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secao 4!

imagens/espaços

 

cesar harold de almeida albornoz

Vicente Gil Filho

não, não havia um problema proposto de maneira clara.
quando a produção de imagens pode tornar-se um problema?
quando a produção de imagens pode tornar-se solução?

a imagem como solução.
uma solução em busca de um problema.
o que é construir?
por que construir?
pra quem construir?
por quem construir?
construir é a solução para o problema que desconhecemos
um fazer qualquer em detrimento de suas motivações.

quem é capaz de separar o fazer de suas motivações?

trabalhei com espelhos antes de entender como eles trabalham.
foram exercício simples, apenas algumas chapas de espelho
de vidro articuladas com pedaços de papelão e linha de pesca.
alterava os ângulos entre os espelhos e gerava novas imagens.
rabiscava linhas de luz invisíveis em papel manteiga,
elaborava efeitos óticos que nem sempre funcionavam.
não funcionavam. não funcionou.
isso chama experimento.

gostava do que a tecnologia audiovisual poderia promover,
um contato visual. um contato virtual.
uma antecipação do real.
um simulacro.
assim apresentamo-nos. assim reconhecemo-nos. uns aos outros.
eu te vejo, e tu me vês.
entre nós, o nada que é um campo de possibilidades.

mas não tinha equipamentos à disposição para experimentar.
para errar e começar outra vez. apenas alguns espelhos quebrados.
o que vejo nestes espelhos? que imagens posso compor?
que espaço é este que vejo aprisionado?

o espaço é algo que vejo.
vejo os objetos ao meu redor, calculo a distância entre eles.
posso definir uma trajetória. posso antecipar acontecimentos.
o espaço tambem o ouço, cheiro, sinto.
com quantos sentidos posso apreender o espaço?
por que a composição das imagens é tão
determinante na leitura do espaço?
o espaço entendido como imagem.
por meio dos espelhos posso trazer estes
raios de luz de volta aos meus olhos.
os espelhos como ferramenta para a minha motivação.
a experiência de articulação dos espelhos em ângulos variados
sob o tampo de uma mesa no meio do corredor revelou que posso
também deslocar pontos de fuga, até um ponto em que
chego a unir extremidades, dois extremos reduzidos a um só.
assim, pude ver cada um dos funcionários da limpeza andando
lado a lado, quando na verdade, no presente instante estavam cada
um numa das extremidades do corredor.

eu os vi de forma indireta e tive consciência de estar sendo visto.
eles me viram de forma direta e ignoramvam que eu os via.

a articulação de espelhos revela a existência de outras linhas invisíveis que
são redefinidas a cada mudança de ângulo entre as chapas: estas linhas de
aproximação e distanciamento.
é no espaço que me desloco.
é o espaço que conforma a minha trajetória.
é no espaço que acontece o encontro.
do espaço entendido como imagem temos que
é na imagem que acontece o reconhecimento.
no reconhecimento há uma possibilidade de diálogo.

no entanto, não pode haver obstáculo.

o encontro não implica num encontro.
posso ver e não reconhecer.
posso ser um obstáculo à minha própria trajetória.
ainda assim, no silêncio dos olhares contruímos narrativas.
signos sem legenda, um inconsciente traduzido em gestos.

o recorte provocando um condicionamento do olhar.
como a arquitetura pré-define minha relação com o espaço?
como a arquitetura pré-define minha relação com os homens deste espaço?
como a arquitetura pré-define o homem?

é um recorte.
é muito simples, apenas um recorte.
o recorte inclui e exclui. o recorte orienta o olhar.
o recorte não está definindo o espaço, está definindo o homem.
afinal, quem definiu este recorte?
quem disse o que deve estar presente e aquilo que não se deve presentar?
quem fez o recorte?
quem fez o recorte do espaço?
quem fez o recorte do espaço que definiu o homem?
quem definiu o homem?

muros.
murros
há quem nunca se dê conta de sua presença.
por ora, contornemos o muro.

ficha técnica

projeto de um suporte de imagem
madeira,acrílico, concreto,aço e ferro
executado no LAME - laboratório de modelos de ensaios
primeiro semestre de 2008.

projeto cesar albornoz
orientador vicente gil filho
marcenaria josé da costa rocha
serralheria celso faustino do prado
canteiro antônio josé peixoto
montagem josé santos da silva
josias molas da silva
júlio cesar da silva

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