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secao 4!

IDENTIDADE DO ESPAÇO BAIRROBERRINI

 

Juliana Azem Ribeiro de Almeida

Marcelo Marino Bicudo

A cidade de São Paulo é uma das maiores do mundo, mais do que uma grande cidade, configura uma das principais metrópoles mundiais, na qual é latente o processo de internacionalização das linguagens e da própria cultura. Pode-se dizer que São Paulo está muito mais para o mundo do que para seu próprio contexto local. Rem Koolhaas (Mutations, 2000), aponta que o fenômeno de internacionalização da cidade, que gera concentração de capital e serviços, acaba por fazer com que a cidade se distancie de sua lógica local.

O processo de construção de São Paulo ocorre a partir da repetição e dispersão de padrões, formando uma cidade sem identidade e singularidade. Diante desse pano de fundo, compreende-se que o estudo do tecido urbano é de grande importância para a reestruturação de alguns eixos formais da cidade, sobretudo a relação entre o público e o privado.

Falta diálogo entre a academia, poder público e setores privados no desenho urbano, o que resulta em prejuízo para a cidade e a população, principalmente no que se refere aos espaços públicos.

É preciso criar programas de ocupação e destinação de uso, procurando estudar o contexto e em cima desse desenvolver um conceito de ocupação para que o espaço se torne um lugar. Lugar é um espaço ligado à memória, às trocas culturais e práticas sociais, faz parte do mapa mental das pessoas. O desenho é a ferramenta no desenvolvimento da qualidade dos espaços públicos.

Propõe-se que a apropriação de maneira inteligente, criativa e espontânea dos espaços- melhora da qualidade do urbano e da vida dos usuários. A maneira para atingir esse objetivo é trabalhar o projeto em diversas escalas, de maneira sistêmica, de maneira com que a memória coletiva seja constantemente atualizada.

A região escolhida para o desenvolvimento do trabalho é a área da Berrini, localizada no Brooklin Novo, Zona Sul de São Paulo. Historicamente um bairro residencial de classe média, a região começou a se transformar quando Bratke e Collet vislumbraram o potencial da área como um novo pólo econômico. Em menos de trinta anos deixou de ser uma área de várzea para se tornar parte da cidade global.

A cidade global é uma nova forma urbana, está física e socialmente conectada com o mundo e desconectada do local. Ela funciona segundo uma nova lógica espacial, do espaço de fluxos, o espaço não é estático, mas sim organizador do tempo

A área de estudo compreende o espaço entre as avenidas Jornalista Roberto Marinho, Nações Unidas, Bandeirantes e Engenheiro Luís Carlos Berrini, excetuando-se a Subestação Bandeirantes, devido ao grande índice de periculosidade e o WTC, um espaço privado já estabelecido, com características próprias.

A Berrini é um espaço de baixa qualidade urbana, espaços públicos e privados não se conectam, não desempenhando suas funções de conexão e acumulação de pessoas e de informação; planejamento é falho, não existe um desenho, apenas uma malha com ruas, lotes e vazios urbanos que produzem um não lugar na cidade.

A falta de planejamento e a ausência de diretrizes é responsável pelos problemas que a região enfrenta, como:

ausência da escala do pedestre;
monofuncionalidade;
falta de hierarquia das ruas que dificulta a orientação e a criação de uma memória espacial por parte do usuário;
importância dada ao transporte individual, dificultando acesso físico e visual ao espaço;
acessibilidade;
mobiliário inadequado;
falta de projeto e conexão dos espaços livres.

Foram trabalhados os espaços públicos - as ruas e praças - os edifícios existentes e sua relação com a cidade e possíveis novas construções foram pensadas, de maneira a trazer de volta qualidade urbana à região escolhida da cidade.

A identidade de um espaço é formada pela paisagem da rua, os materiais, a escala, o tipo de mobiliário urbano e o paisagismo são elementos estruturadores responsáveis pela qualidade do lugar.

É preciso inserir esse centro dentro de um espaço urbano dinâmico, que funcione no fuso horário local e com uma dinâmica controlada pelas necessidades das pessoas e não de instituições. O aumento da oferta de moradia, comércio e serviços busca atrair mais pessoas para a região e criar novas relações com o espaço. Atividades variadas acabam com a monofuncionalidade do espaço.

Para atingir esse objetivo será necessária uma série de intervenções no espaço, tanto livre quanto construído. O parâmetro estabelecido para a transformação do espaço prevê que as edificações com mais de três pavimentos sejam mantidas e o que está abaixo desse gabarito seja incorporado para a configuração do novo espaço da Berrini.

Os terrenos ocupados por estacionamentos também serão destinados a outros usos, como habitação e comércio. As áreas livres e de lazer também foram modificadas, tanto em relação ao desenho quanto à função ou localização.

Foram criados edifícios de habitação e uso misto, cujos pátios internos têm diferentes relações com a cidade e os usuários. Foi proposta a criação de uma escola e um centro cultural, para atender à demanda do novo espaço sendo criado.

As calçadas foram alargadas e remodeladas; as praças foram trabalhadas segundo sua função, desde praças urbanas até pequenos bosques bucólicos. Passagens e percursos de pedestres foram criados para estimular o deslocamento à pé. Foi criada uma ciclovia, iniciativa para estabelecer uma forma saudável de deslocamento.

O estacionamento no meio fio foi restringindo, garantindo dessa maneira maior permeabilidade física e visual do espaço. Foram criados alguns estacionamentos para acomodar a demanda por vagas, sendo eles sobresolos ou subsolos.

O paisagismo, uma linha de mobiliário e uma marca para a região foram criados, de maneira a abranger todos os aspectos da paisagem urbana.

Foi feito um estudo detalhado da região da Berrini e, com a mesma atenção, de todos os aspectos que formam a paisagem urbana. Produziu-se um material que oferece diretrizes e guias de intervenção para que, aí sim se aprofunde na escala do projeto de cada aspecto do design urbano.

As imagens são a melhor maneira de compreender esse trabalho.

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