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secao 4!

SEDE DO GOVERNO DO ESTADO NO ANHANGABAÚ

 

JOÃO PAULO MACHADO OSINSKI

HELENA APARECIDA AYOUB SILVA

O Vale

Analisando-se a situação do vale, pode-se estabelecer um paralelo entre os fatores que levaram, tanto o projeto de Jorge Wilheim ao fracasso no que diz respeito à escala local, quanto o plano de avenidas de Prestes Maia a abdicar dessa mesma escala. Ambos foram incapazes de estabelecer um diálogo entre a escala metropolitana e a local.

O projeto de Jorge Wilheim, mais que acabar com atropelamentos e outros problemas decorrentes do conflito entre pedestres e automóveis, tinha por objetivo a criação de um espaço de escala local no vale. No entanto, não se estabeleceu um diálogo entre esse espaço e o túnel criado. Na verdade, omitiu-se a escala metropolitana, até então fortemente presente, em benefício da local.

De certa forma, pode-se estabelecer também um paralelo entre o projeto de Jorge Wilheim e de Bouvard. Embora não fosse esse o objetivo, a laje volta a fazer de parte de vale um parque contemplativo, como era o de Bouvard.

Um outro aspecto que difere os dois projetos e seus respectivos entornos diz respeito aos limites da área de intervenção de cada um. Na verdade, a área à qual se referiu o nome de "Vale do Anhangabaú" nos últimos 130 anos mudou incontáveis vezes. Atualmente, o termo Vale do Anhangabaú se refere simplesmente à laje entre os dois viadutos. Não há qualquer relação entre esse trecho e a Praça da Bandeira ou a Avenida Prestes Maia. São situações opostas que se alternam de maneira brusca: viário x espaço público, escala metropolitana x local. Espaços distintos, de escalas distintas. O mesmo paradoxo do Plano de Avenidas.

A Sede

Assim como tinha acontecido com os outros edifícios que haviam abrigado a sede do governo, o Palácio dos Bandeirantes também acabou de tornando incompatível para o programa que abriga. Isso é decorrente de o edifício não ter sido projetado para esse fim.

Outro problema é a inflexibilidade de seu layout. Invariavelmente, todo inicio de gestão compreende uma mudança de layout

Além disso, o edifício abriga sob o mesmo teto programas com diferentes graus de restrição de acesso: o gabinete do governo e os espaços expositivos. Este é provavelmente o aspecto que mais evidencia a incongruência destes distintos programas com o edifício. A existência desse enorme acervo levanta outra questão: a localização do palácio dentro da metrópole. sua importância em escala local e metropolitana é reduzida por conta de sua localização.

Proposta

A escolha do local se deu pelo alto grau de degradação em que se encontra o trecho norte do Vale do Anhangabaú - embora esse não seja reconhecido atualmente como parte do mesmo -, condição bastante diferente do trecho entre os viadutos do Chá e Santa Efigênia. Nem mesmo a alta concentração de equipamentos culturais, vias de acesso, ruas de comércio especializado, transporte público ou mesmo o projeto de requalificação urbana Nova Luz, que pretende requalificar o bairro da luz e aumentar a densidade populacional, não foram capazes, até o momento, de superar a degradação pela qual a região está passando. Levando-se em consideração a capacidade de revitalização de um equipamento público da importância da sede do governo, a proposta pretende estabelecer uma ligação física entre os dois lados do vale sem omitir a Avenida Prestes Maia.

A proposta é de se construir um edifício que abrigue o auditório, saguão nobre e estacionamento e uma torre que abrigue todo o programa de acesso restrito e altamente restrito da atual sede do palácio dos bandeirantes - refeitórios, manutenção, secretarias, gabinetes e a residência do governador -, de forma que se libere o uma grande área no térreo para o público.

Analisando-se o projeto da nova luz, é possível de se identificar um eixo institucional na Rua General Couto de Magalhães e um residencial na Rua dos Andradas. Todos dois terminam na Praça Alfredo Issa, que hoje abriga o Poupatempo da Luz. Dessa forma, é imprescindível que se estabeleça uma ligação entre ela e a quadra em questão, que se dá a partir da quadra entre as ruas Cásper Líbero, Brigadeiro Tobias, Senador Queiroz e Beneficiência Portuguesa. Nessa quadra, há estacionamentos localizados em dois lotes que a atravessam, ligando a Rua Brigadeiro Tobias à Praça Alfredo Issa. Propõe-se a construção de dois edifícios, cujos térreos serão livres, estabelecendo a ligação física pretendida, conforme já descrito.

Voltando à quadra da Sede do Governo, propõe-se que ela também estabeleça uma ligação física com o outro lado da Avenida Prestes Maia. Para tanto, cria-se uma galeria, entre o viaduto Santa Efigênia e a Rua Senador Queiroz, ligando a Rua Brigadeiro Tobias à Rua Florêncio de Abreu, facilitando a passagem de uma encosta à outra do vale. Continuando o percurso, propõe-se um último edifício que ligue a Florêncio de Abreu à 25 de Março, na altura da rua Rua Comendador Afonso Kherlakian, que leva ao Mercado Municipal.

Tanto na ligação da quadra da Sede do Governo com a Praça Alfredo Issa, quanto na ligação com o lado leste da Avenida Prestes Maia, são criados espaços expositivos, cujo acervo será aquele que atualmente está exposto no Palácio dos Bandeirantes, no intuito de trazê-lo para perto da população, nos percursos aqui criados.

Considerações Finais

A proposta apresentada teve como principais objetivos levar o acervo do Palácio dos Bandeirantes para próximo da população, localizando-o nos percursos criados. Esses percursos, por sua vez, procuram facilitar a transposição da Avenida Prestes Maia, conservando as características metropolitanas e requalificando as locais, através da criação e articulação de espaços e edifícios públicos. Os edifícios aqui propostos têm por objetivo, além de servirem a seus programas, integrarem-se a seu entorno, fazendo também parte dos espaços públicos, de forma que se permeiem, sem que, no entanto, um inviabilize o uso ou funcionamento do outro.

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