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secao 4!

Galpões na Barra Funda:

requalificação sustentável

Lilian Mayumi Mitsunaga

Roberta Consentino Kronka Mülfarth

Como Trabalho Final de Graduação propõe-se a realização de um projeto de "retrofit" (reabilitação tecnológica e da eficiência energética) a partir dos preceitos e premissas da sustentabilidade, utilizando para tal a tipologia dos galpões industriais degradados na região central de São Paulo, mais especificamente no bairro da Barra Funda, através do conceito de edifícios simbióticos.

O tema justifica-se pela constatação da existência de um número considerável de edifício em situação de abandono ou de subutilização nas regiões centrais, sobretudo, de grandes cidades tais como São Paulo. Assim como pela necessidade de reorganizá-los e reutilizá-los.

Além disso, frente às preocupações ambientais tão em voga atualmente, constata-se a existência de um movimento mundial crescente, mesmo que às vezes por demais parcial, em prol da preservação dos recursos naturais. Mobilização esta que se espalhou para todos os campos de atuação dos homens, incluindo a arquitetura.

Assim sendo, a principal preocupação e o maior objetivo desse trabalho é aplicar o conceito de sustentabilidade na arquitetura, por meio da preservação e readaptação, ou melhor, "retrofit", da de edifícios abandonados e/ou subutilizados, restaurando seus valores e colocando-os em condições apropriadas ao uso.

O trabalho inclui também a realização de uma pesquisa sobre as principais estratégias de projeto a serem consideradas para que a readequação do edifício integre-o com o entorno e paralelamente interfira o mínimo possível no meio ambiente no qual está inserido.

A requalificação de edificações, neste caso um galpão, apresenta ser uma excelente alternativa à demolição e à construção de novos edifícios. Esta é uma estratégia cada vez mais pertinente às necessidades urbanas e a um contexto de esgotamento dos recursos energéticos, dando a ele um uso adequado à área na qual está implantado.

Porém, antes de atentar ao projeto da edificação, foi necessário o estudo do entorno. Através de pesquisas e levantamentos foi possível detectar os problemas principais da região, bem como as propostas já existentes para a área abordada.

Com isso, foi feita uma proposta para a área, reorganizando o sistema viário, criando mais áreas verdes e permeáveis e novos edifícios residenciais, além dos que já serão construídos, criando mais áreas comerciais objetivando o dinamismo e o adensamento local.

Através dessas pesquisas, foi possível definir o uso do galpão. Por localizar-se em frente à Estação Barra Funda, próximo a uma universidade e a mais duas futuras universidades, ao Parque da Água Branca, ao Memorial da América Latina, a um shopping, Sesc, supermercado, e também a quatro edifícios residenciais em construção, concluiu-se que o uso mais adequado fosse um edifício multifuncional que abrigasse serviços, comércio, residência e escritórios.

Esse trabalho foi bastante complexo de ser realizado. Ele entra em várias áreas da arquitetura: urbanismo, patrimônio histórico, tecnologia da construção, projeto, edifícios simbióticos, conforto ambiental e sustentabilidade. Além disso, o uso escolhido para os galpões, uso misto, contribuiu para tornar o trabalho ainda mais desafiador com muitas dúvidas e complicações. Compatibilizar todos esses assuntos e programa foi difícil e talvez não tenha chegado a um nível completo. Entender o processo como um todo e pesquisar sobre as tecnologias mais recentes tornam o projeto consciente de suas implicações.

Entrar em discussões polêmicas não era exatamente o intuito, mas foi inevitável. Discussões como a importância de respeitar a utilização de equipamentos abandonados na cidade. Mas não são apenas prédios habitacionais que está em abandono, equipamentos urbanos de lazer e transporte, além de outros, também precisam de atenção. É preciso saber aproveitá-los de modo que se tornem parte integrante da dinâmica da cidade, nossa cidade poderia estar mais equilibrada.

Paralelamente tem-se a importância de se preservar o patrimônio cultural, assim como as construções antigas existentes. Essas construções podem ser preservadas de diversas maneiras. Todas as construções têm uma história da qual não podemos descartar, mas como podemos fazer para que essa história seja conhecida e reconhecida pela cidade?

Esse trabalho traz uma proposta que muitos podem não concordar por ser diferente do consenso comum praticado atualmente. Tomou-se como base referências principalmente da Europa onde a prática de preservação do patrimônio histórico é diferente da que encontramos no Brasil. Enquanto que lá a abundância de construções antigas faz com que se procurem diversas maneiras de se preservar o imóvel, não necessariamente através de restauro, mas de outras formas, como os Parasite Buildings ou edifícios Simbióticos, no Brasil essa prática ainda não é muito conhecida e muito menos praticada. Apesar da diferença de realidades, cultura e contexto, essa prática parece ser condizente com a nossa realidade e por isso este trabalho pode ser um exemplo de uma outra maneira de se pensar na preservação de bens patrimoniais culturais.

Em meio a todos esses conceitos, buscou-se um projeto que pudesse ter como principal característica a consciência ecológica. A busca por estratégias de projeto que respeitasse nossa condição atual com a preocupação da escassez de recursos e no melhor aproveitamento desses recursos para que eles não faltem e para que eles possam voltar ao ciclo natural mais rapidamente na mesma condição em que foi retirada dela, senão em melhores condições.

Não se tem a pretensão de apresentar uma solução para todas estas questões levantadas, mas sim, de iniciar uma discussão acerca de todas estas variáveis.

Ficha técnica

Local: Rua Tagipuru, Barra Funda
Área do terreno: 7.400 m²
Área construída: 26.500m²

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