O trabalho tem como objetivo geral a elaboração de um projeto para um Centro de Educação Ambiental (CEA) em área urbana, como parte de uma rede de unidades distribuídas pela cidade dando suporte às atividades de educação ambiental das escolas e integrando a população nas ações de recuperação e preservação do meio ambiente. O pressuposto adotado é que a educação ambiental deve se apoiar na criação de um espaço urbano que retrate formas de tratamento sensíveis às questões ambientais e que seja dotado de equipamentos, instalações e serviços voltados para sua prática
Assim, o projeto busca levar para as escolas de ensino fundamental e médio e também para as comunidades locais, a discussão e o exercício em prol de um ambiente urbano qualificado por meio do exemplo, procurando contribuir de forma positiva ao delineamento das ações praticadas pelos educandos do CEA, os quais possivelmente serão os próprios moradores da região.
Considerando todos os pontos supracitados, o trabalho tem como objetivo específico elaborar o projeto de um CEA de tal forma que seu desenho e implantação contemplem a integração deste equipamento com a vida da comunidade local, com o segmento urbano em que ele se insere e que estejam em conformidade com os preceitos da educação ambiental.
Normalmente, as instituições tanto pública como privada incorporam a temática da educação ambiental ao conteúdo das matérias do núcleo comum, porém em muitos casos se limita à teoria e raramente vinculam-na a ações práticas. Nos raros casos em que há essa convergência, ela acaba por tender a acontecer em locais "especiais", distantes do ambiente cotidiano, como parques e reservas naturais relativamente preservados, o que dificulta a clareza do entendimento da relação entre preservação ambiental e ações cotidianas.
Até mesmo os poucos estabelecimentos de educação ambiental existente são implantados em área de reserva natural; enquanto que nas áreas urbanas, principal local da degradação, não há uma quantidade significativa desse tipo de equipamento. Fator que aliado a outros problemas urbanos como a dificuldade de acesso físico torna esses estabelecimentos em sua maioria pouco utilizados.
Por outro lado, uma das premissas para a compreensão e o exercício da educação ambiental é o acesso a condições de vida ambientalmente adequadas que incentivem a prática de preservação do espaço. Uma população que não tem acesso apropriado aos serviços básicos de direito não terá condições ou mesmo não se sentirá disposta a apoiar a preservação do espaço que não lhe parece digna e própria.
Para tanto, è imprescindível que o Estado faça a parte que lhe cabe, provendo ou criando mecanismos, entre outros, para obtenção de habitação em local adequado, com implantação geologicamente correta, com o uso de materiais e de técnicas conformes com o desenvolvimento tecnológico alcançado pela sociedade, dotado de sistema de abastecimento de água e de tratamento das águas servidas, com serviços de coleta de lixo, e um transporte coletivo compatível com a demanda configurada de cada local.
A luz dos esclarecimentos anteriores, a educação ambiental em si deve se pautar no pressuposto da existência de condições reais para uma prática permanente e consciente, do contrário tenderá a ser vista como uma ilusão, como um modismo ou como uma ideologia a serviço da ocultação do processo que ocorre de fato. Então, a prática da educação ambiental diz respeito, no âmbito do urbanismo, ao padrão de urbanização e no âmbito da arquitetura na proposição de um espaço qualitativo para a observação, a vivência, a prática, a discussão e reflexão sobre esse tema.
A área proposta para o projeto localiza-se no distrito da Pedreira, periferia situada na região sul do município de São Paulo, administrada pela subprefeitura de Cidade Ademar.
O território caracteriza-se por um relevo acidentado e por vias de acesso muito precárias e caóticas devido à implantação não planejada. Além disso, não há um meio de transporte de massa eficaz na região: a acessibilidade por transporte público se limita ao serviço de ônibus de caráter local, sem elementos estruturadores de maior porte .
O terreno escolhido para a proposta é uma área pertencente à EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) e se localiza na Estrada do Alvarenga, às margens de um dos braços da Represa Billings em um de seus trechos mais poluídos e mais ocupados por habitações irregulares. Nas proximidades encontram-se o CEU Alvarenga e uma pedreira desativada que hoje é utilizada para o despejo de entulho, área onde a prefeitura futuramente pretende implantar um parque.
Sabe-se que o déficit habitacional é um dos grandes problemas sociais de São Paulo. Ainda que precariamente as ocupações, de uma certa forma, já estão consolidadas. Deve-se qualificar o espaço, através da remoção das famílias de habitações em áreas de beira de córrego e re-locação das mesmas em HIS.
Outras iniciativas necessárias são a implantação de transporte público eficaz (apoiado em linha estrutural do tipo VLT) na via de articulação regional correspondente à Estrada do Alvarenga; qualificação das vias, implantação de ciclovias; e criação de espaços de lazer.
Além da relação com o entorno imediato é importante a relação estabelecida com a cidade. O equipamento proposto visa atender principalmente a comunidade local, porém é preciso facilitar o acesso das outras regiões próximas possibilitando o intercâmbio com as demais unidades do CEA, bem como de populações de outras regiões da cidade. O estabelecimento de conexões com os terminais e estações urbanas possibilitaria a ampliação do acesso.
Com a provisão de infraestrutura e equipamentos qualificados e com a implantação do CEA, onde ocorrerão as ações educativas para a preservação do meio ambiente as áreas ao redor deverão ser recuperadas pelas organizações estatais e mantidas permanentemente em conservação sob o olhar dos usuários.
