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secao 4!

Sobre a construção do tempo e espaço metropolitanos:

Por um urbanismo das infra-estruturas

Eduardo Gianni Dutra Ribeiro

Alexandre Delijaicov

Introdução

Este trabalho ensaia a construção de uma meta-cidade, cuja imagem especular, no campo real, é a própria cidade de São Paulo. Se a meta-cidade está conectada a um imaginário urbano muito vasto, a cidade de São Paulo, em contrapartida, nos fornece as pistas de seus sucessos e fracassos construindo um mapa mental que nos ajudará a tomar certas decisões de projeto.

Talvez o real interesse desse exercício resida, não na tentativa de desenhar uma imagem idealizada ou o ensaio sobre as suas possibilidades urbanas, mas fundamentalmente, na contínua tensão que se estabelece entre essas duas imagens: a cidade existente e a cidade sonhada, e como a relação de campo que se cria ao descrevê-las no tempo e no espaço permite reconstruir com mais transparência aquilo que é a sua matéria primeira: a cidade como idéia.

A Cidade e o Território

O projeto pretende ser, fundamentalmente, um exercício em várias escalas. A cidade repensada a partir do territorial, parte de uma rede maior que determina muitos de seus processos internos.

Esclarecer a organização das dinâmicas que incidem sobre o funcionamento da cidade nos forneceu as bases para estruturar a cadeia logística a luz de um planejamento estratégico integrado a novas políticas de saneamento e gestão ambiental, em consonância com a construção de uma ética ambiental contemporânea

Logística Urbana

A logística Urbana é estruturada neste trabalho como uma reengenharia dos sistemas e serviços urbanos, entram para o escopo da disciplina não somente o trânsito de mercadorias, objeto da logística clássica, mas também outros sistemas urbanos, que necessitam de analise científica e uma concepção global a partir do tecido urbano. Caberia, assim, englobar o transporte público, tráfego, estacionamentos, sistema de calçadas, motos, bicicletas, serviços de correio, serviços de limpeza de vias públicas, irrigação de parques, manutenção dos sistemas de infra-estrutura, coleta seletiva de lixo reciclável, e os serviços de resposta rápida (polícia, bombeiros, assistência médica, etc.), gestão de parques e jardins e, por fim, o fornecimento dos serviços urbanos básicos, água, eletricidade, gás, telefone e esgoto.

Logística Urbana para a cidade de São Paulo: Hierarquia e modulação das infra-estruturas urbanas.

Redescobrir e interpretar a geomorfologia urbana tomada, agora, em outra escala, significa reinserir, como projeto político-ambiental, a cidade no território, e evidenciar que as dinâmicas urbanas, se estendem muito além de sua mancha urbana, configurando entornos técnico-ambientais que são alheios à atual conformação e significação das cidades contemporâneas.

Objetos transparentes: As infraestruturas como interface indivíduo-coletivo, cidade-território

O projeto, sobre a convicção de que arquitetura que se emancipa é aquela que está em sintonia com o projeto político das instituições que a colonizam, parte, não somente de uma concepção da possível organização material dos sistemas urbanos, mas fundamentalmente da incorporação destes em uma agenda política representada por instituições que construiriam os canais para a efetivação de sua desejável dimensão pública.

O projeto se presta ao ensaio de uma cidade onde a configuração de seus sistemas técnicos atue como catalisador de seus conteúdos urbanos, buscando sempre a simetria na informação ao construir uma espécie de Geografia das Infra-estruturas, que tem como objetivo descrever o funcionamento dos corpos técnicos, situar o indivíduo no espaço e deflagrar as repercussões das dinâmicas urbanas no território.

Partindo de uma leitura da geomorfologia do sitio urbano de São Paulo, propomos uma unidade que seja comum aos sistemas e subsistemas analisados neste trabalho: as microbacias urbanas como unidades moduladoras e de gestão das infra-estruturas urbanas; as várzeas como território-suporte dos sistemas técnicos metropolitanos e palco do sistema de espaços públicos da macro metrópole de São Paulo.

A busca pela eficiência da base material da metrópole só será possível, portanto, pela construção de uma lógica que sustente cada uma dessas ações, assim, propomos pensar a cidade a partir de uma outra escala, em que a várzea atue como agente mobilizador dos discursos e percursos técnicos. Alinhados a essa idéia estão os três grandes sistemas que organizam o discurso técnico deste exercício: a Maquina Hidráulica, a Máquina Verde, e a Maquina Cinética hierarquizam os fluxos e constroem os lugares da Meta-cidade de São Paulo.

Ao organizar estes sistemas no espaço, podemos conquistar para o devir urbano, condições que não são próprias aos sistemas isolados. Ao associar os vetores de mobilidade metropolitana ao sistema de espaços livres, por exemplo, incorporamos a possibilidade de que milhões de passageiros que utilizam os sistemas de alta capacidade experienciem um tempo que não é o do fluxo, e um espaço que não é o do confinamento, está disponível, por meio da organização material desses sistemas concretizados no projeto uma amplitude visual animada pela densidade da vida urbana. Assim se estabelece uma relação de simbiose entre o sistema de espaços públicos (Máquina Verde) e o sistema de mobilidade (Máquina Cinética), onde o lento e o rápido se retro alimentam, e onde o transporte público ao mesmo tempo em que torna o sistema de espaços públicos altamente acessível, reforça, pela relação visual que estabelece, a demanda que justifica a sua existência.

Buscando os objetivos colocados ao longo do trabalho, as grandes Infra-estruturas trabalhadas neste projeto estariam localizadas em pontos importantes, sempre associadas aos espaços públicos, construindo de maneira simbólica e legível a sua presença como manifestação da própria escala urbana. Palco da crítica e consciência, esses novos espaços de sociabilidade amparariam a experimentação coletiva que dá à rotina social uma dimensão pública.

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