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secao 4!

Patrimônio em Jaú - Uma Intervenção conectando três tempos

 

Maria Camila Dornellas Tabbal Chamati

Helena Aparecida Ayoub Silva

As Intervenções

Ampliação da Rodoviária - Para solucionar a necessidade de ampliação do número de plataformas de embarque e de desembarque e de criação de vagas de espera, com todo o cuidado necessário de uma intervenção em um patrimônio de grande significado para a arquitetura paulista, o presente trabalho se preocupou em modificar o mínimo possível a paisagem, conservando a integridade da obra e interferindo pouco nas diretrizes de projeto originais.

A proposta configura-se por deslocar o acesso dos ônibus à pista de embarque/desembarque, para que, dessa forma, estes possam estacionar em 45º, possibilitando um número maior de ônibus estacionarem no local, além de facilitar a organização das plataformas e a visibilidade dos usuários. Para que essa intervenção possa se efetivar, a parte superior das praças adjacentes à rodoviária é suprimida, dando lugar às novas pistas de acesso à plataforma, em compensação, toda a área ocupada pela atual pista de acesso é redesenhada para unir-se à praça existente. Internamente, o muro de arrimo que hoje limita a largura da pista dos ônibus no nível da plataforma, é removido e outra contenção é realizada, deslocada em 16 metros, ficando abaixo da via de veículos existente.

Assim, o número de vagas para ônibus passa de 5 para 11, sendo 5 para embarque, 3 para desembarque e 3 para espera.

Como resultado desta intervenção espera-se que os usuários da Rodoviária sejam atendidos com conforto e eficiência. Para uma possível expansão futura, o novo estacionamento dos ônibus em 45º no nível da plataforma poderia ser expandido para o exterior, ocupando parte da área da praça próxima à saída da pista.

centro cultural e museu do café

A partir da escolha de um programa de necessidades cultural voltado ao público, visando impulsionar a requalificação da área, o objetivo primordial do projeto foi a adequação do edifício às necessidades técnicas e funcionais para receber o Centro Cultural e Museu do Café, já favorecido pela sua localização urbanística.

O projeto procurou resolver, em especial, a questão da circulação bloqueada pelo edifício do armazém fechado, pelas praças sem conexão e pelos desníveis que a área apresenta. O partido principal da proposta é a permeabilidade através da fluidez dos espaços e a livre circulação entre interior e exterior. Um ponto importante que direcionou o desenvolvimento da proposta foi o interesse em preservar o perfil histórico da edificação, sem perdas ou acréscimos que pudessem desconfigurar sua integridade espacial.

As paredes originais em tijolos de barro que compõem as quatro fachadas foram preservadas. Para renovação destas, a solução consiste em limpar e neutralizar agentes agressivos acumulados pela pintura posterior e pela poluição, mantendo os detalhes construtivos originais, mesmo que desgastados, além de proteger quimicamente para conservação da cor e textura do barro aparente.

Nenhuma das esquadrias existentes é original, não apresentam qualidade de desenho e boa conservação, o que justifica a retirada toda a caixilharia. Assim, as aberturas provenientes dessa subtração recebem novas, com exceção dos pontos de acesso. Nos locais em que é possível entrar no edifício, esses vãos são mantidos livres, fazendo com que as aberturas nas fachadas funcionem como pórticos de transição para o interior.

Dessa forma, o edifício se abre para a circulação de pedestres e o acesso dos usuários, permite permeabilidade dos espaços, gera transparência, destaca as grossas paredes autoportantes de alvenaria de tijolos e convida as pessoas a entrar. Cria-se, portanto, uma nova espacialidade em torno do armazém, na sucessão de espaços e no fluxo dos visitantes e transeuntes.

A antiga cobertura de telhas cerâmicas encontra-se muito degradada, em decorrência surge a necessidade de um novo desenho para este fechamento. Baseada no princípio da distingüibilidade na intervenção, a nova cobertura tem estrutura independente e "pousa" sobre a "casca" formada pelas fachadas preservadas do armazém, sem apoiar em qualquer parede existente, nem ultrapassar seus limites horizontais. Estruturada com viga e pilares metálicos sob uma grelha de vigas-calha, e perímetro em balanço, a cobertura proporciona um pé-direito generoso e possibilita a implantação do espaço de exposição no mezanino. A vedação da cobertura se alterna entre vidro translúcido e material opaco. De modo geral, nas circulações e acessos o fechamento é translúcido, coincidindo com as áreas em balanço da cobertura, no restante são utilizadas placas de material opaco. A cobertura se organiza em três planos de níveis distintos, acompanha, assim, o desnível do terreno e proporciona duas aberturas zenitais para incidência da luz e ventilação. Através do posicionamento dessas aberturas, a iluminação natural marca as mudanças de ambientes e de pés-direito. A luz natural ilumina de várias formas o interior do espaço e enfatiza a transição entre exterior e interior proporcionando uma mudança gradual na luminosidade ao adentrar no armazém.

Por se localizar em terreno de grande desnível, o Centro Cultural e Museu do Café possui três diferentes cotas de acesso. Pela cota mais baixa é possível acessar diretamente o nível inferior do auditório, que através dos degraus internos vence o desnível até o acesso central da edificação, onde também se pode entrar no auditório, já pelo nível mais elevado da platéia. A cota superior de acesso ao prédio localiza-se na parte oposta ao auditório, onde estão as salas administrativas, as salas de cursos e os sanitários. A cota intermediária da edificação possui acesso centralizado, tanto pelo passeio quanto pela praça, e é ocupada em grande parte pelo salão que articula os ambientes e pode absorver diversas funções.

A conexão entre os diferentes níveis é realizada através de rampas suaves que ocupam parte da área periférica do edifício, junto às fachadas longitudinais. As áreas internas próximas às fachadas transversais foram deixadas livres, para funcionarem como halls de acesso ao prédio. Com isso, toda a área interna adjacente às fachadas transforma-se em acesso e circulação, os novos ambientes projetados articulam-se na área restante, descolando qualquer ocupação da edificação preservada.

O Centro Cultural e Museu do Café tem como atribuição principal preservar e difundir a memória da cultura cafeeira, procurando desempenhar sua função social na compreensão da sociedade onde está inserido. Na área expositiva coleções de objetos relativos à economia e à produção cafeeira são apresentadas, além de acervo representativo da história econômica do café e do desenvolvimento do município.

Em síntese, o projeto proposto compreende e se harmoniza com a cidade, a incorpora e a transforma. Configura-se como um espaço generoso, amplo de possibilidades e percursos, que permite a transposição natural e cotidiana das quadras, proporcionando a permeabilidade necessária e desejada.

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