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secao 4!

CENTRO PARA FORMAÇÃO E DIFUSÃO MUSICAL NA LUZ

Tais J. C. Mattos

Angelo Bucci

O caráter artístico e cultural que tem sido imputado à região da Luz , como forma de induzir a transformação de seu entorno degradado, é discutido pelo projeto de um edifício anexo ao CEM - Centro de Estudos Musicais Tom Jobim – objeto de estudo do trabalho, de forma a criar as condições arquitetônicas para o pleno funcionamento de uma escola de música e repensar, através do desenho, o caráter público da escola, no tangente à sua visibilidade enquanto espaço público, e elemento que restitua o conceito de urbanidade e de direito à cidade para todos. A região da Luz reúne edifícios culturais cujas finalidades são a promoção e a difusão das atividades que abrigam. O novo edifício proposto terá um programa complementar voltado à formação profissionalizante e será um espaço de debates e discussões.

O projeto de um centro para formação e difusão de música, cujo programa e arquitetura servem de incentivo a apropriação pública de seus espaços, irá reiterar a identidade artística e cultural que hoje caracteriza a região de estudo. Desta forma, o projeto tem como ponto de partida a reflexão sobre a nova função associada ao bairro – um pólo cultural em desenvolvimento. E como esta reflexão se traduz na articulação dos espaços livres e construídos que fazem parte deste edifício, que propõe extravasar, simbolicamente, os limites de seu terreno, e de fazer parte deste escopo de intervenções que estão consolidando uma nova identidade ao bairro.

O Núcleo Luz do Centro de Estudos Musicais Tom Jobim está situado em frente à Sala São Paulo e à Estação Pinacoteca, sediado em um prédio histórico construído em 1927 que abrigava um hotel. A reelaboração do programa de necessidades da escola foi pensada a partir de três grupos de atividades - formação, difusão e experimentação musical. Estes grupos de atividades se complementam no intuito de dar ao edifício condições plenas para abrigar as várias interpretações de espaços destinados à música e seus requisitos. O programa relativo às atividades de ensino engloba todos os espaços necessários ao funcionamento de uma escola de música. As atividades referentes à difusão musical, por sua vez, configuram espaços de performance e apresentações. Já o programa referente à experimentação musical tem o objetivo de incentivar a apropriação pública do edifício, atraindo frequentadores diversos. Para tanto foram propostas áreas de apreciação musical, restaurantes, praças e bares, possibilitando, desta forma, novos usos e nova identidade ao edifício no que se refere a um espaço público de convivência social.

A implantação foi pensada de forma a articular os espaços construídos que abrigam o programa necessário à formação e à difusão musical aos espaços livres destinados à manifestações públicas, debates, convívio, lazer e atividades culturais. Desta forma, a ocupação do lote se dá segundo a criação de três blocos de edifícios que expressam diferentes programas e que se articulam através de uma grande praça rebaixada e preservada, pensada como espaço que incentive a apropriação pública do interior da quadra e que proporcione uma nova visibilidade à esta instituição. A praça será o palco de apresentações ao ar livre e espaço para a livre fruição de idéias e performances, reafirmando o caráter público da escola e representando sua expressão simbólica. Assim, a implantação define dois eixos perpendiculares que abrem a quadra para a paisagem da Praça Júlio Prestes e para o entorno de grande valor arquitetônico e histórico definido pela Estação Júlio Prestes e Estação Pinacoteca. O grande recuo proporcionado pela praça rebaixada afasta os espaços de ensino do ruído urbano cuja fonte principal é a avenida Duque de Caxias e a Estação de trem.

A partir da grande praça de acesso, outros espaços livres são conformados pelo volume do conjunto arquitetônico em diferentes níveis. Estes espaços, chamados de praças elevadas, se sobrepõem como camarotes voltados para os acontecimentos da grande praça rebaixada, ao mesmo tempo que proporcionam vistas panorâmicas para o entorno. Esta fragmentação e articulação dos espaços livres tem o objetivo de promover sua vitalidade e dinamizar seus usos.

O programa relativo à difusão musical, constituído pelas salas de concerto e suas áreas e apoio, foi implantado longitudinalmente ao eixo paralelo à Rua dos Andradas. É por esta rua que se dá o desembarque de cargas. Para tanto, fora reservada uma área livre junto ao acesso de cargas que poderá ser usada para estacionamento de caminhões durante a montagem dos espetáculos. Além dos elevadores para público e para carga, uma grande rampa lateral conecta a Rua dos Andradas ao nível da praça rebaixada. Esta rampa permite a montagem de grandes estruturas necessárias ao usufruto da praça como espaço para espetáculos. Por esta rampa poderia ser transportada, por exemplo, uma concha acústica móvel na eventualidade de um concerto ao ar livre.

Os espaços de ensino, definidos pelas salas de ensaio individual e salas de aulas teóricas, permaneceram no edifício existente do Centro Tom Jobim, pois a estrutura de pequenos vãos do antigo hotel corresponde perfeitamente ao novo uso.

Na cota 0.00 metros – nível da calçada - estão localizados os espaços de chegada e acesso aos principais programas do conjunto. É no térreo que se localiza o foyer da grande sala de concertos, que faz a divisão espacial entre o bloco destinado ao ensino de música, constituído pelo edifício existente e seu anexo, e o bloco destinados a difusão musical – a grande sala de concerto. O foyer estabelece a ligação do acesso de público para a grande praça rebaixada através de uma generosa rampa externa que marca a volumetria do conjunto e simboliza o desejo de livre comunicação dos espaços. Esta rampa, em conjunto com a grande escadaria e a rampa secundária que levam o público à praça, funciona como platéia ao ar livre, possibilitado diversos arranjos para as apresentações a serem realizadas na praça rebaixada.

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