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secao 4!

Arquitetura Lúdica:

Centro de educação infantil

joyce paula martín delattorre

Clice de Toledo Sanjar Mazzilli

Para que uma escola possa chegar a alterar o processo de aprendizagem, facilitando ou agilizando, deve ser capaz de sugerir novas percepções as crianças e também satisfazer as necessidades dos educadores e familiares. É dever do arquiteto levar em conta os preceitos pedagógicos e adaptar o processo de projeto as necessidades espaciais das crianças.

Diante desse contexto, o foco principal desse trabalho foi a concepção de um anteprojeto de um centro de educação infantil, voltado a crianças em idade pré-escolar, de zero a seis anos de idade. Todo o desenvolvimento do projeto está baseado numa proposta educativa, já que a educação está baseada não só nos ensinamentos humanos, mas também nas características dos ambientes que interferem no desenvolvimento das potencialidades das crianças e também na interação destas com o entorno.

A delimitação de um projeto de um edifício educacional voltado a crianças de zero a seis anos está relacionado ao fato de cada faixa etária possuir necessidades específicas e ser nessa faixa que as condições de capacidade criativa podem ser mais bem desenvolvidas através da arquitetura lúdica sem que o rendimento escolar entre em conflito com o modelo tradicional de educação.

Segundo Mazzilli, "Existem certas determinantes do espaço infantil - o contexto ambiental, o uso, a faixa etária - que o qualificam e exigem respostas diferenciadas na organização e na exploração das linguagens. Por outro lado, o conjunto de estímulos sensoriais é fundamental no processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança, sendo os estímulos visuais determinantes na formação da imagem lúdica, na identidade do lugar e conseqüente sensação de acolhimento à criança. Trata-se ainda de uma arquitetura de caráter não convencional, que exige não só adequações ergonômicas e técnicas, como também o conhecimento das linguagens com as quais a criança se expressa". (MAZZILLI, 2003).

Para atingir os objetivos finais do projeto arquitetônico, este projeto teve como objetivo o aprofundamento dos conhecimentos sobre a criança, seu desenvolvimento, suas necessidades, assim como das linguagens específicas do espaço infantil. Não se pretendeu uma abordagem profunda sobre as teorias da psicologia do desenvolvimento infantil, nem da pedagogia, envolvendo o jogo, o brincar e a educação. Pretendeu-se observá-los com o olhar do arquiteto, que necessita de aprofundamento sobre o usuário do espaço que está concebendo.

Para subsidiar a elaboração do projeto, foram realizadas entrevistas com educadores e algumas visitas às creches e escolas infantis o que se revelou de grande importância no sentido de observar as crianças no seu dia-a-dia e ter conhecimento das experiências dos educadores em relação à educação infantil e ao comportamento das crianças.

A dificuldade do formato do terreno e o tamanho do programa arquitetônico foram os principais desafios para a concepção do projeto. Concebido para atender 320 crianças em idade pré-escolar, o projeto setorizou os seus usos e seguiu uma modulação de 6m x 6m. A orientação dos eixos foi muito importante para o melhor aproveitamento do terreno.

Na parte inicial do terreno, com o intuito de integrar o espaço público e privado, encontramos uma praça pública que se liga com uma grande praça de saída do metrô. Logo na entrada da escola, nos deparamos com uma grande rampa que envolve um Ipê Rosa e dá acesso ao segundo piso que pelas atividades desenvolvidas pode ser considerado um "segundo térreo".

A área dos berçários e solário foi tratada de maneira a garantir a segurança e a individualidade das crianças menores.

Caminhando pelo pátio interno, notamos uma grande área descoberta e rebaixada que recebeu um tratamento especial nos pisos, para poder ser visualizada pelas crianças no segundo pavimento. Essa área, que possui taludes que podem ser utilizados como arquibancada, pode ser utilizada tanto de maneira livre pelas crianças quanto como um auditório para a realização das festividades escolares ou reuniões de pais e mestres.

Dentro do pátio interno estão posicionados diversos equipamentos fixos e semi-fixos que dão flexibilidade de usos para as crianças.

Todas as salas de aula para crianças de 2 a 6 anos se encontram na parte esquerda do terreno, dão acesso direto ao jardim externo e apresentam boa iluminação natural, devido a presença de portas e janelas de vidro. Para a criação de ambientes diferentes controla-se também a luminosidade da sala com a ajuda de painéis translúcidos ou outros elementos - como papéis – que permitem a passagem de níveis diferentes de luz.

A arquitetura foi projetada de forma neutra permitindo que os ambientes sejam modificados de acordo com seus usuários. Paredes claras, janelas e portas de vidro e elementos estruturais aparentes e neutros, com superfícies lisas, tudo isso servirá como suporte para intervenções diretas das crianças e dos professores.

Como todas as salas dão acesso direto ao pátio externo, foram criados espaços intermediários entre eles, os quais representam ambientes de transição e ficam próximos a transição da sala que dá acesso aos banheiros internos. Esta relação de exterioridade e proximidade com os banheiros, permeada por uma área de transição "semi-privada" é interessante para que as crianças ganhem autonomia e, ao mesmo tempo, sintam-se protegidas e à vontade.

Além das salas de aula, outro grande ambiente criado para as crianças da escola toda é o ateliê. Considerado um dos elementos marcantes da proposta reggiana, o ateliê nada mais é do que uma grande sala onde todos os materiais, técnicas e linguagens podem ser experimentados pelas crianças e, sendo usado por crianças de diferentes níveis, representa um espaço de coletividade e troca, por onde as crianças de todas as idades circulam e têm contato com projetos e propostas de trabalhos de naturezas e níveis diferentes.

Com uma área generosa e com a sua face de vidro voltada ao canteiro da árvore, o ateliê se prolonga para o pátio das artes que também permite a intervenção das crianças e as aproxima do mundo artístico.

Apesar de fixos, espaço e arquitetura foram pensados e projetados como partes importantes da dinâmica da escola, pois sugerem, ou pelo menos influenciam, uma série de relações e sensações e são os primeiros elementos que orientam a construção da identidade da mesma, desde a solução de sua planta e de sua relação com o mundo exterior.

Ficha técnica

Área do terreno: 5042m²
Área total construída: 2715m²
Total de crianças atendidas: 320

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