveis de modo a acomodar o excesso de águas e diminuir sua velocidade. O solo excedente, estrategicamente retirado das áreas mais contaminadas, é usado no próprio projeto, criando morros que flanqueiam a linha férrea e permitem uma conexão mais suave entre os dois lados do parque.
Além da acessibilidade local, pensa-se também em uma acessibilidade regional, na criação de nova estação de trem dentro do parque para servir tanto os habitantes pré-existentes quanto os usuários dos edifícios propostos. Também se propõe um sistema de transporte interno baseado em ciclovias e no aluguel de bicicletas, permitindo o acesso rápido mesmo entre os pontos mais distantes dentro do parque.
Dentro da área analisada, é proposta a criação de edifícios habitacionais e comerciais, galpões de eventos e uma estação de trem.
A habitação é desenvolvida para aumentar a densidade local, absorver a população removida em alguns pontos e aumentar a oferta de habitação social. É proposto um conjunto de edifícios residenciais com térreo comercial para dar uma nova configuração urbana entre o parque e a malha urbana adjacente, criando um espaço diversificado e propiciando serviços e segurança na borda do parque. E para as habitações há o benefício de se integrarem a malha urbana e ainda usufruírem da paisagem. A diversidade interna ao edifício é assegurada na variedade das tipologias habitacionais, com apartamentos de um dormitório (30m²), dois dormitórios (50m²) e três dormitórios (70m²) e projetados levando em conta a acessibilidade universal.
Os galpões de eventos são criados para reabilitar alguns galpões abandonados remanescentes da indústria, evitando sua demolição e propiciando um equipamento de pouca oferta e grande procura na região. Além da reutilização de parte da estrutura física dos galpões, são inseridos anexos (auditórios, restaurantes, mezaninos etc), sempre se utilizando de estratégias de conforto ambiental e eficiência energética, para garantir o uso mais racional do edifício.
Os galpões de eventos são criados para reabilitar alguns galpões abandonados remanescentes da indústria, evitando sua demolição e propiciando um equipamento de pouca oferta e grande procura na região. Além da reutilização de parte da estrutura física dos galpões, são inseridos anexos (auditórios, restaurantes, mezaninos etc), sempre se utilizando de estratégias de conforto ambiental e eficiência energética, para garantir o uso mais racional do edifício.
A nova estação de trem diminuirá a distância entre as estações pré-existentes. Ela servirá aos moradores da região, aos usuários do parque e dos novos edifícios e facilitará o acesso aos galpões de eventos. Além da estação, a área expositiva pode se beneficiar da garagem subterrânea criada no interior do talude que envolve a estação de trem, permitindo que grandes áreas de estacionamento não interfiram na paisagem e criem grandes áreas impermeáveis.
O conjunto de edifícios comerciais dará suporte ao setor de eventos, principalmente com hotéis, e aproveitará a proximidade da estação de trem e do centro de São Caetano. Tanto o edifício comercial quanto o habitacional possuem passagens no térreo para que permitam um acesso mais permeável ao interior do parque e a seus pátios internos Entre as estratégias e tecnologias utilizadas em todos os edifícios há o uso de placas fotovoltaicas, brises, sheds e tetos e paredes verdes.
Para a criação deste projeto urbano, houve o levantamento de projetos similares, ou que ao menos possuíssem soluções pertinentes aos problemas encontrados neste projeto. Dentre os muitos projetos, vale destacar os que tinham como principal característica a ocupação de antigas áreas industriais e/ou depósitos que sofriam, com maior ou menor grau, de contaminação (brownfields) e que se encontravam em áreas de várzea ou praia. Entre eles podemos destacar: Parc de Bercy, La Villette (Paris), Parc de Cabecera (Valência), Fórum de Barcelona e Parque das Nações (Lisboa).
Área do terreno: 508.072m²
Área edificada: 61.655m²
Área Construída:
Estação: 8.250m²
Eventos: 59.800m²
Habitação: 23.600m²
Comercial: 33.750m²
Estacionamento: 9.600m²
