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secao 4!

Ensaios animados sobre Consumo Consciente

 

Celina Kurihara

Sérgio Regis Moreira Martins

O presente Trabalho Final de Graduação tem o objetivo de criar uma linguagem comunicativa que tenha como ferramenta um curta de animação de classificação comercial (por possuir um caráter comunicativo mais forte),direcionada à comunicação de um assunto importante. Que através da linguagem gráfica expressiva e divertida, de uma animação, instigue seus espectadores, entretenha-os e que, ao mesmo tempo, comunique um assunto importante e pertinente aos dias de hoje, o Consumo Consciente.

Linguagem gráfica

Se, por um lado, o potencial artístico de qualquer trabalho de animação, depende profundamente do dispositivo técnico, por outro, depende também da experiência de seu autor, do modo pelo qual pensa e sente o movimento das coisas e o de seu próprio corpo. No filme animado, não apenas a visão se faz gesto, mas todo o corpo, que registra todo o movimento espontâneo das coisas que são captadas pela sua sensibilidade e sua capacidade de interpretá-lo e imprimi-lo gestualmente.

"Eu mesmo, finalmente, passei a observar o modo pelo qual as coisas se movem principalmente para tentar sentir o movimento, e somente o sentir. É o que os bailarinos fazem; mas em vez disso eu quis pôr a sensação de uma figura de movimentação fora de mim para ver o que eu teria. Percebi que essa sensação tinha de sair de mim mesmo, e não de rios e da grama balançada pelo vento ou de pássaros pairando no ar; então, em vez de desenhar linhas e sinais descritos pelas coisas em movimento, eu tentei juntar e atar suas características de movimentação particulares em seus tendões, para incluir um tipo interior de eco deles em meus ossos". (Fernando Pessoa)

Assunto: Consumo Consciente

Dentre os artigos pesquisados destaco a Pegada Ecológica mundial (fonte: Akatu). A cada ano que passa, o consumo da humanidade supera mais rapidamente a capacidade de regeneração do planeta. Em termos globais, hoje, precisaríamos de 1,3 planetas Terra para manter os atuais padrões de consumo, sem comprometer a capacidade de renovação da natureza. O Brasil tem uma pegada ecológica média de 2,1 hectares por habitante por ano, número superior ao padrão de consumo mundial sustentável, de 1,8 (hectares/hab./ano), mas bastante próxima da média mundial per capta de 2,2.

É necessário despertar em cada um a sua "solidariedade-egoísta", o pensar no indivíduo e o despertar do coletivo, como diz Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu.

"Na medida em que independentemente de classe econômica ou social estamos todos sujeitos a violência, ao terror, ao tráfico de drogas, a elementos sociais que são permeáveis e que alteram a nossa certeza com relação ao que vai se passar no futuro, essa insegurança tornou o consumidor cada vez mais sensível ao outro. Àquilo que se passa com o outro tem alta probabilidade de se passar com ele mesmo. E, nessa medida, ele, por solidariedade - egoísta, porque percebe que o que está se passando com o outro pode passar com ele, passa a agir sobre a sociedade e o meio ambiente de uma maneira mais generosa."

Desenvolvimento do Trabalho

Usou-se da música da "A velha a fiar" (música considerada parte do folclore brasileiro), para a elaboração de uma paródia musical. A música é perturbadora pelo acúmulo de uma nova idéia a cada volta, loop, que trazia as características do assunto em questão. A animação é composta por duas partes: a dos problemas gerados desse consumo e a das soluções desses problemas.

A Terra seria representada por uma Linha no espaço em branco que sustentaria os seres humanos. O personagem seria o homem como representante da humanidade, que movido pelos seus desejos de consumo, a satisfação pessoal, faz uso da linha para a criação de objetos pessoais, de maneira irresponsável e inconsciente. Com o uso da linha pelo homem, esta passa a gastar-se aos poucos, e o homem não enxerga suas mudanças, por serem elas gradativas e a "longo prazo, e isso acaba destrinchando-se em um fim trágico (a primeira parte).

A relação de consumo exagerado, do consumo pelo consumo é passada pelo acúmulo dos objetos um encima do outro, encima do personagem, como num encaixe em módulos invisíveis que se posicionam acima de sua cabeça. Essa idéia partiu da idéia de que o homem carrega e sustenta todo esse "consumismo" em suas costas. A princípio o personagem e seu consumo estão em equilíbrio, enquanto há recursos naturais disponíveis, mas com o passar do tempo, esses consumos tornam-se irresponsáveis ao ponto de comprometerem a sua própria existência. E, no caso das soluções, o personagem passa pelos mesmos desejos vividos pelo personagem anterior, mas procura resolvê-los de maneira mais consciente, terminando em um fim sustentável, passados também a outras pessoas, sustentadas por outras Linhas.

Na introdução, o som de uma serra-elétrica ilustra abstratamente o corte de uma árvore, assim como a sua queda. E com a formação dessa secção transversal, inicia-se a história. As Linhas seriam as linhas dos arcos de uma secção transversal de uma árvore (os arcos que formam a textura da secção). Linha como metáfora da linha da vida no planeta. A Linha da Terra é a única peça em cor, como foco principal do assunto da animação. A cor verde para a Linha, por ter referência direta aos recursos naturais e o PB e monocromático, para o resto do desenho. Quando o homem faz uso da Linha para criar,"manufaturar" o seu objeto de desejo, a linha torna-se preta (ausência de cor) como se perdesse a vida e as suas propriedades originais.

Para a criação dos desenhos, o uso da linha como representante do planeta e seus recursos naturais serviu de modelo para os desenhos. O desenho do ser humano foi extraído do formato da serra-elétrica, já que esta seria o agente ativo dos primeiros instantes da história (o valor agregado ao desenho). E as palavras foram escolhidas segundo os principais tipos de consumo e foram dispostos de acordo com a rotina de uma pessoa normal, o cotidiano, o estilo de vida.

"Estava a Terra em seu lugar. E veio o Homem lhe acrescentar
O Homem na Terra . E a Terra a gastar.

Estava o Homem em seu lugar. E veio a Comida lhe acrescentar
Consumo do Homem. O Homem na Terra. E a Terra a gastar.

Estava o Homem em seu lugar. E veio o Lixo lhe acrescentar.
Consumo - Consumo / Consumo do Homem. O Homem na Terra. E a Terra a gastar.

Estava o Homem em seu lugar. E veio a Energia lhe acrescentar.
Consumo - Consumo / Consumo - Consumo / Consumo do Homem.
O Homem na Terra. E a Terra a gastar.

Estava o Homem em seu lugar. E veio o Poluente lhe acrescentar.
Consumo - Consumo / Consumo - Consumo / Consumo - Consumo / Consumo do Homem.
O Homem na Terra. E a Terra a gastar.

Estava o Homem em seu lugar. E veio a Água lhe acrescentar
Consumo - Consumo / Consumo - Consumo / Consumo - Consumo / Consumo - Consumo /
Consumo do Homem. O Homem na Terra. E a Terra a gastar.

Estava o Homem em seu lugar. E veio o Vício lhe acrescentar.
Consumo - Consumo / Consumo - Consumo / Consumo - Consumo / Consumo - Consumo /
Consumo - Consumo / Consumo do Homem. O Homem na Terra. E a Terra a gastar.

Estava o Homem em seu lugar. E veio a Compra lhe acrescentar
Consumo - Consumo / Consumo - Consumo / Consumo - Consumo / Consumo - Consumo /
Consumo - Consumo / Consumo - Consumo / Consumo do Homem.
O Homem na Terra. E a Terra a gastar.

estava a Terra em seu lugar. E veio o Homem lhe esgotar."

Conclusões

"Devemos ser a mudança que queremos ser no mundo". (Mahatma Gandhi)

O desenvolvimento de pesquisa e de criação de roteiro foi realizado complementarmente ao TFG de Cassia Mary Itamoto, intitulado por: "Estudos de processos criativos e o desenvolvimento de uma animação sobre consumo consciente".

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