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secao 4!

A Construção da Paisagem -

recuperação e ampliação da escola pré-primária de Vila Alpina.

Lígia Siqueira Medina da Cunha

Alexandre Delijaicov

O presente Trabalho Final de Graduação apresenta uma proposta de intervenção em um edifício escolar público da década de 70 no Estado de São Paulo. Inaugurada em 1972 em um bairro central do Município de Santo André, a Escola Pré-Primária de Vila Alpina é um projeto de João Vilanova Artigas (1915-1985).

A implantação original está definida por um corte ao meio da caída do grande talude que conformava o terreno original. Nesse platô central assenta-se o edifício: uma laje cobertura-terraço de formas livres e inusitadas que ora se solta ora se ancora na nova topografia. Esse terraço, idealizado como um pátio descoberto da escola, é uma plataforma de observação do bairro e de compreensão da geografia de Santo André determinada pelo rio Tamanduateí. A estrutura do edifício, além de cobertura e além de terraço, é o acesso ao nível superior, outro corte no relevo original, no qual se localiza a quadra de esportes. Nessa concepção, Artigas resolve as exigências do projeto em um único gesto, propondo um edifício sem hierarquia de fachadas e compreendido por uma única linha de força.

As sucessivas reformas que sofreu o edifício ao longo de 36 anos em atividade alteraram profundamente os espaços internos da escola, além de tornarem alguns programas originais da escola espaços de acesso restrito a outros núcleos da Prefeitura de Santo André. O espaço escolar efetivo foi reduzido e a qualidade do projeto foi afetada.

Foram acrescentados à problemática do projeto o aumento do programa escolar e a revisão da relação do quarteirão da escola com o bairro circunvizinho. Nesse contexto, procurou-se trabalhar uma proposta de adaptação da escola de Vila Alpina a exigências educacionais contemporâneas e recuperar o desempenho físico da construção, ressaltando qualidades da arquitetura original.

Como diretriz de projeto, essa proposta de ampliação da escola pré-primária de Vila Alpina buscou na arquitetura da escola original, elementos que direcionassem o partido arquitetônico do novo edifício.

O edifício de Vilanova Artigas é o elemento organizador de três níveis implantados em um terreno acidentado. A vasta laje-cobertura, ora ancorada ora solta no relevo, define os níveis da escola (98.00), da quadra (100.85) e do terraço (101.35). Entre as três plataformas se acomodam grandes taludes ajardinados. A circulação é clara, permitida pela escadaria situada no eixo de entrada da escola. A implantação em cotas altas do terreno fornece um contato visual constante entre a escola e o bairro. Essas características de organização dos espaços no edifício de Artigas foram adotadas como diretrizes espaciais para o edifício anexo. Esse, entendido como uma intervenção contemporânea, não mimetiza formalmente a escola de Artigas e, sim, busca resgatar os conceitos propostos na escola original: as plataformas voltadas ao bairro e a integração dos taludes ajardinados ao conjunto.

A principal intenção foi buscar a integração da paisagem ao novo edifício, assumindo os taludes existentes como parte do novo conjunto. O edifício é organizado em duas alas distintas, separadas pela passagem de um talude pelo interior do edifício. Na ala leste se encontram o ginásio, a merenda, um núcleo administrativo e a biblioteca, enquanto na ala oeste se encontram as salas de aula. A cobertura do ginásio e do edifício das salas de aula foi idealizada como uma extensão da Rua Flora, na mesma cota 108.35, compondo uma praça pública na qual se acessa a biblioteca e o telecentro. Essa grande plataforma é um elogio à cidade de Santo André, uma vez que oferece um passeio com vistas à várzea do Tamanduateí.

A proposta da praça pública como extensão da Rua Flora se baseia no partido da escola original, pois organiza o programa sob uma laje livre que ora se conecta ao terreno ora se solta e, ao mesmo tempo, se abre à paisagem. A praça também é uma resposta à situação atual da quadra, que se encontra encerrada em um perímetro contínuo de muros. Oferecer um passeio dentro da quadra da escola em uma cota elevada foi uma forma de amenizar a estanqueidade da escola atual e integrar visualmente os dois espaços. Para evitar fachadas cegas foram pensados outros dois acessos além do original através da Rua João Fernandes: um através da Rua Itobi, que alcança o pavilhão de salas de aula pela cota 104.80 – o pavimento superior – e, outro, através da grande praça da Rua Flora por meio da biblioteca.

O terraço desenhado por Artigas mantém-se como o elemento organizador dos programas. Assim como determinava a conexão entre as diversas atividades pedagógicas na escola original, o terraço estabeleceu através da cota 101.35 a ligação do edifício da quadra com o térreo do bloco das salas de aula e realiza os acessos à escola pré-primária através das escadas do projeto original. Para tal, uma nova ponte foi disposta na porção do terraço próxima à piscina, estabelecendo um circuito fechado entre os novos edifícios.

O pavilhão das salas tem seu térreo determinado pelo terraço original, na cota 101.35, e seu teto fechado na cota 108.35, altura predominante da Rua Flora. Quando se assenta no relevo, o pavilhão se estende na cota 101.35 ao longo de um talude produzido por uma movimentação de terra na área das residências desapropriadas. Na porção leste, encontra-se com outro talude, existente, com inclinação mais suave e que avança pelo interior da quadra. Nesse ponto o edifício se ancora na topografia, submergindo parte da fachada norte do pavimento térreo. O talude próximo a essa fachada foi utilizado como uma escadaria para acesso do primeiro pavimento.

O piso do pavimento superior se estende no interior do edifício da quadra, criando um meio nível que abriga o programa administrativo. No extremo dessa laje, encontra-se o terceiro núcleo de circulação vertical, que acessa a biblioteca e a praça pública da Rua Flora nos níveis superiores e a merenda no inferior. Essa grande laje é o eixo organizador do edifício anexo, uma vez que organiza os três núcleos de circulação vertical e permite o passeio coberto entre os dois blocos do anexo proposto.

Ficha Técnica:
ÁREA TOTAL DO TERRENO: 10.010 m2
ÁREA LIVRE VERDE: 3.600 m2
TAXA DE OCUPAÇÃO: 36%
ÁREA LIVRE TOTAL: 5.190 m2
ÁREA CONSTRUÍDA:
98.1: exist: 920 m2
novo: 790 m2
sub-total: 1.710 m2
101.35: 2.360 m2
104.80: 1.670 m2
106.58: 220 m2
TOTAL: 5.960 m2

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