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secao 4!

Detenção:

Intervenção Urbana baseada no estudo do maior Presídio Feminino da Amírica Latina

Marisa Bueno e Souza

Vera Pallamin

O presente trabalho pretende criar uma intervenção urbana que, baseada no estudo da realidade observada em um presídio feminino, possibilite a discussão sobre as desigualdades encontradas em relação ao masculino e quais as especificidades necessárias para o sistema prisional feminino no Brasil. Buscou-se inserir a obra em um contexto urbano específico, como forma de embasar a questão do ponto de vista da cidade. Como trata-se de uma questão que, apesar de ignorada pela população, está não somente presente como í fruto da sociedade, a sua inserção neste contexto possibilita um questionamento dos fatos como sendo parte do cotidiano da metrópole, não somente algo que ocorre somente atrás das grandes muralhas dos presídios.

Sendo o universo estudado pródigo em personalidades razoavelmente distintas, optou-se em segmentar a população em três grupos distintos: funcionários, pessoas sem vinculo empregatício ou de cárcere, e as presas. Desta forma, o trabalho reuniu as questões colocadas pelos três grupos que convivem neste ambiente, de forma a selecionar pontos que fossem realmente cabíveis de critica deste universo, sem nenhum tipo de paternalismo ou defesa de uma das partes. Apesar do trabalho tratar a questão das presas em um primeiro momento, seriam pontos colocados e acordados pelos três grupos estudados.

Com isso, baseado no conceito de site-specificity, que desafia os produtores de arte urbana em sua compreensão do cotidiano e do uso de seus espaços em termos físicos, sociais e políticos, a obra foi projetada para ser inserida na Passagem Subterrânea da Consolação. Não somente pela característica construtiva e histórica do local, mas principalmente por sua localização e pelo pœblico que utiliza o local como passagem entre os dois lados da Av. Consolação na altura da Av. Paulista. Localizado em um dos pontos símbolos da cidade, o local é freqŸentado por quase todas as classes da sociedade. Levar a questão para a maior parte da população, expondo os pontos relevantes da questão, foi uma forma de conscientizar a população que o preconceito em muitos casos torna-se somente um agravante para o problema.

Foram três peças dispostas de forma a delimitar um circuito discursivo sobre o problema. Cada peça aborda uma problemática, transformando o percurso da Passagem em um discurso sobre a realidade estudada. O primeiro remeteria à questões sobre as diferenças físicas entre os sexos, em especial a maternidade, fertilidade, ciclos menstruais e outras especificidades físicas em relação a mulher. A segunda sobre a importância tanto da família no cotidiano destas mulheres quanto a importância delas para essas famílias, uma vez que a grande maioria são mães de mais de uma criança, que acabam sendo criadas por outras pessoas, muitas vezes amigos ou visinhos, ou mesmo em abrigos ou FEBEM. A terceira remeteria ao vazio afetivo vivido em resultado do abandono dos próprios companheiros, expondo uma sociedade ainda machista em sua base.

Busca-se assim uma conscientização de que, independente dos delitos cometidos, existem distinções inexplicáveis entre os dois sistemas que acabam por agravar o problema da marginalidade, como nos casos dos muitos filhos que nascem condenados ao abandono, ou os gritantes índices de homossexualidade dentro destes lugares. Justificar um acréscimo indireto nas penas dessas detentas em virtude dos delitos cometidos por elas é irracional, uma vez que a pena permitida neste pais é dada pela restrição da liberdade, não da saœde, educação ou mesmo da viabilização das visitas de seus companheiros, as quais já são parcas.

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