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secao 4!

Convênio Escolar:

Análise e intervenção

Gabriela Tie Nagoya Tamari

Milton Liebentritt de Almeida Braga

O intuito deste trabalho final de graduação é sintetizar os aprendizados da faculdade através de um exercício de projeto de edificações. Sendo assim, seria necessário fazer não só um projeto de uma nova construção, mas também uma intervenção em um edifício existente, uma vez que, desde 2003, meus estudos se relacionam à preservação e conservação do patrimônio, seja patrimônio construído, em suas mais diversas formas, sejam objetos isolados ou conjuntos urbanos, de períodos históricos mais distantes ou mais recentes. Dessa forma, o tema escolhido foi o Convênio Escolar e o objeto, uma escola construída pelo Convênio Escolar.

Dentre as muitas escolas, foi escolhida a EE Dom Pedro I, projetada por uma equipe do Convênio Escolar formada por Antonio Carlos de Moraes Pitombo, José Augusto Arruda e Roberto Goulart Tibau e que se localiza em São Miguel Paulista. Estudando o local de intervenção, vi que era necessário não só intervir na escola, mas no eixo em que ela se insere, formado por duas grandes quadras, uma da escola+praça e a outra do mercado municipal.

Dessa maneira, a intervenção proposta é definida por um prédio anexo à escola, desenhado após uma análise aprofundada das mudanças do projeto original, na tentativa de sintetizar as necessidades do edifício às novas propostas de ampliação da rede escolar mas ainda mantendo seu caráter original como parte do conjunto de escolas do Convênio Escolar. O projeto ainda é complementado pelos edifícios que ficam no "eixo" escolhido: o prédio do bombeiro e polícia militar, que foram deslocados, o mercado municipal e o prédio de cinema, formando assim um eixo de equipamentos urbanos no centro comercial de São Miguel Paulista.

E.E. DOM PEDRO I

A fundação do bairro de São Miguel Paulista data de1560, quando foi erigida a primeira capela local, a Capela de São Miguel Paulista na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra. Antes disso, o bairro era conhecido como Aldeia de Ururaí e ocupado por índios Guainá que abandonaram as imediações da área central devido aos conflitos com os colonos portugueses. Durante quase todo século XIX, São Miguel Paulista não mostrou grandes mudanças ou progressos. Os moradores dedicavam-se à lavoura e o bairro dependia muito da freguesia da Penha.

A região iniciou seu processo de urbanização na década de 1930, quando foi instalada a Estação de São Miguel Paulista em 1932, parte de uma variante da Estrada de Ferro Central do Brasil, e principalmente devido à instalação da Companhia Nitro Químico Brasileira, a partir de 1935, modificando a paisagem local e provocando um grande deslocamento humano para a região, transformando-a em um bairro residencial. Já na década de 1940, um terço da população do bairro trabalhava na Nitro Química.

Com o aumento da população e a falta de transporte público que ligasse o bairro à área central, surgiu uma demanda por equipamentos públicos no bairro e, em 1938, foi criada sua primeira escola, o Grupo Escolar de São Miguel Paulista, que posteriormente foi chamada de Grupo Escolar Carlos Gomes.

Depois, em 1952, foi criado o Ginásio Estadual de São Miguel Paulista, posteriormente nomeado de Ginásio Estadual Prof. Francisco Roswell Freire, que ocupava o espaço do Grupo Escolar Carlos Gomes. Com o aumento do número de alunos e com um edifício que não mais atendia às exigências necessárias para manter-se como entidade educacional, o Grupo Escolar Carlos Gomes foi desativado para ser transferido para um novo prédio a ser construído, a Escola Dom Pedro I.

A Escola Estadual Dom Pedro localiza-se na Rua Américo Gomes da Costa, entre duas grandes vias, a Avenida Nordestina, antiga Estrada do Lajeado - que levava a Santos, e a Avenida Marechal Tito, antiga Estrada São Paulo - Rio de Janeiro.

A escolha dessa escola deve-se à sua complexidade arquitetônica, caracterizada por um amplo projeto para o ensino fundamental e de 2º grau. Sua localização também foi um fator essencial. O terreno está localizado entre uma praça, grande área verde no centro de São Miguel, e o Mercado Municipal Doutor Américo Sugai, formando um eixo de equipamentos públicos.

Hoje, a escola é subdivida em duas escolas: uma estadual, de ensino de 2º grau, Dom Pedro I, e outra, EMEF Arquiteto Luís Saia, municipal e de ensino fundamental. Ambas ocupam o mesmo lote, sendo separadas por um muro.

O PROJETO

A intervenção se dá no eixo praça-mercado, onde o projeto do anexo é mais detalhado e os outros edifícios, bombeiro/polícia, mercado e cinema, são planos de massa, estudos de volumetria e implantação, sem detalhamento maior.

O eixo de equipamentos localiza-se entre a Avenida Nordestina e a Rua Abaitinga, sendo cortado pela Avenida Marechal Tito. Também é ligado à Rua Serra Dourada, a qual leva à estação São Miguel Paulista, parte da linha F da CPTM. Existe um desnível de vinte metros entre as duas pontas do eixo e a implantação tenta exatamente tirar partido dessa diferença de cotas.

Implantado na cota 759, o cinema tem entrada por dois lados: tanto pela Av. Nordestina, através da cota 762, que dá acesso por uma escada à bilheteria, como pela praça. Entre as entradas das salas de cinema ainda é formada uma rua interna que se abre para as ruas Américo Gomes da Costa e Prof. Antonio Gama de Cerqueira. A idéia de incluir um cinema no eixo surgiu após perceber a carência desse tipo de equipamento na Zona Leste. Até os fins dos anos setenta São Miguel contava com um cinema, em frente à Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, que foi desativado e hoje é ocupado por uma Igreja Universal.

Um pouco mais abaixo, na cota 755, está o anexo da escola. Tirando partido do desnível de três metros na praça no local da implantação, o anexo tem entrada por dois lados, pela cota 755, através de uma passarela que corta todo o eixo longitudinal do prédio, e na cota 752, nas proximidades da escola. A entrada pela praça possibilita que o projeto seja entendido não só como um anexo à escola, mas também como um equipamento urbano que deve ser usado pela população local.

O programa do anexo é ligado aos usos dos equipamentos complementares à escola, como quadras esportivas, piscinas e salas multiuso, e também aos cursos técnicos e profissionalizantes. Por se tratar de uma área comercial, o entorno da escola fica esvaziado a noite e também durante os finais de semana. Esses cursos técnicos e profissionalizantes foram pensados para serem ministrados principalmente nesses horários de menos movimento, a fim de dar um novo caráter para a região, que deixaria de ser estritamente comercial.

Os níveis são interligados por uma torre de circulação vertical, dotada de elevadores e escada, e por escadas, tendo o vestiário como nível intermediário (cota 752) entre piscinas, quadras e salas multiuso.

Formado por bancas comuns e por um sacolão que ocupa o espaço central do edifício, o mercado é aberto longitudinalmente, dando acesso direto à Rua Serra Dourada, que teve sua calçada aumentada na área próxima ao projeto. No pavimento térreo, as bancas, que se encontram nas laterais do mercado e paralelas à Avenida Marechal Tito, se abrem tanto para o interior como para o exterior/rua, através de portas pivotantes que compõem a fachada. O pavimento superior é formado por duas ruas internas que abrigam as bancas, que, nesse caso, só se abrem para o interior.

Os edifícios do bombeiro e da polícia são iguais, tendo o térreo livre para o estacionamento de viaturas e de caminhões. São ligados através de duas pontes e formam um pátio central no nível da praça e estão implantados na cota 741.

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