A proposta principal é dar ao parque (Clube da Cidade Tatuapé) o caráter público que ele hoje não apresenta em sua configuração territorial, e ao mesmo tempo proporcionar um novo equipamento cultural, a biblioteca, que além de seu papel principal possa também ser um atrativo para a frequência do parque. Assim a primeira questão a ser tratada foram os acessos, tanto para o parque quanto para o edifício da Biblioteca.
Como o principal acesso por meio de transportes públicos ocorre pela estação Carrão do Metrô, o caráter norteador do projeto é a ligação desta com a quadra do Clube, hoje totalmente inexistente, já que os pedestres que desembarcam da estação do metrô ou do terminal urbano junto a este passam em volta do parque sem que este nem seja notado, já que é cercado por um muro, que mesmo sendo vazado não permite a visualização devido aos taludes em seu contorno. Para a conexão com a estação foi prevista a eliminação das piscinas (sem uso atualmente) e a abertura total do parque para o terminal de ônibus, ampliando a área do parque e integrando o mesmo à estação, além da abertura total também para as ruas. Os únicos trechos que não apresentarão ligação direta com os passeios públicos são aqueles que pertencem ao corpo de bombeiros e à escola infantil, que permanecerão exercendo suas funções, de fundamental importância para a sociedade. O projeto não prevê acessos demarcados e sim a abertura total do parque para a cidade, funcionando como uma grande praça.
Para atrair a freqüência de visitantes ao parque, além da biblioteca faz parte do programa do edifício um auditório e uma lanchonete de funcionamento independente do acervo, para que ocorram atividades também nos períodos em que a biblioteca não estiver aberta.
A implantação do edifício foi definida após alguns estudos sobre a orientação solar, a posição em relação deste com o parque para que não brigasse por importância ou para que não ficasse "deslocado". Inserido, em parte, na massa arbórea existente também para proporcionar um maior conforto térmico e relativamente distante do campo principal e das quadras, para minimizar os ruídos dos jogos, principalmente aos fins de semana
O edifício da biblioteca está inserido no terreno como parte do parque, por isso busquei um desenho que não interfirisse no caráter de "grande praça" do mesmo, partindo de um prédio com térreo livre, para que até mesmo pela biblioteca exista um percurso "passeio"; áreas de estudo voltadas para a massa de árvores existente e com fechamento principalmente em vidro integrando o ambiente interno ao externo e proporcionando conforto térmico, principalmente no verão; a maior parte do acervo de livros localizada no miolo do volume, para que não haja danos causados pela luz solar, porém devido às grandes dimensões do edifício foi necessário o uso de iluminação zenital em algumas áreas de leituras.
Como a questão da segurança é um dos principais aspectos a serem considerados no edifício de uma biblioteca, o partido norteador do projeto do edifício foram os acessos e a catraca. O acesso principal se dará pelas rampas localizadas na fachada sudoeste, que poderão ser vistas de fora do edifício através do fechamento em vidro.
Para atender aos deficientes foi previsto um elevador exclusivo para estes usuários e também para uso da biblioteca, com abertura para dois lados diferentes, possibilitando seu uso em todos os níveis.
A primeira dificuldade foi adequar o acesso pelas rampas à localização das catracas, assim o primeiro lance de subida ao edifício é acessado apenas após a passagem pelas catracas no térreo. Já o primeiro lance de descida ao Auditório pode ser acessado independentemente da biblioteca. No térreo está localizada também a lanchonete e um bloco de banheiros.
Uma vez dentro do acervo é possível acessar todos os outros meio-níveis através das rampas ou do elevador, que é interligado ao 2º e ao 4º níveis através de uma passarela metálica.
No primeiro pavimento estão o acervo infantil e o acervo principal circulante, áreas de estudo em grupo e individuais e as áreas técnicas e administrativas da Biblioteca, além dos blocos de banheiros e das escadas de emergência. No segundo está o acervo de áudio-visual, o atelier para oficinas e cursos, o acervo temático de esportes, os livros raros e uma sala de leitura fechada, para atividades que exijam maior silêncio, além de postos de estudo e leitura e também dos blocos de banheiros, que sobem na mesma prumada hidráulica. Em todos os meios níveis há postos de consulta ao acervo e de pesquisa online, sempre com alguns lugares reservados para cadeirantes. No subsolo, onde está implantado o Auditório há também um café e um espaço para exposições.
Como desde o início o partido principal do edifício era a integração do mesmo com a arborização do parque e a divisão do programa em meios níveis para facilitar a locomoção entre um nível e outro, a interligação dos meios níveis se deu através de estrutura metálica e dos vazios, que permitem uma grande fluidez no interior do edifício e agradáveis pontos de encontro.
Para proteger o edifício dos raios solares diretos nas fachadas Nordeste e Sudoeste foram propostos brises verticais móveis, buscando filtrar os raios perpendiculares do sol nascente e poente. Na fachada Sudoeste não foram propostos brises do lado direito, já que foram propostos brises internos, que separam um ambiente mais iluminado do interior do edifício, onde chega uma luz mais difusa. Para a fachada Noroeste foram propostos brises horizontais móveis e para a fachada Sudeste não foi proposta nenhum tipo de barreira, já que o sol chega nesta fachada apenas no fim da tarde e também porque a mesma está rodeada de árvores, assim achei interessante também manter um espaço onde haja sol, principalmente para uso em dias de inverno.
Local do Projeto: Quadra formada pelas ruas Apucarana, Tijuco Preto e Monte Serrat - Tatuapé.
Área do Terreno : 117.000,00 m2
Área construída: 14.443,62 m²
Nº de pavimentos: 4
