O presente tema foi escolhido motivado pelos seguintes aspectos:
Ser um exercício de projeto relacionado ao capital privado, ainda que com liberdades destoantes da realidade de mercado;
Trabalhar com algo que requeresse alguma especificidade;
Permitir trabalhar relações entre estruturas de madeira e concreto, aproveitando da presença de áreas de uso extremamente distinto, a da cozinha e serviços e a do salão de refeitório, e marcando essa diferença de uso com uma diferença no conceito estrutural e estético.
O terreno escolhido é atualmente um estacionamento, na esquina das ruas Canário e Juruti, em Moema.
As razões para sua escolha foram, principalmente: A posição de esquina, com uma grande área de fachada; o fato de estar parcialmente "desocupado"; a orientação, com fachadas nordeste e noroeste; e a pouca declividade, que permitiria que o terreno não fosse a principal influência na elaboração do partido arquitetônico.
Essa última premissa se mostrou errada, como mencionarei na conclusão. Além disso, essa parte de Moema e em especial a Rua Canário, possuem uma vocação para a presença de restaurantes, bares e similares.
O projeto consiste em:
Um salão linear estruturado em madeira;
Um pátio interno com jardim no qual se encontra uma área aberta de refeitório, sendo parte dela coberta;
Uma entrada, que, leva ao ponto central do restaurante;
Um bloco de dois pavimentos, contendo no pavimento inferior os sanitários para os clientes, acesso entre cozinha e salão e adega, e no superior os vestiários para os funcionários e um escritório;
E um bloco para cozinha, serviços e armazenamento, de um único pavimento, conjunto ao bloco de dois pavimentos.
O salão linear e inicia nos limites do terreno à Av. Juruti, faceando a esta e marcando a esquina com uma curva, para se encerrar junto à entrada, no meio da fachada à Rua canário.
Possui telhado cm inclinação voltada ao miolo do terreno e fachadas envidraçadas em ambos os lados, resultando em uma grande área envidraçada voltada à rua e por conseqüência ao norte, necessitando de um elemento de sombreamento, função feita por uma pele externa de brises de madeira.
As fachadas internas dos módulos fora da curva (ver planta) possuem abertura para o pátio interno.
A escolha da madeira se deveu ao interesse de criar uma ambientação diferente e própria.
O pátio interno foi pensado como uma área de refeição ao ar livre, porém livres dos distúrbios recorrentes às mesas em calçadas.
O posicionamento da entrada foi pensado de forma a facilitar uma circulação, de forma a que o acesso à área aberta e aos sanitários pudesse ser feito diretamente após a entrada, sema necessidade da passagem por dentro do salão. O ponto negativo dessa solução é o cruzamento dos fluxos da entrada e da cozinha.
O bloco de sanitários e vestiários, com dois pavimentos, foi posicionado de forma que uma de suas empenas sirva como fechamento para a estrutura de madeira.
A presença da adega na parte inferior desse bloco se deveu à necessidade de proximidade junto à saída da cozinha, e à intenção da existência de uma vitrine voltada à entrada, parcialmente como uma loja. Tal vitrine se deve ao fato de que o vinho é um item servido que não é preparado, e sim comprado, justificando um elemento de visualização e propaganda.
A distribuição espacial da cozinha teve como ponto de origem sua saída para o salão, a partir da qual foram organizadas às áreas de higienização e de cocção/preparação.
Devido a essa orientação de distribuição, a parte de armazenamento acabou relegada ao fundo do terreno, gerando uma doca afastada da rua.
O conceito inicial surgiu a partir de duas premissas:
A primeira premissa adota para o projeto foi voltar o salão de refeitório para a esquina, com uma área externa, algo como um deck, como elemento de demarcação da esquina, recuando a área de cozinha e serviços para o miolo do terreno, distante da rua. A conexão entre essas duas áreas seria feita por um bar localizado na entrada que relacionaria o dois elementos construtivos e serviria de recepção.
Uma área térrea para estacionamento também era prevista, mas foi abandonada tanto pelo aspecto de vazio que empregaria ao terreno quanto pela necessidade de um adensamento maior que o bairro impõe.
A segunda premissa concernia à disposição das mesas no salão, de forma a que nenhuma mesa obrigasse diretamente algum cliente a sentar-se olhando para a parede ou com as costas voltadas para a circulação. Essa premissa acabou por definir a forma final do salão fechado, linear, o que por conseqüência acabou resultando na formação do pátio interno e na desejável transferência da área externa de refeitório, aberta, para o pátio interno.
Tal condição se mostrou desejável, visto que evitaria que distúrbios provenientes da rua pudessem perturbar quaisquer clientes que optassem por sentar nessa área externa.
Com o desenvolvimento o bar acabou sendo suprimido, e a função de conexão entre salão e cozinha passou para o hall de entrada, criando uma posição central no restaurante para a circulação de público.
Os resultados espaciais finais se devem diretamente às duas premissas iniciais adotadas, mas essas acabaram condicionadas ao terreno, ator principal do desenvolvimento do projeto. Os alinhamentos e a aparência final do projeto são devidos às características do terreno. Um exemplo disso é a curva no salão, como elemento de marcação da esquina, algo cujo desenho teve origem em visitas ao terreno e observação de suas características.
A volumetria espacial conseguida pela madeira talvez pudesse ser conseguida de uma forma mais simples e eficaz através do uso de uma estrutura em aço.
Por fim, a ausência de uma temática mais específica dentro do tema restaurante (como "churrascaria" ou etc.) acabou criando alguns problemas e indefinições no desenho da cozinha.
Área do Terreno: 2436m²
Área construída
Salão: 470m²
Cozinha/Serviços: 525m²
2º Pavimento: 135m²
Subsolo: 925m²
Total:2055m²
Área Externa:140m²
Lugares
Salão: 142
Área externa Coberta: 48
Área externa descoberta: 48
Total: 238 lugares
