A proposta deste trabalho trata-se do desenvolvimento de um projeto de escola pública de ensino infantil, que prevê a aplicação de recursos construtivos sustentáveis, com o intuito de disseminar uma visão conceitual do uso da tecnologia construtiva sustentável em edificações, especificamente nas públicas, como um fator de qualificação construtiva e espacial e de direcionar a atenção a juízos de preservação e adequação ambiental; de conforto; de racionalidade; de eficiência.
O referente trabalho inicia-se com a determinação da área de intervenção, situada em um terreno pertencente à Prefeitura do Município de São Paulo, limitado pelas ruas Capachós e Catulé, próximo às estações de trem Engenheiro Manoel Feio e Jardim Romano; mencionada durante um atendimento com o professor Alexandre Delijaicov; considerando a seleção dessa área pela EDIF para a execução do projeto de um Centro Educacional Unificado, certamente baseada em estudos de viabilidade e investigações de dados sobre demanda e observando elementos do entorno, que poderiam promover um pólo estruturador na região.
O trabalho prossegue com visitas ao Departamento de Edificações e ao local do projeto, e com consultas a referências bibliográficas, à legislação e a normas técnicas, a fim de adquirir materiais gráficos, compreender a área de intervenção e o entorno, definir um programa de necessidades e o projeto arquitetônico, composto por estudos de cobertura e por um conjunto de plantas, cortes, elevações em escala 1:200, implantação, perspectivas e detalhes construtivos.
O desenvolvimento do projeto arquitetônico direciona-se ainda, como base para empregar recursos tecnológicos e arquitetônicos que promovam conforto térmico e favoreçam a sustentabilidade.
São aplicados e contemplados alguns conceitos e princípios, através dos quais é fundamentado todo o sistema de avaliação qualitativa de uma edificação, sob os méritos da sustentabilidade - o LEED Green Building Rating System for New Construction, e que se aplicados coerentemente, podem favorecer a qualidade da edificação, do convívio pessoal e do meio ambiente.
O fator econômico na construção do edifício é considerado ao adotar como uma das técnicas construtivas da edificação, estruturas pré-moldadas e moduladas; tendo em vista a otimização do processo de fabricação, de construção e de montagem.
A determinação de materiais construtivos tem como finalidade possibilitar uma análise sobre o comportamento do edifício em termos térmicos e proporcionar conclusões a respeito da questão da sustentabilidade, considerando o consumo de energia utilizado na produção desses materiais, as possibilidades de impactos ambientais, devido às suas propriedades, a sua composição e ao potencial de reciclagem.
Coberturas verdes são exploradas como solução que possa favorecer o conforto térmico da escola, amenizando a temperatura interna, reduzir a reflexão de radiações e o fenômeno da ilha de calor, reter e liberar gradativamente as águas pluviais e também como instrumento para fins produtivos, para plantio de alimentos – um equipamento que através da auto-sustentabilidade, educa.
Em um contexto caracterizado por crescimento demográfico, consumo de água crescente, poluição ambiental, possibilidade futura de escassez hídrica; o reuso de água e adoção de equipamentos hidrosanitários com funcionamento mais econômico surgem como intenções de projeto e de estudo, que podem contribuir com a preservação, com a utilização racional e planejada dos recursos hídricos.
A insolação e a iluminação são tratadas como fatores relevantes para garantir o bem estar e o bom rendimento dos usuários, e para contribuir com o funcionamento energético mais adequado, econômico e sustentável. Por isso, realiza-se um estudo com a preocupação em implantar o edifício, em orientar, posicionar e proteger com brises os caixilhos, em adotar cobogós e sheds como elementos de projeto, de forma a promover ventilação cruzada, efeito chaminé, incidência solar e iluminação natural interna mais apropriada.
Constata-se a insolação no edifício e no seu entorno e os períodos de incidência solar em cada fachada realizando simulações através do Software Ecotect v.5.5 e estudos com cartas solares; simulações geradas pelo Software Radiance permitem uma análise comparativa dos resultados da quantidade de luz nas salas de atividades, com brises projetados e sem os mesmos, demonstrando que a utilização desses elementos de fato contribuiu e foi eficiente enquanto recurso para bloquear a incidência direta da luz do sol no interior da sala.
A intenção de projeto era impedir a incidência solar direta, para promover um conforto térmico conveniente; sem contudo obstruir a passagem da luz difusa proveniente da abóbada celeste, pois seria conveniente otimizar a luz natural durante o período de permanência dos usuários nas salas de atividades, sem que houvesse a necessidade de utilizar a energia elétrica para iluminar.
Entretanto, houve casos nos quais a luz natural foi reduzida demais ou ainda em que a redução de luz foi significativa com a utilização dos brises, mas a distribuição luminosa não constituiu uma devida homogeneidade. Nesse contexto, poderia ser sugerido como uma alternativa complementar, por exemplo, a utilização de uma bandeja de luz, a fim de tornar a distribuição de luz melhor; e a adoção eventual de brises móveis, ajustáveis a quaisquer condições de incidência solar e capazes de proporcionar um resultado ideal.
Conclui-se que o presente trabalho de graduação ao focar sua atenção em um projeto de equipamento educacional infantil, que se relaciona com o processo psicológico e com a inclusão social da criança e no tema da sustentabilidade; consagra-se como um exercício que evoca aspectos não apenas projetuais e ambientais, mas também sociais e humanos.
Escola Pública Infantil - Creche/Pré-Escola
Local:São Paulo, SP
Subprefeitura de São Miguel
Distrito Jardim Helena
Bairro Jardim Célia
Ruas Capachós/Catulé
Início do Projeto: 2007
Área do Terreno: 5034,00 m²
Área Construída: 3588,43 m²
Arquitetura: Carina de M. Baratella
