A região escolhida para acolher a habitação em questão foi a subprefeitura da Vila Mariana, pois segundo levantamento realizado pela prefeitura de São Paulo é uma das regiões com maior concentração de população idosa de São Paulo, junto com o bairro de Pinheiros. E analisando a distribuição etária da população local, a demanda por habitações para idosos na Vila Mariana tende a aumentar, pois possui um alto índice de envelhecimento populacional.
A partir da Rua Cardim Sangurardi até Rua Serrão Gregório há uma Rua Projeta, prevista, porém não executada, seguindo o raciocínio que as ruas devem ser implantadas como canais de drenagem urbano. O resultado é uma área estreita cortando cinco quadras e à medida que observamos esta via nota-se locais com ocupação irregular, ou fechados por muros e grades. A prefeitura a pouco tentou amenizar a situação removendo parte destes moradores irregulares e implantando uma praça na 1ª quadra, porém este rapidamente se transformou num estacionamento público.
Um parque linear entre as edificações implantado no local da Rua projetada, que eventualmente alarga-se, com o objetivo de conciliar o interesse público e privado, criando espaços mais interessantes para a comunidade e para os empreendimentos limítrofes. Os novos empreendimentos deverão dispor de uma parcela no térreo para a criação de espaços semiprivados permitindo permeabilidade dos transientes, criando uns caminhos alternativos em meio a paisagens diversificadas e mais agradáveis que calçadas existentes, suprindo a demanda de espaços para o lazer da comunidade local e regional.
Esta intervenção urbana apóia-se no Plano Regional Estratégico da Vila Mariana (2004). Nele está descrita a criação de uma área de intervenção urbana na Pedro de Toledo (AIU-II). Foram mantidos os mesmos índices de zonas mistas ou de centralidade validados no plano, que prevê um coeficiente de aproveitamento de 2 a 4. E também, conforme o PRE (2004) poderão ser empregados os seguintes instrumentos urbanísticos: Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; Direito de Preempção; Transferência do Direito de Construir; Consórcio Imobiliário; Concessão Urbanística; Relatório de Impacto Ambiental e de Vizinhança; Outorga Onerosa do Direito de Construir.
O foco do projeto proposto é atender moradores idosos, contudo poderá acolher outros públicos, por exemplo, pessoas com mobilidade limitada.
Os idosos, aqui considerados, são pessoas nos quais apresentam diversos fatores comuns físico-psíquicos e não apenas a idade cronológica. Portanto, o trabalho não tem a pretensão de discutir a faixa etária de seus moradores, mas um projeto aberto a qualquer pessoa que se identifique com o programa.
Ciente das deficiências do modelo asilar, a habitação proposta buscará promover o envelhecimento saudável de seus residentes através de um programa que estimule a saúde física e psicológica e o convívio em grupo. Para tal, o projeto integrar-se ao entorno, de forma a participar da vida da cidade. As atividades abertas à sociedade, o comércio e os espaços livres são formas de promover a interação: residentes - vizinhos e ampliar o convívio social e intergerações. Dentre os modelos de habitações para terceira idade, aquele que mais se aproxima da proposta é a "Moradia Independente".
Como o edifício destina-se a atender as necessidades de idosos, o “Design Universal” foi aplicado garantir a acessibilidade de indivíduos dos potenciais moradores, atendendo às restrições de mobilidade, por exemplo, aqueles que utilizam cadeiras de roda ou bengalas ou andadores para se locomover.
As unidades são padronizadas, porém podem ser facilmente adaptadas para cadeirantes, pois já possuem todas as dimensões mínimas necessárias: nas passagens, nos vãos de portas, nos sanitários.
O edifício possui ampla área de fachada avarandada e o pé direito generoso para possibilitar a iluminação natural dos ambientes internos (contemplando o hall e os corredores). As varandas contribuem ainda nos aspectos psicológicos. A fim de favorecer a ventilação natural foram criados shaft, nos quais cada qual atende a dois apartamentos, dando acesso a área de serviço e ao banheiro do apartamento. O fechamento utiliza venezianas de policarbonato, que além de garantir a ventilação constante, permite a passagem de um pouco de luz.
As circulações nos pavimentos tipo possuem grandes dimensões, equipada com bancos e jardineiras estes espaços cumprem a função de área de convivência e integração entre os moradores mais próximos.
O projeto possuirá serviços e facilidades para os usuários, visando àqueles que possuem limitações para realizar certas tarefas cotidianas ou simplesmente buscam conforto, como por exemplos viúvos que nunca cozinharam ou cuidaram da casa, mas também deverá será a estimulada a realização das tarefas domésticas pelos moradores, pois todos os apartamentos possuem área de serviço.
Associado ao edifício residencial será elaborado um centro cultural e de vivência, para estimular as atividades mentais, ampliar o convívio social e incorporar atividades físicas ao cotidiano dos moradores. Este centro será aberto à sociedade, para que esta participe de atividades previamente agendadas. Também está disponível para os residentes um salão multi-uso, visando um local para abrigar reuniões dos moradores dos dois blocos, eventos abertos a participação da comunidade, como por exemplo, festas juninas, exposições de produtos confeccionados no centro cultural, etc.
O térreo será um espaço semi-público, pois abrigará um parque para o entretenimento da população local e dos moradores, também abrigará uma área comercial, mas este comércio terá caráter local, já que o comercio intenso se localiza na Rua Vergueiro. Esta área verde promoverá a integração e garantirá a permeabilidade para os transeuntes entre os lotes como previamente desdobrado no plano de requalificação local. O comércio e a área livre são os principais locais de interação entre os moradores e visitantes
