O objeto de estudo deste trabalho é o desenvolvimento do projeto, o equacionamento dos aspectos de produção e uso de um conjunto de móveis para escritórios contemporâneos, caracterizados por formas flexíveis de trabalho.
As mudanças progressivas nas formas de trabalho, que introduzem desde necessidades de flexibilidade nos arranjos espaciais até a reorganização do espaço residencial como local de trabalho, demandam processo contínuo de repensar os hábitos.
Percebemos então que se tornam comuns as organizações com funcionários que desempenham funções diversas em horários flexíveis, deixando de lado a burocracia em favor da qualidade de produção.
Neste contexto, estações de trabalho temporárias, desmontáveis, permitem as adaptações adequadas ao ritmo de cada profissional e à dinâmica das relações de trabalho.
Através da pesquisa em assuntos como o design, a ergonomia, a tecnologia de informação e produção de mobiliário, esta proposta objetivou a criação de ambientes desvinculados de rígidas subdivisões de espaços, explorando o conceito da flexibilidade dos arranjos espaciais, prevendo áreas funcionais que se integram entre si através de móveis modulares.
Inicialmente, a intenção do projeto era propor uma estação de trabalho, com ênfase para a resolução do plano horizontal. Entretanto, observou-se que a questão ultrapassava o simples redesenho do plano de trabalho, dentro da proposição de flexibilidade das composições espaciais, pois demandava soluções para o plano vertical, incluindo resolução de estabilidade, apoios, juntas, encaixes, entre outros aspectos.
O foco do projeto deslocou-se para a divisória, aqui pensada também como estante ou local de exposição e guarda de objetos, com a qual a mesa ou estação de trabalho teria um novo tipo de relacionamento, ou na qual ela poderia nem mesmo estar inserida.
-Flexibilidade no arranjo e na composição dimensional dos espaços de trabalho
-Modularidade no sistema vertical com possibilidade de receber diferentes componentes adequados às tarefas e aos usos
-Propiciar a diferenciação e a personalização de cada espaço
-Componibilidade
-Montagem e desmontagem
-Linguagem estética criativa
-Possibilitar a comunicação entre os usuários e deles com os sistemas de informação e comunicação
A proposta inicial foi inspirada em uma estrutura de piso elevado, na qual uma placa metálica de forma orgânica serve de apoio para o revestimento do piso.
Foi idealizada para o projeto a rotação desta placa para a vertical, transformando-se na estrutura central da divisória, sofrendo alguns ajustes para que pudesse receber outras placas de revestimento externo e elementos horizontais para o acoplamento de módulos para guarda de material.
A composição se daria com a união destas placas orgânicas com outras placas através de conectores, formando uma malha com a dimensão da divisória desejada.
Analisando o formato e o modelo produzido, foi constatado que a forma concebida, apesar de ter um significado formal forte, não teria o comportamento estrutural desejado para uma divisória (sendo solicitada a absorver forças de compressão), além do fato de ser montada como uma malha componível criar muitos pontos de conexões instáveis e articuláveis.
Para tornar esta configuração de montagem possível estruturalmente, era necessário inserir um novo elemento vertical de união entre as placas para resolver aspectos de estabilidade, absorvendo as solicitações de esforços decorrentes do uso e peso próprio.
Porém, a inserção deste novo elemento (montante) eliminou a função estrutural que era associada à placa central orgânica, tornando-a obsoleta dentro do contexto final da divisória, sendo então retirada, para focar o projeto no objetivo inicial e para o programa estabelecido.
O projeto final compõe-se de um conjunto de componentes organizados, dimensionados e conectados a uma estrutura vertical de sustentação e apoio a estes componentes. Juntos conformam um sistema de mobiliário que permite a composição de arranjos espaciais diversos, componíveis, montáveis e desmontáveis. Os componentes são:
-Montantes verticais: alumínio extrudado anodizado fosco com terminal em chapa plana para fixação no piso;
-Placas de fechamento: polipropileno pigmentado extrudado branco com lâmina interna ondulada estruturadora;
-Peça de fixação 1 (no piso): alumínio extrudado anodizado fosco com pinos de encaixe para fixação nas chapas planas dos montantes;
-Peça de fixação 2 (no topo da divisória): alumínio extrudado anodizado fosco para encaixe nos montantes e prumo das placas de fechamento;
-Apoios horizontais para encaixe dos módulos: alumínio extrudado anodizado fosco com rosca para fixação no montante;
-Módulos - componentes móveis para diversas funções e composição de ambiente: polipropileno pigmentado extrudado branco com lâmina interna ondulada estruturadora;
-Plano de trabalho horizontal: polipropileno pigmentado extrudado branco com lâmina interna ondulada estruturadora.
A união dos diferentes tipos de montantes e placas de fechamento pode configurar (a depender da intenção de uso) divisórias simples de ambiente ou divisórias compostas associadas aos módulos.
Na primeira opção, os montantes ficam espaçados de 880mm (de eixo a eixo) com as placas de fechamento entre eles, se comportando apenas como biombos de separação entre ambientes.
Na opção de compor a divisória com os módulos, os montantes ficam espaçados de 460mm. Os apoios horizontais para encaixe dos módulos móveis são rosqueados de ambos os lados dos montantes (necessariamente dos 2 lados, para não deslocar o centro de gravidade da divisória) para então receber os módulos, que em alguns casos, têm uma cor associada à sua função, como elemento facilitador de identificação e compositor de ambientes.
O design destes elementos (apoios horizontais e módulos) permite que os módulos possam ser reposicionados a qualquer momento, alterando a configuração visual e de uso, possibilitando que um módulo com certa função fique mais próximo ou mais distante da área de trabalho a depender da sua maior ou menor utilização.
