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secao 4!

Paraty:

Nova Identidade Visual. Codificação e decodificação da cidade histórica através do design.

Martha Serra de Castro

Sylvio de Ulhôa Cintra Filho

Paraty, que já é Patrimônio Histórico Nacional, busca, também, a partir de 2007, o reconhecimento internacional por parte da UNESCO. A nova situação projeta ainda mais a cidade no cenário mundial como um dos grandes destaques em arquitetura colonial, aumentando consideravelmente o potencial turístico, principal atividade econômica da região.

A cidade, no entanto, apresenta ainda uma série de deficiências que podem prejudicar o processo. Este trabalho propõe-se a diagnosticar tais falhas por meio do design, divergindo da tradicional ótica exclusivamente histórica.

Nesse sentido, o novo olhar sobre Paraty sugere uma análise de como o design se insere no espaço histórico. Trata-se do desafio de vencer as disparidades entre a linguagem colonial e a contemporânea, procurando respostas que, através do design, solucionem as carências da cidade, valorizando o espaço como um todo e contribuindo para que Paraty se torne Patrimônio Histórico da Humanidade.

Esta cidade permite o aprofundamento de tais questões, por apresentar sistemas de comunicação visual e equipamentos urbanos muito destoantes da paisagem em que se inserem. No centro histórico, as disparidades ficam ainda mais evidentes. A partir de um diagnóstico detalhado, fica claro a importância de repensar a cidade neste momento, pois, como Patrimônio Mundial, Paraty deverá disponibilizar informações de fácil acesso e em vários idiomas; incentivar a admiração da população pelos seus edifícios históricos; privilegiar os espaços de uso comum e promover o turismo, o espírito de preservação e a cidadania.

O design é o modo mais eficiente para alcançar esta condição, pela eficácia de sua comunicação imediata. Para tanto, deve-se repensar Paraty segundo suas características próprias, como sistema cromático, estilo arquitetônico e importância histórico-cultural, focando em três níveis de atuação:

- Identidade consistente;
- Sinalização e oferta adequada de informações;
- Mobiliário urbano planejado e integrado à cidade.

Considerando o diagnóstico preliminar e as restrições de implantação, é possível traçar diretrizes gerais de como o design deve ser inserido no espaço tombado, ajudando a suprir as deficiências apontadas:

- articular a cidade, através da identificação de equipamentos e do direcionamento de fluxo, atentando às limitações da legislação;
- organizar e coordenar o uso do espaço urbano por meio de mensagens visuais integradas, sejam elas públicas ou comerciais;
- uniformizar o sistema cromático, visando à integração do conjunto visual;
- facilitar o acesso à informação, como mecanismo para estabelecer vínculos entre habitante e cidade. São fundamentais postos bem sinalizados, (principalmente na entrada da cidade e do Centro Histórico), placas direcionais e referenciais, além de totens informativos;
- estipular formas, materiais, tipografia e cores padrão. Deve-se priorizar a regulamentação de usos e não a uniformização destes elementos, que resultaria em uma cidade estética e cenográfica;
- criar possibilidades de estar mais agradáveis e convidativas ao uso, com oferta adequada de equipamentos urbanos, e tratamento de piso e paisagismo onde for permitido;
- preservar o bem tombado, propondo soluções para o problema do lixo, repensando tanto o material quanto o formato e a locação das lixeiras, já adequadas às limitações de circulação de veículos;
- recuperar as características próprias e diferenciais de Paraty, que remetam ao valor do município como Patrimônio Histórico, de forma a reforçar seu potencial de leitura e comunicação.
em outras palavras, revitalizar a identidade ambiental do município.

Os órgãos governamentais devem atentar ao fato de que um novo sistema de comunicação visual valoriza sobremaneira o espaço urbano, e apresenta como consequência natural um aumento do potencial turístico. Seria vantajoso utilizar os recursos vindos do turismo no centro histórico para revitalizar também o restante do município, diminuindo a lacuna entre a cidade histórica e a contemporânea. A qualidade da paisagem urbana prioriza menos o objeto isolado e mais a coerência do conjunto.

O produto final deste trabalho foca-se no desenvolvimento da identidade visual, já que a criação de uma marca forte é o ponto de partida para este sistema de comunicação visual mais abrangente.

Para tanto, desenvolve-se a codificação e decodificação de Paraty histórica: se o código de identidade é definido pelos elementos que caracterizam (ou individualizam) o espaço, é feita uma análise de tais elementos, com o intuito de compreender bem a paisagem a ser retratada na nova marca.

As peculiaridades de Paraty são definidas pelo estudo da identidade em quatro sub-temas:

- espacial: num olhar mais distante, como a cidade se relaciona com o espaço em que se insere;
- arquitetônica: num olhar mais próximo, a definição de quais são os elementos que caracterizam a arquitetura colonial de Paraty;
- cromática: na visão macro e micro, como se comporta a palheta de cores;
- patrimonial: como a formação histórica ajudou a configurar este espaço que hoje define o conceito mais amplo de patrimônio cultural.

Esta análise de identidade comprova que Paraty é uma cidade de várias faces. É o ponto de encontro entre patrimônio histórico e cultural, entre homem e natureza, entre passado e presente.

Natural, portanto, que a nova imagem de Paraty explore estas diversas facetas, pois é justamente a convergência de tantos valores que torna a cidade tão única e especial.

O código de identidade de Paraty está na miscelânea que a cidade consegue explorar, com harmonia e graciosidade. A nova marca resgata a imagem multidisciplinar que retrata tão bem o conceito desta cidade particular.

A partir deste posicionamento, desenvolve-se todo o manual de identidade e as aplicações em papelaria, folheteria, promocional e sinalização referencial. Este é primeiro passo para um sistema coeso, que viabilize não só a candidatura a Patrimônio da Humanidade, como também e principalmente, a formação de um todo integrado, marcado pela colaboração entre população, governo e instituições.

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