Tem-se tornado usual pensar que a função do arquiteto resume-se apenas à "questão da estética" quando se fala em construção civil. O arquiteto além de idealizador é também um facilitador para que se concretize a expectativa do cliente.
No entanto, com certo valor de culpa, temos sido encarados por nossos clientes como meros criadores da boa forma e bela plasticidade. Apesar de tamanha responsabilidade outorgada à profissão do arquiteto muitos de nossos colegas acabam por finalizar seu trabalho sem os devidos componentes necessários para gerir todo o processo da construção.
Nesse sentido, torna-se imprescindível o planejamento da obra - atribuição do arquiteto - sendo uma condição básica para uma construção ter custos compatíveis e se mostrar útil aos seus futuros usuários. Como todo planejamento de obra começa pelo projeto arquitetônico, buscou-se neste Trabalho Final de Graduação - TFG, a clareza da importância de um projeto que pretende trazer informações e detalhamentos necessários para uma execução bem sucedida.
Temos como objeto de estudo o projeto arquitetônico e paisagístico para uma residência na cidade de Botucatu. Para tal, o cliente já é estabelecido como sendo o próprio arquiteto recém-formado. Pretendeu-se, portanto, construir o objeto, contemplando seu processo projetual, por meio de fases sistematizadas.
Como resultado, temos a elaboração de um projeto arquitetônico tendo em vista um cliente hipotético, o próprio arquiteto. Além disso, os estudos de casos vistos, a interpretação e até o questionamento da legislação local, as investigações de projetos, as pesquisas de materiais, as técnicas construtivas e a busca pela interdisciplinaridade representam os instrumentos que subsidiaram a pesquisa para a realização deste TFG.
Buscou-se uma visão diferenciada do mercado imobiliário que reflete bem o modus vivendi do cliente em questão; pois, ao contrário da fragmentação dos espaços, o que se propõe ao máximo é um espaço fluido, integrado e principalmente sociabilizante.
Tais aspectos decorrem de uma reflexão aprofundada das necessidades de: um casal com um filho, um ateliê, espaço para a cozinha integrado com a casa, um estúdio de música e área de lazer com piscina e área livre ajardinada. A parte de serviços comumente composta do quarto e do banheiro da empregada doméstica foi absolutamente suprimida uma vez que, para o cliente, não se mostra necessário.
Algumas leituras e estudos de caso foram realizados no sentido de consolidar os aspectos programáticos.
Botucatu é um município brasileiro do estado de São Paulo a 235 km da capital. A ligação é feita pelas rodovias Marechal Rondon e Castelo Branco. Sua população estimada em 2006 era de 121.274 habitantes.
O clima da região é subtropical úmido e a cidade possui clima ameno (temperaturas médias de 22º C) e altitude relativamente elevada, que varia de 756 metros na baixada a 920 metros.
A escolha do terreno teve seus limites de custo, contudo pôde ser bem localizado e em área com infra-estrutura consolidada. Foram descartados aqueles localizados em "ilhas de segregação urbana", assim como ocorre em condomínios fechados que também se proliferam nas demais cidades do interior do Estado de São Paulo.
Por se mostrar de extrema importância no plano de elaboração do projeto, a escolha do terreno se iniciou com pesquisa de campo e custos na cidade de Botucatu. Alguns terrenos foram selecionados e a refinação dos mesmos, de acordo com critérios projetuais determinou o local do projeto. O mesmo terá tamanho de 15x30m, localizado em área de loteamento padronizado.
Além do aspecto programático, o estudo preliminar desencadeou reflexões sobre materiais e tecnologia. Com a análise de outros projetos e pesquisa de campo buscou-se uma primeira idéia do partido a se seguir. Contemplou-se também a questão da viabilidade financeira que se resume em rigor e liberdade caminhando juntos, ou seja, a investigação pela qualidade deve se mostrar sempre presente, sendo a qualidade que deve contemplar o produto a ser alcançado.
Resolvidas as questões do estudo preliminar, a etapa que se seguiu foi o anteprojeto que, ainda passível de reflexões, buscou as soluções de natureza tecnológica. Por serem superficialmente selecionados, no estudo preliminar, certos materiais e técnicas construtivas; tal etapa exigiu uma pesquisa mais apurada, entrevistas com profissionais da área e um cálculo inicial dos esforços atuantes na estrutura, no sentido de se mostrarem viáveis ou não as decisões inicialmente tomadas. Evidentemente levando em conta seus custos.
Sob a supervisão de um co-orientador se buscou solucionar as questões do tratamento paisagístico das áreas livres bem como conforto resultante de coberturas leves verdes. Com um jardim de chuva ao longo de todo o terreno, a retenção de águas pluviais se mostra satisfatória. A escolha de seixos de rio dá suporte à vegetação que se aplica ao cobogó e as árvores são colocadas de maneira tal que contribuem para o conforto interno da casa.
Nesta fase o desenho mostra, em escala adequada, alguns elementos construtivos. O pré-dimensionamento estrutural, o detalhamento e definição de materiais ficaram para a etapa acima elencada. Vale acrescentar que na fase do pré-executivo questões referentes à ergonomia e desenho do objeto também foram contempladas.
Como partido físico de projeto podemos citar os concretos aparentes presentes nas vigas-parede; as vigas metálicas; a laje pré-moldada; o tijolo de barro; a perobinha clara em caixilharia, telhado e decks de madeira; o piso de granilite branco em toda a residência; telhas portuguesas e lajes verdes.
Tais decisões de projeto contemplaram os desígnios do cliente, as intenções relativas a desempenho, simplicidade construtiva e utilização de materiais e mão de obra disponível no local.
dimensões do terreno: 15x30 metros
área total do terreno: 450 m2
área construída pelo projeto: 220 m2
