As brincadeiras, ao mesmo tempo que expressam aquilo que há de universal e permanente na infância humana, denunciam as peculiaridades de uma determinada cultura ou grupo social. O brincar tem hoje, sua importância reconhecida por estudiosos, educadores, organismos governamentais nacionais e internacionais. Além de ser um direito regulamentado por lei, o brincar é, para a criança de qualquer parte do mundo, muito importante. Ele trabalha o crescimento e o desenvolvimento intelectual, cognitivo, espacial e emocional. As crianças que têm a oportunidade de brincar, estarão mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro do contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenrolar da sua vida.
Os brinquedos, como tantos outros objetos produzidos pela humanidade, são reflexos das relações sociais, culturais, políticas e econômicas travadas em uma dada sociedade. Os brinquedos antigos nos possibilitam o conhecimento e a compreensão do mundo infantil de épocas passadas. Já os brinquedos contemporâneos, os mais recentes, os eletrônicos, dizem também de nossa história . Estudá-los é necessário. Resgatar a memória do brinquedo é uma forma de ampliar o universo lúdico/cultural das crianças e de promover um diálogo com as diversas gerações, pais, avôs, tios, que têm sempre uma história para contar sobre as suas brincadeiras. É necessário estimular espaços que possibilitem o contato das crianças com a diversidade de brinquedos e brincadeiras existentes no seu meio cultural, garantindo assim, a vivência plena daquilo que é próprio da criança: a brincadeira.
Atualmente, esses espaços e o tempo dedicados às brincadeiras vêm diminuindo. O novo ritmo de vida das pessoas nas grandes cidades impôs certas mudanças na realização das atividades lúdicas. A intensa urbanização e a invasão das ruas pelos automóveis expulsou progressivamente as crianças do espaço público. A dinâmica frenética das famílias impõe às crianças um esquema de tarefas exaustivos, que engole a infância e não disponibiliza flexibilidade para brincadeiras livres.
Dessa forma, há uma evidente necessidade de promover a conservação e o usufruto da cultura lúdica infantil. Com a proposta do Museu do Brinquedo pretende-se que as brincadeiras e os brinquedos de outrora sejam preservados para resgatar a memória de infâncias passadas, além de estimular e propiciar o mais puro e simples brincar cada vez mais encurralado nas metrópoles.
A área escolhida para a implantação do projeto localiza-se no bairro do Bom Retiro, próximo à confluência dos rios Tietê e Tamanduateí. Seu entorno é caracterizado por galpões fabris, construções precárias, e avenidas de grande porte. Possui fácil acesso da população de várias regiões da cidade pela proximidade com a estação de metrô Armênia. Possui também, localização cultural e turística privilegiada por estar no eixo dos equipamentos culturais e históricos da Avenida Tiradentes.
Atualmente, nesse terreno encontra-se principalmente a sede da Subprefeitura da Sé e a estação de transbordo de lixo da Ponte Pequena. A prefeitura de São Paulo já apresenta interesse no remanejamento da sede da subprefeitura para uma área mais central da cidade, dentro do projeto de revitalização da "cracolândia" (Nova Luz). Com a retirada desse equipamento torna-se possível a implantação de uma parque linear junto ao Tamanduateí com a criação de áreas verdes que atravessam o rio, ligando a Avenida do Estado ao centro da cidade.
Também torna-se viável a conexão com a parte norte da cidade, através de um sistema de áreas verdes interligando os principais equipamentos dessa região. Ao menos nessa parte da cidade, os rios e avenida do Estado deixariam de se constituir uma barreira à evolução de uma área tão importante, mas que sempre foi deixada em segundo plano: a confluência dos rios Tamanduateí e Tietê.
Para que essas conexões ocorram, o parque linear proposto deve promover uma ligação entre os equipamentos de seu entorno imediato - a estação Armênia e o Parque do Gato. No projeto, esta ligação ocorre através de passarelas para travessias das avenidas, que continuam numa marquise que corta o parque marcando o caminho de travessia e organizando seus equipamentos.
Partindo da premissa de que o Museu do Brinquedo se daria no parque todo e não apenas dentro do edifício, estabeleceu-se que o parque seria um local de conservação dos brinquedos e brincadeiras tradicionais ao ar livre, assim como também de novas propostas lúdicas que despertem o brincar na criança. As tradicionais propostas de parquinho forram então, revistas. Os brinquedos devem ser lúdicos e interativos, e despertar na criança vários sentimentos e ações. Os espaços possuem uma diversidade de funções para que o usuário tenha liberdade de escolha. No parque proposto podem ser encontrados espaços que promovem o contato da criança com a natureza e seus elementos (água, areia, terra, animais), que estimulam a aventura através de surpresas, desafios, percursos e obstáculos, que desenvolvam habilidades físicas, motoras e sensoriais, ou que simplesmente sejam espaços vazios onde a criança terá a oportunidade de praticar as tradicionais brincadeiras de rua.
O edifício do Museu abriga diferentes aspectos e funções. Em primeiro lugar, caracteriza-se por ser um grande centro de exposições de brinquedos. Brinquedos antigos, atuais e de outras culturas, se utilizarão de piso inteiro dividido por estantes expositivas baixas e flexíveis para dar mobilidade ao espaço. Tem também, a função de informar e atender educadores em geral sobre a importância das brincadeiras no aprendizado. Para isso, o programa do prédio inclui um auditório, salas multiuso e uma biblioteca com um acervo que contemple o tema da educação.
Por último, a mais importante função para o público infantil, é a de ser um lugar para brincar. No último piso do Museu as crianças poderão fazer seus próprios brinquedos, jogar, brincar com outras crianças e se divertir através da arte e da leitura.
Área total do terreno: 113 mil m²
Área construída: 15 mil m²
