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ESCOLA DE AUDIOVISUAL NA VILA LEOPOLDINA

 

Gustavo Marchetti

Angelo Bucci

A Vila Leopoldina, tradicional bairro industrial da zona oeste de São Paulo, vive atualmente um período de alteração em seu uso, a atividade industrial vem abandonando a região o que cria uma espécie de vazio-urbano que fica disponível ao interesse de outras atividades econômicas.

A parte baixa do bairro, área de atuação deste trabalho, região próxima à confluência dos rios Pinheiros e Tietê e CEAGESP, ainda mantém uma paisagem industrial, e a infra-estrutura construída dos armazéns e galpões industriais desperta interesse setor terciário.

O principal atrativo da região é o fato dela ser bem atendida pelas redes de transporte. A Vila Leopoldina localiza-se na marginal pinheiros, via urbana de caráter regional e que faz ligação com as principais rodovias estaduais: Anhanguera, Bandeirantes, Castelo Branco e Raposo Tavares; possui relativa proximidade com o centro da cidade, 11 quilômetros, e é atendida pela linha C da CPTM.

Estas características tornam esta região um ponto de especial interesse para empresas do setor Audiovisual. Nesta região se verifica uma crescente concentração de estúdios, produtoras e agências de propaganda que vem consolidando o processo de formação do Pólo Audiovisual do Estado de São Paulo.

A mera concentração de equipamentos e atividades não cria automaticamente uma centralidade, e é necessária a existência de espaços e equipamentos públicos e que estes sejam acessíveis e significativos na paisagem, que nela sejam marcos, mas que mantenham relações com o entorno e com o histórico, criando assim uma identidade local. Será a partir destes elementos que o usuário poderá identificar o conjunto e sua carga simbólica poderá tornar reconhecíveis as relações que ocorrem nesta parte da cidade.

É com este objetivo, a criação de um equipamento público inserido nas dinâmicas urbana e econômica da região, que se propõe a Escola de Audiovisual. Sua implantação dentro deste centro de produção, além de ser coerente com o momento histórico-econômico da região, simbolizaria a consolidação do incipiente pólo audiovisual.

O local escolhido para o projeto é um terreno de 11.500 m² na esquina da Avenida Mofarrej com a Rua Mergenthaler que abriga um conjunto de galpões e uma área arborizada. Os galpões estão desocupados e atualmente parte deste conjunto abriga um estacionamento informal, o restante permanece vazio e ocasionalmente é alugado para filmagens. A proximidade com estação da cptm foi um ponto fundamental para a escolha deste terreno.

O conjunto existente não é particularmente representativo da região tampouco possui valor histórico reconhecido que demande sua preservação integral, ainda assim parte significativa foi incorporada ao novo projeto. Alguns edifícios, que se encontravam em pior estado de conservação ou com menores possibilidades de adaptação para novos usos foram demolidos dando lugar a novos espaços.

A opção por aproveitar parte das estruturas existentes no projeto da escola, mais do que diminuir os custos de construção, evita a descaracterização que os bairros, sobretudo em São Paulo, costumam sofrer ao passar por processos de transformação como este que ocorre na Vila Leopoldina.

Buscando situar a escola como centro agregador da região, o edifício projetado abriga as funções de educação, produção, exibição e convivência. Atendendo às necessidades da escola, o edifício possui instalações para a formação de profissionais dos diversos diversos campos de atuação nesta área.

Abrigará uma escola de caráter acadmico para formação universitária com atividades práticas e, paralelamente, cursos técnicos, de menor duração. Desta forma, o programa de necessidades contempla tanto os equipamentos para o ensino acadêmico, salas de aulas convencionais, biblioteca e laboratórios quanto os estúdios e oficinas para a formação profissionalizante.

A região é muito carente de serviços principalmente de alimentação, portanto o restaurante não é dedicado exclusivamente à escola, pelo contrário, ele é voltado para rua, com a área das mesas aberta para o passeio. Através dele o pedestre, trabalhador da regiáo, será convidado a entrar e a participar da escola, fortalecendo o caráter agregador que ela busca conquistar no pólo. O conjunto abrigará ainda um cinema com 416 lugares, com palco e área de apoio podendo também ser utilizado para palestras e eventos. Assim como o restaurante, este espaço atua como elemento agregador.

Sobre esta sala de exibição convencional, aproveitando o plano inclinado da cobertura e a empena do bloco de educação foi proposto um cinema ao ar livre.

Estando localizado em uma área de várzea o bairro está sujeito a inundações ocasionais, e a solução adotada consiste elevar o pavimento térreo em 1,20 m por todo o perímetro do conjunto. O acesso pela avenida Mofarrej se dá por um talude suave, possível pelo grande recuo do conjunto em relação à calçada. O acesso pela rua Mergenthaler se dá por uma escada e uma rampa. A cota 1,20 m, além de proteger o edifício de inundações foi escolhida por possibilitar uma plataforma no mesmo nível da caçamba dos caminhões, as operações de carga e desgarga são bastante intensas em produções audiovisuais.

Mesmo com uma intervenção pontual, restrita à um lote, este projeto busca estabelecer relações na escala urbana, se inserindo no processo de transformação da região e assumindo um posicionamento em direção à consolidação do pólo audiovisual em formação. Através da criação de um equipamento público que aceita a mudança de uso que vem ocorrendo na região, este projeto propõe uma transição que mantenha elementos da paisagem industrial do bairro, evitando sua descaracterização.

Ficha Técnica

área do terreno 11,700 m²
área total do projeto 13.890 m²
taxa de ocupação do terreno 65%

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